Raspando o cofre – Viagens de primeira classe, vinhos caros, carnes nobres e estadias em hotéis cinco estrelas levaram à falência o Parlasul, cabide de empregos bolivariano com sede em Montevidéu, no Uruguai. Nada pode ser mais irônico do que pessoas que fazem profissão de fé no “Socialismo do Século XXI”, que recitam de trás para frente a “Carta de Puebla”, aquela da opção preferencial pelos pobres, tenham uma prática tão perdulária que levou o Parlasul a ficar US$ 5,1 milhões no “vermelho”.
Os 122 deputados do Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Venezuela que compõem o Parlamento do Mercosul decidiram suspender as atividades da instituição por falta de dinheiro para custear as despesas administrativas. Em funcionamento desde 2007, o Parlasul cuida dos interesses comuns dos países da região, mas não tem orçamento para pagar os salários dos funcionários, a mínima estrutura de comunicação e a assessoria que funciona no Uruguai, informa a revista Época.
Um dos mais notórios entusiastas das mordomias do Parlasul é o senador Roberto Requião (PMDB-PR), que ocupa uma das (muitas) vice-presidências da entidade. Requião, que é um citador compulsivo da Carta de Puebla, costuma louvar ainda mais as cartas de vinhos em seus comentários no Twitter, durante as muitas viagens que faz pelo mundo às custas do Parlasul e do Senado Federal.
O esquerdismo de Requião, aliás, é bem peculiar. Seu proclamado ódio ao capitalismo nunca o fez desdenhar o capital. Recebe mensalmente R$ R$ 29.462 mil de aposentadoria de ex-governador (pensão que ele mesmo taxava de “imoral”), quantia que acumula com o salário de senador, de R$ 33 mil. Esse acúmulo o leva a embolsar mensalmente R$ 62,4 mil, só de salários e pensão, sem considerar a verbas de gabinete que podem dobrar ou triplicar essa quantia.
Requião é disparado o principal viajante do Senado, status facilmente constatado no Portal da Transparência do Senado Federal. O portal revela, segundo matéria do jornal “Gazeta do Povo”, que o senador paranaense, hoje candidato ao governo do Paraná, “foi o parlamentar que mais teve despesas com viagens [pagas pelo erário]” no ano. Foram R$ 52 mil somente em diárias, sem contar os custos das passagens, que certamente foram na primeira classe ou executiva. Curiosamente, embora as viagens de Requião fossem justificadas como feitas no interesse do Mercosul e do Parlasul, a maior parte delas foi para roteiros glamourosos em países da Europa (Rússia, Polônia, Itália, Grécia).
A falência do Parlasul deixa órfão de função o chefe da autoridade brasileira do Mercosul, o ex-deputado federal Dr. Rosinha (PT-PR), e sem seu salário nababesco pago em dólares. Rosinha ficou tão deslumbrado com os desfrutes do Parlasul que abriu mão de se candidatar à reeleição para deputado federal em 2014. A opção de virar burocrata do Parlasul parecia muito promissora: salário de US$ 18 mil e cota ilimitada de passagens e estadias. Com a falência do Parlasul, o deputado poderá ser obrigado a voltar a clinicar.
fonte: Ucho Haddad