A defesa do ex-ministro José Dirceu criticou os acordos de delação premiada
da Lava Jato e acusou os colaboradores de “entregarem os nomes desejados
pelas autoridades”. O advogado Roberto Podval afirmou ainda que o
ex-presidente Lula seria o próximo alvo da operação. As informações são de
Tabata Viapiana na CBN/Curitiba.
O fato do lobista e delator da Lava Jato, Fernando de Moura, ter mentindo
ao juiz Sergio Moro não interfere na estratégia da defesa do ex-ministro
José Dirceu, segundo o advogado dele, Roberto Podval. Moura afirmou, na
colaboração, que Dirceu teria dado uma dica para que ele fugisse do país.
Mas, no depoimento da semana passada na Justiça Federal do Paraná, o
lobista mudou a versão e desmentiu a conversa com o ex-ministro.
Em um novo interrogatório ao Ministério Público na última quinta-feira,
Moura admitiu ter mentido e disse que tomou a decisão por medo, porque
teria sido ameaçado. Para Roberto Podval, o episódio tira a credibilidade
de tudo que foi dito até agora por Fernando de Moura e mostra a fragilidade
das colaborações da Lava Jato.
“As delações são tidas como absolutamente verdadeiras. Advogados vem
alertando que algumas coisas não acontecem assim, que as pessoas estão
mentindo e negociando delações porque é um bom negocio fazer delação. As
pessoas ganharam fortunas de dinheiro, entregam parte para as pessoas que
eles querem. Então se devolve uma parte de suas propriedades, uma parte do
dinheiro e então continuam andando de Iate e dando risada. Com isso se
prova que era mentira.”
O advogado disse que Moura não foi ameaçado. Para Podval, basta entregar um
nome desejado pelas autoridades e devolver uma parte do dinheiro que o
investigado consegue assinar uma colaboração e fica livre de punições
severas. E afirmou que as pessoas estariam se aproveitando das delações.
Podval disse ainda que Dirceu não fecha colaboração porque tem caráter e
que ele já foi o nome da vez dos investigadores, que agora, teriam mudado
de alvo e estariam atrás do ex-presidente Lula.
“Eu não tenho dúvida que o próximo nome, assim como foi o Zé Dirceu, vai
ser o Lula. Eles querem o nome do Lula. É esta impressão que eu tenho.
Tenho um pouco de receio de se utilizar a justiça com vies político. Não
estou acusando ninguém, mas que se criou um clamor anti-PT e anti-Lula, se
justo ou injusto, se criou. Tenho muito medo que isso seja levado ao
judiciário.”
As declarações do defensor de Dirceu foram dadas antes dele prestar
depoimento pela primeira vez ao juiz Sérgio Moro. Também na tarde de ontem
foi interrogado, por cerca de duas horas, um ex-sócio da Engevix: Gerson de
Melo Almada.
Ele responde ao processo em liberdade, monitorado por tornozeleira
eletrônica, e ao deixar o prédio da Justiça, acompanhado de um advogado,
foi cercado por aproximadamente vinte manifestantes, que protestavam desde
o início da tarde.
O grupo gritava “vergonha” na direção de Almada e alguns chegaram a bater e
chutar o carro que aguardava o executivo. Houve troca de ofensas com o
motorista do veículo e Almada teve dificuldades para entrar no carro e
conseguir ir embora. Ele não deu nenhuma declaração para a imprensa.
(foto: instituto Lula)
*link da matéria*
http://cbncuritiba.com/2016/01/30/lula-e-o-proximo-alvo-diz-defesa-de-jose-dirceu/
