MP do Paraná quer que Richa seja punido por ter cumprido ordem judicial; os valentes entendem que invadir e depredar são direitos fundamentais

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fonte:Reinaldo Azevedo*///
O Ministério Público do Paraná propôs nesta segunda uma ação civil pública
contra o governador do Estado, Beto Richa (PSDB), e mais cinco pessoas —
entre elas, o então secretário de Segurança, Fernando Francischini, e o
então comandante-geral da PM, Cesar Vinicius Kogut — em razão da ação
policial desencadeada no dia 29 de abril para impedir que uma turba,
composta, consta, de professores, invadisse a Assembleia Legislativa do
Estado onde se votava uma reforma no sistema de aposentadoria.

Trata-se de política, não de Justiça. Os senhores promotores deveriam
dizer, na sua ação, o que o governador deveria ter feito. Deveria, por
exemplo, ter permitido que pessoas armadas de paus, pedras e estilingues
tomassem, de novo, como já haviam feito, a sede do Poder Legislativo, como
uma horda de milicianos?

A acusação é ridícula: improbidade administrativa. É mesmo? Improbidade por
quê? Assim teria sido se o governador tivesse sonegado os recursos do
Estado, permitindo que vândalos, sob o pretexto de fazer reivindicações,
tomassem de assalto a Assembleia. Até porque havia uma determinação
judicial para que o espaço tivesse resguardada a sua segurança.

O MP do Paraná sustenta que se trata de improbidade porque o governador e
os demais acusados teriam contrariado o direito à livre manifestação e
reunião, um princípio da administração pública. Só pode ser piada. O
governo proibiu os manifestantes de invadir a Assembleia, não de se reunir.
“Foi uma grave violação a conquistas históricas da sociedade civil”,
afirma, por exemplo, o procurador Eliezer Gomes da Silva. É demagogia.
Invadir e depredar é uma conquista histórica dos vândalos, não da sociedade
civil.

O ânimo beligerante do MP é tal que acusa o Palácio do governo de ter
servido de posto de observação e de cárcere privado de manifestantes. Aí a
coisa ultrapassa o ridículo. Para que não se pudesse ver do Palácio Iguaçu
o que acontecia no Centro Cívico, seria preciso mudar o prédio de lugar. A
argumentação é vergonhosa.

O governo do Estado afirmou não ter tido acesso aos dados da investigação,
que, de fato, não foram fornecidos. Mas convenham: tudo isso já era
esperado, não é mesmo?

A imprensa — a nacional também, mas, em particular, a paranaense —
desempenhou e desempenha um papel tristíssimo nesse episódio, com raras
exceções. Todas as fotos que retratam o episódio flagraram os trogloditas
invasores só na posição de vítimas, nunca de agressores.

Será mesmo verdade que o Paraná é como a Venezuela, cujo governo é
defendido pelos sindicalistas do PT que armaram a confusão? Será mesmo que
Beto Richa é como Nicolás Maduro? Basta que alguém decida protestar, e ele
manda a Polícia descer o porrete?

Olhem aqui: eu até posso condescender que a ação da Polícia Militar não
tenha sido a mais organizada ou eficiente, mas daí a acusar o governador e
os outros cinco de improbidade administrativa, bem, vai uma grande
diferença. Improbidade, prevaricação e desrespeito a uma ordem judicial
teria havido se Richa tivesse permitido a invasão da Assembleia. Se o
Ministério Público não sabe a diferença entre ordem e desordem e entre
direito e abuso, é compreensível que acuse alguém de improbidade só por não
ter prevaricado.

Mais um pouco do que o MP do Paraná considera exercício da democracia.

Por que boa parte da imprensa paranaense omitiu essas informações da
população do Estado? Perguntem aos omissos. Não tenho a menor ideia. Se não
for por ideologia, é por coisa ainda pior.

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