MPF denuncia Ronan Maria Pinto e outras 8 pessoas por lavagem de dinheiro

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Empresário está entre os beneficiários de empréstimo fraudulento feito
junto ao Banco Schahin em favor do Partido dos Trabalhadores (PT)
Os procuradores que integram a força-tarefa Lava Jato no Ministério
Público Federal (MPF) em Curitiba apresentam, nesta sexta-feira (6),
denúncia contra o empresário Ronan Maria Pinto e outras oito pessoas
envolvidas no crime de lavagem de dinheiro envolvendo cerca de R$ 6
milhões, provenientes de um empréstimo fraudulento do Banco Schahin.
O valor representa a metade do um total de R$ 12 milhões que foram
repassados pela instituição financeira a José Carlos Bumlai, que figurou
como pessoa interposta do Partido dos Trabalhadores (PT), em outubro de
2004 – este empréstimo já foi alvo de acusação feita pelo MPF em
dezembro do ano passado. A denúncia apresentada agora é, justamente, um
desdobramento dos fatos apurados anteriormente.
LAVA JATO
Denunciados em 06/05/2016

DENÚNCIA I
JORGE AFONSO ARGELLO
JORGE AFONSO ARGELLO JUNIOR
PAULO CÉSAR ROXO RAMOS
VALÉRIO NEVES CAMPOS
JOSÉ ALDEMÁRIO PINHEIRO FILHO
ROBERTO ZARDI FERREIRA
DILSON DE CERQUEIRA PAIVA FILHO
RICARDO RIBEIRO PESSOA
WALMIR PINHEIRO SANTANA
MARCELO BAHIA ODEBRECHT
CLAUDIO MELO FILHO
DENÚNCIA II
RONAN MARIA PINTO
SANDRO TORDIN
MARCOS VALERIO FERNANDES DE SOUZA
ENIVALDO QUADRADO
LUIZ CARLOS CASANTE
BRENO ALTMAN
NATALINO BERTIN
OSWALDO RODRIGUES VIEIRA FILHO
DELUBIO SOARES DE CASTRO
A partir das investigações, foi constatado que os R$ 6 milhões tiveram
como destinatário final o empresário do município de Santo André (SP).
Para receber os recursos, foi estruturado um esquema criminoso que,
entre os meses de outubro e novembro de 2004, além do próprio Ronan,
contou com a participação de pessoas ligadas ao PT e terceiros
envolvidos na operacionalização da lavagem do dinheiro.
Segundo evidências levantadas durante as investigações e informações
prestadas em depoimentos, toda a operação tinha como objetivo ocultar o
pagamento de vantagem indevida em benefício de Ronan que estaria
extorquindo representantes do PT por razões ainda não confirmadas.
O valor total do empréstimo junto ao Banco Schahin, de R$ 12 milhões,
foi transferido de Bumlai para a conta bancária do Frigorífico Bertin.
Na sequência, o responsável no frigorífico repassou a quantia de R$ 6
milhões para a Remar Agenciamento e Assessoria Ltda, de Oswaldo
Rodrigues Vieira Filho, empresário do Rio de Janeiro que já havia sido
indicado por outros membros do esquema.
Com os valores na conta da Remar, Vieira Filho promoveu transferências
diretas e indiretas, seja em depósitos para a Expresso Nova Santo André,
empresa de ônibus controlada por Ronan, ou para outras pessoas físicas e
jurídicas que foram indicadas pelo empresário para receber os valores
escusos.
Para a Expresso Nova Santo André, foram repassados R$ 2.943.407,91. Ao
receber este recurso, a empresa realizou transferências que totalizaram
R$ 1.200.00,00 para a conta de um dos acionistas do Diário do Grande ABC
como pagamento pela compra das ações do jornal. O acionista do periódico
também recebeu uma transferência direta da Remar de R$ 210 mil como
parte do pagamento pela venda do jornal. De acordo com depoimentos,
Ronan decidiu adquirir o veículo de comunicação para impedi-lo de
continuar publicando notícias em que seu nome era vinculado ao
assassinato de Celso Daniel, ex-prefeito de Santo André.
Também foram identificados dois repasses da Remar, feitos a pedido de
Ronan, para a Mercedez Benz, totalizando R$ 1.387.500,00, e outros três
repasses que somaram R$ 1.132.661,30 para a Induscar Indústria e
Comércio de Carrocerias. Conforme apontaram as investigações, as duas
empresas eram fornecedoras de veículos e equipamentos para outra empresa
de Ronan, a Interbus Transporte Urbano e Interurbano Ltda.
Nesta denúncia, os procuradores pedem que seja fixado o valor mínimo de
reparação dos danos causados pelo crime no montante de R$ 6 milhões.

