Um grupo de integrantes do Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra
(MST) invadiu um viveiro e destruiu cerca de 1,2 milhão de mudas de pinos
que estavam sendo preparadas para o plantio em uma área de reflorestamento
da Araupel, em Quedas do Iguaçu, no sudoeste do Paraná. De acordo com
empresa, o ataque ocorreu na madrugada desta quarta-feira (8) e causou um
prejuízo de R$ 5 milhões. A Polícia Militar recebeu reforço e acompanha a
movimentação. As informações são de Fabiula Wurmeister do G1-PR
Desde julho de 2014, quando a fazenda de reflorestamento foi invadida por
centenas de famílias, o clima é tenso na região e a titularidade da área
vem sendo disputada na Justiça. “Em março, a empresa teve duas vitórias no
Tribunal Regional Federal da 4ª Região, o que alterou os ânimos do MST”,
avalia a empresa. “Há mais de um ano a Araupel tem a seu favor um mandado
de reintegração de posse e aguarda o cumprimento por parte do governo do
estado.” Neste período, a Araupel calcula perdas de mais de R$ 35 milhões
com as invasões.
Em nota, a assessoria de imprensa do MST informou que a ação foi realizada
por cerca de cinco mil mulheres e faz parte da Jornada Nacional de Luta das
Mulheres Camponesas, que este ano tem como lema “Mulheres na luta em defesa
da natureza e alimentação saudável, contra o agronegócio”.
“As mulheres camponesas exigem a desapropriação da fazenda de cerca de 35
mil hectares para fins de Reforma Agrária. Elas também cobram que as cerca
de 10 mil famílias acampadas noParaná sejam assentadas”, explica a
assessoria.
A ação desta terça é uma continuidade de outra invasão, realizada no
domingo (6), em Rio Bonito do Iguaçu, cidade vizinha a Quedas do Iguaçu. “A
ocupação realizada pelo Movimento foi para evitar confronto com uma outra
organização chamada Ligas Camponesas que estava ameaçando ocupar a área com
interesse de retirar as madeiras do local”, justifica o MST.
*Protestos*
Em novembro de 2015, trabalhadores da Araupel protestaram em frente ao
Palácio Iguaçu, sede do governo do Paraná, em Curitiba. O grupo de cerca de
1,2 mil pessoas pedia providências e a retirada dos integrantes do MST
acampados na fazenda. Os manifestantes levaram até a capital vários
tratores, caminhões e maquinários que desde estão estavam na área ocupada.
No final de outubro, os funcionários bloquearam o acesso à indústria e à
cidade de Quedas do Iguaçu por dois dias. O protesto pela solução das
invasões ganhou o apoio do comércio, que fechou as portas por um dia. A
população em geral teme uma onda de demissões caso a Araupel tenha de
reduzir os trabalhos ou mesmo fechar as portas por não conseguir ter acesso
às áreas de reflorestamento.
No dia 13 de outubro, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
(Incra) e a União propuseram uma ação na Justiça Federal no Paraná contra a
Araupel para que fosse anulada a titularidade das terras da região do Rio
das Cobras e incorporados 10 mil hectares para o assentamento dos
sem-terra. A Justiça reconheceu a irregularidade e determinou que, se
desejasse permanecer no local, a empresa teria de repassar uma área
equivalente à União.
*Apoio*
A Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Paraná
(Faciap) antecipou nesta terça que pretende divulgar uma nota de repúdio
exigindo que o governo determine o cumprimento da ordem judicial para que
as famílias de sem-terra deixem a área.
“Os empresários de Quedas do Iguaçu e da Faciap têm discutido muito o tema
porque esse impasse e as invasões são uma afronta à ordem, além de causar
prejuízos à economia de toda a região, com a queda nas vendas e da produção
e a desvalorização dos imóveis. Existem decisões judiciais que precisam ser
respeitadas. Caso nenhuma atitude seja tomada, pode haver outras invasões
no estado e no Brasil”, observa o presidente, Guido Bresolin Junior.
(foto: Araupel/divulgação)