O juiz federal Sergio Moro autorizou a Polícia Federal a abrir um inquérito
específico para tratar da suposta relação do sítio de Atibaia (SP)
frequentado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com a empreiteira
OAS e outras empresas e pessoas investigadas na Operação Lava Jato. As
informações são de Rubens Valente na Folha de S. Paulo.
O sítio já é investigado em inquérito sobre a empreiteira e a PF quer abrir
investigação própria sobre a suposta ligação de empresas com a propriedade
rural. A informação consta de ofício enviado pela PF a Moro, responsável
pela condução da Lava Jato na 13ª Vara Federal de Curitiba (PR).
Em despacho de quinta-feira (4), Moro afirmou que não tem “óbice [objeção]
à efetivação do desmembramento requerido pela PF”, desde que o Ministério
Público Federal seja consultado e não se oponha.
O juiz explicou, no despacho, que o desdobramento das investigações “está
sujeito a critérios discricionários da autoridade policial [PF], sob o
controle do MPF”, ou seja, a PF pode abrir eventual inquérito sem uma
autorização prévia do magistrado.
Segundo a PF informou ao juiz, o novo inquérito “demanda necessário sigilo,
já que o fato ainda está em investigação”. A PF pediu que os documentos da
OAS relativos ao assunto sejam enviados para o futuro inquérito, que
tramitará em dependência a outro inquérito já aberto.
A Folha havia divulgado, em novembro, que a PF investigava a propriedade
rural que está registrada em nome de dois sócios de um dos filhos do
ex-presidente.
No último dia 29, a Folha revelou que a Odebrecht havia arcado com uma
reforma no local, segundo uma fornecedora de materiais de construção.
A propriedade está registrada em nome de Fernando Bittar e Jonas Suassuna,
sócios de Fábio Luis Lula da Silva na firma Gamecorp, contratada da empresa
de telefonia Oi.
O pedido da PF para um novo inquérito foi feito no decorrer de um inquérito
aberto pela Lava Jato em 2 de julho de 2014 para investigar supostos crimes
de peculato e lavagem de dinheiro prestados por dirigentes da OAS.
A investigação não corre em segredo de Justiça. Por isso, o juiz Moro
chamou a atenção da PF ao observar no despacho que “não é aconselhável a
anexação de documentos com sigilo elevado em procedimento que tramita sem
segredo de Justiça”, fazendo referência à petição em que a PF indica que
vai abrir um novo inquérito sobre Atibaia. “Pedidos da espécie devem ser
preferencialmente veiculados de forma apartada”, escreveu o magistrado.
(foto: montagem/internet)
*link matéria*
http://www1.folha.uol.com.br/poder/2016/02/1738210-juiz-autoriza-pf-a-abrir-inquerito-sobre-sitio-frequentado-por-lula.shtml