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Força-tarefa Lava Jato denuncia Gim Argello e mais 10 pessoas
Ex-senador solicitou e recebeu pagamentos indevidos para interferir nos
trabalhos de CPIs no ano de 2014

A Força-Tarefa Lava Jato do Ministério Público Federal (MPF) em
Curitiba apresentou à Justiça nesta sexta-feira, dia 6 de maio, denúncia
contra o ex-senador da República, Gim Argello (Jorge Afonso Argello) e
outras 10 pessoas pelos crimes de lavagem de dinheiro, corrupção ativa e
passiva, organização criminosa e obstrução à investigação.
Ficou comprovado que o ex-senador e pessoas próximas, em conluio com
dirigentes de empreiteiras envolvidas no megaesquema criminoso instalado
na Petrobras acertaram e promoveram o pagamento de vantagens indevidas
entre os meses de abril e dezembro de 2014 com o objetivo de obstruir os
trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instaurada no
Senado e da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) no Senado e
na Câmara dos Deputados.
As CPIs foram abertas para apurar fatos ilícitos cometidos contra a
estatal petrolífera e, conforme se constatou, houve o acerto de
pagamento de propina para evitar a convocação de empreiteiros para
prestarem depoimento. A ideia era cobrar o montante de R$ 5 milhões de
cada uma das empreiteiras envolvidas. Argello era membro da CPI do
Senado e vice-presidente da CPMI.
As investigações apontaram o acerto de vantagem indevida realizado por,
pelo menos, quatro empreiteiras: UTC Engenharia, OAS, Toyo Setal e
Odebrecht. O político também solicitou vantagem indevida às empresas
Andrade Gutierrez, Engevix e Camargo Côrrea, que não aceitaram o pedido.
De acordo com o MPF, a UTC Engenharia efetuou o pagamento de R$ 5
milhões em propina por meio de doações oficiais a partidos políticos
que compunham a coligação “União e Força´´, da qual a legenda de Gim
Argello (Partido Trabalhista Brasileiro –PTB) também fazia parte, nas
eleições de 2014. Deste total, o Democratas (DEM) recebeu R$ 1,7 milhão;
o Partido da República (PR) R$ 1 milhão; o Partido da Mobilização
Nacional (PMN) R$ 1,15 milhão e o Partido Renovador Trabalhista
Brasileiro (PRTB), R$ 1,15 milhão.
Já a para dissimular a origem e a natureza criminosa dos recursos
escusos a empreiteira OAS depositou R$ 350 mil na conta bancária da
Paróquia São Pedro, localizada no município de Taguatinga-DF, e que
era frequentada pelo ex-senador. O pagamento à paróquia é associado a
uma pessoa identificada como “Alcoólico”, que seria o apelido de Gim
Argello
( http://g1.globo.com/politica/politico/gim-argello.html) , por ser
trocadilho com a bebida “Gim”. O apelido foi identificado em troca de
mensagens de celulares que foram apreendidos em fases anteriores da Lava
Jato.
A empresa Toyo Setal realizou o pagamento de R$ 2 milhões por meio de
doação oficial ao PR com a finalidade de dar aparência lícita à vantagem
indevida e, Júlio Camargo, representante da empresa, por duas vezes, fez
pessoalmente repasses em espécie, totalizando R$ 200 mil e 200 mil euros
que foram entregues ao ex-senador. Também há indícios concretos que a
empreiteira Odebrecht pagou R$ 200 mil para evitar a convocação de seus
executivos como doação oficial ao PR.
Na denúncia apresentada nesta sexta-feira, os procuradores também pedem
o confisco deR$ 7.550.000,00 (sete milhões e quinhentos e cinquenta mil
reais) e EUR 200.000,00 (duzentos mil euros) e, cumulativamente, o valor
de R$ 70.000.000,00 (setenta milhões de reais), correspondente ao dobro
dos valores totais de propina solicitada e exigida.

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