O Ministério Público Federal propôs ontem nova denúncia contra o
ex-deputado André Vargas (ex-PT), dentro das investigações da Operação Lava
Jato. Ele já é réu em outro processo que tramita na Justiça Federal do
Paraná, em Curitiba, e agora foi denunciado por lavagem de dinheiro por
meio da ocultação de bens. Sua mulher, Edilaira Soares e seu irmão, Leon
Vargas, também são citados no procedimento. As informações são da Folha de
Londrina
No documento encaminhado à 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba, os
procuradores reforçam que, “com o objetivo de lavar parte do dinheiro
gerado pelos seus crimes e não despertar a atenção das autoridades, o
denunciado André Vargas adquiriu um imóvel de luxo em Londrina pelo seu
valor de mercado (valor real), contudo registrou no contrato, na escritura
pública e na declaração de imposto de renda um valor (nominal) bastante
inferior ao preço real de aquisição, pagando a diferença informalmente
(‘por fora’, por ‘debaixo do pano da mesa’). Para isto, contou com a ajuda
do irmão, Leon (que negociou o valor com a imobiliária), e sua companheira
Edilaira (que emprestou seu nome para a aquisição do bem)”.
Em maio de 2011, conforme a denúncia, Edilaira assinou compromisso de
compra do imóvel no valor de R$ 500 mil (uma entrada de R$ 20 mil seguida
de uma parcela de pouco mais de R$ 303,5 mil e um financiamento dos R$
176,5 mil restantes). No entanto, o vendedor do bem afirmou que o imóvel
foi vendido, na realidade, por R$ 980 mil. Ou seja, ocultaram o valor de R$
480 mil. O imóvel fica localizado na Rua das Bromélias, quadra 6, Lote 11,
no bairro Alphaville Jacarandá.
De acordo com o MPF, “há fortes indícios de que o dinheiro utilizado no
pagamento da mencionada diferença foi proveniente dos crimes praticados em
face da Caixa Econômica Federal (CEF) e do Ministério da Saúde (MS)”. Ou
seja, a “manobra” adotada pelo trio foi realizada para lavar parte do
dinheiro gerado pelos crimes já denunciados à Justiça e que são
relacionados ao esquema que envolvia contratos de publicidade entre a
Borghi Lowe e dois órgãos públicos.
A Borghi Lowe selecionava produtoras que eram então subcontratadas pelos
órgãos e, como intermediária, recebia cerca de 10% dos valores pagos às
subcontratadas, prática conhecida no mercado como “bônus de volume”. De
acordo com a orientação do publicitário Ricardo Hoffmann, ex-diretor da
Borgui Lowe, os bônus eram depositados nas contas das empresas Limiar
Consultoria e Assessoria e LSI Soluções em Serviços Empresariais, empresas
de fachada controladas por Vargas e seus irmãos, Leon e Milton Vargas.
Os procuradores ainda pedem na denúncia a condenação dos três envolvidos e
também um valor mínimo para reparação dos danos causados de R$ 480 mil.
A advogada de André Vargas, Nicole Trauczynski, informou que ainda não teve
acesso ao conteúdo completo da denúncia e que por isso não poderia se
manifestar mais profundamente sobre a questão. Entretanto, fez questão de
frisar que a acusação contra o seu cliente “vai se mostrar improcedente no
decorrer do processo”. Já o advogado de Leon Vargas, Alexandre Loper,
ressaltou que ainda está tomando ciência dos fatos e que não iria se
manifestar no momento.