Um dia após acertar sua transferência para a segunda turma do STF, que julgará a maior parte dos processos relativos à Lava Jato, o ministro Dias Toffoli foi recebido pela presidente Dilma Rousseff. Após o encontro de uma hora e meia, o ministro negou que tivesse discutido inquéritos que vão investigar o esquema de desvio de recursos da Petrobras. As informações são da Folha de S. Paulo.
Ele disse que a reunião tratou do projeto que pretende unificar o cadastro do cidadão brasileiro em um único documento com registros feitos pela Justiça Eleitoral, da qual Toffoli é presidente. Esta foi a primeira vez que a presidente recebeu o ministro em audiência exclusiva. Só encontraram-se antes em eventos oficiais. Pelo menos desde dezembro, Toffoli tenta, formalmente, agendar uma conversa com Dilma, que acabou acontecendo ontem.
“Foi apenas uma questão de circunstância e coincidência”, disse Toffoli. Em visita ao Acre, a presidente disse que a audiência já estava pedida “há muito mais tempo”. “E por que hoje? Porque eu podia e porque ele podia”, acrescentou.
Ex-advogado eleitoral do PT, assessor da Casa Civil no governo Lula e ex-advogado-geral da União, Toffoli pediu transferência da primeira para a segunda turma do STF após os ministros Gilmar Mendes, Celso de Mello e o próprio relator da Lava Jato, Teori Zavascki, fazerem apelo para que algum magistrado trocasse de turma e completasse o colegiado, evitando empates nos julgamentos.
A mudança impede, na prática, que o futuro ministro a ser indicado por Dilma para a vaga de Joaquim Barbosa, aberta desde julho, faça parte do colegiado. Apesar do histórico de Toffoli no PT, ele têm tomado decisões que por vezes desagradam o governo. No ano passado, colocou Mendes, que foi um dos indicados ao STF por Fernando Henrique Cardoso, para ser o relator das contas da campanha petista.