No Paraná, PT está abatido e vive o ‘adeus às ilusões

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O PT do Paraná está abatido, ou seja, vai ser difícil se erguer a curto
prazo. Nas eleições municipais do ano que vem é esperada a redução drástica
do número de vereadores e prefeitos. Dos atuais 42 prefeitos e 344
vereadores espera-se eleger, no melhor cenário, apenas a metade disso.
Figuras de proa do partido, como a senadora Gleisi Hofffmann e o marido
Paulo Bernardo são investigados na Lava Jato e, em desgraça no Planalto,
não conseguem nomear seus indicados nos cargos da máquina federal. O
ex-deputado André Vargas teve que sair do partido e agora está preso em
Curitiba. O ex-deputado Ângelo Vanhoni pediu para ser expulso do partido.

Agora a pá de cal está no envolvimento do advogado do diretório estadual do
PT no Paraná, Guilherme Gonçalves, acusado de receber R$ 7,2 milhões em
propinas de contratos do Ministério do Planejamento. Gonçalves atuou nas
campanhas de Gleisi em 2008, 2010 e 2014. Ele doou R$ 91 mil para as
campanhas petistas, dos quais R$ 64 mil para Gleisi. A petista por sua vez
pagou R$ 100 mil para Gonçalves atuar no jurídico de sua campanha em 2014.
“É o adeus ás ilusões”, disse um petista que já coordenou campanhas do
partido e hoje assessora um pré-candidato a prefeito de outra legenda.

Escritório de advocacia que trabalhou para o PT de Gleisi no PR é
investigado por repasses

Advogado atuou nas campanhas da senadora e ex-ministra///Cleide Carvalho, Tiago Dantas e Germano Oliveira, O Globo*//
Um escritório de advocacia de Curitiba, que trabalha para o PT no Paraná e
prestou serviços à campanha da senadora Gleisi Hoffmann, ex-ministra da
Casa Civil de Dilma Rousseff, passou a ser investigado pela Operação
Lava-Jato. O advogado Guilherme Gonçalves, que atuou para o PT nas
campanhas de 2010 e de 2014, recebeu R$ 7,231 milhões de empresas do Grupo
Consist por meio de seus escritórios. A Consist informou à Polícia Federal
ter feito pagamentos a empresas indicadas pelo ex-vereador do PT Alexandre
Romano, preso temporariamente nesta quinta-feira.

Os escritórios Gonçalves, Razuk, Lemos & Gabardo Advogados (R$ 957 mil) e
sua antiga formação, a Guilherme Gonçalves & Sacha Reck Advogados
Associados (R$ 6,2 milhões), receberam repasses entre 2010 e 2013 da
Consist, que fechou contrato para administrar crédito consignado a
funcionários públicos federais obtendo facilidades no Ministério do
Planejamento. Segundo a PF, não foi possível comprovar que houve efetiva
prestação de serviço pelos “honorários advocatícios” recebidos, pois não
foram localizadas causas em que o escritório tenha atuado pela empresa.

O advogado Guilherme Gonçalves informou que prestou serviços de advocacia,
consultoria e assessoria jurídica para a Consist e que apresentou os
documentos que comprovam isso à Polícia Federal. Por meio de nota, o
advogado informou que o escritório GRC Advogados, liderado por Sacha Reck,
e do qual ele não faz mais parte, “não tem qualquer ligação com a Consist,
visto que a prestação de serviços sempre foi feita diretamente por ele e
sua equipe.”

Gonçalves prestou assessoria jurídica às campanhas de Gleisi Hoffmann para
a prefeitura de Curitiba (em 2008), para o Senado Federal (em 2010), para o
governo do Paraná (em 2014). Seu escrtitório atual, Gonçalves, Razuk, Lemos
& Gabardo Advogados representou recentemente o diretório nacional do PT. Em
8 de junho, a banca entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF)
contra lei aprovada pela Assembleia Legislativa do Paraná que altera
dispositivos do fundo de previdência do Estado do Paraná
(Paranaprevidência). A aprovação dessa lei foi marcada por confronto entre
policiais e professores que terminou com mais de 200 pessoas feridas.

Gonçalves é especialista em direito eleitoral. Ele fundou e é atual
presidente do Instituto Paranaense de Direito Eleitoral. Além de
representar Gleise, ele também prestou assessoria jurídica da campanha do
deputado federal Ratinho Jr. (PSC-PR).

Nesta quinta-feira, a Polícia Federal cumpriu mandado de busca e apreensão
para apreender contratos, notas fiscais, correspondências eletrônicas e
físicas relacionadas aos recebimentos.

Gleisi Hoffmann presidiu o Diretório Regional do PT no Paraná. A senadora é
investigada na Lava-Jato por ter recebido, segundo o doleiro Alberto
Youssef, R$ 1 milhão do esquema de corrupção da Petrobras, em 2010, para
sua campanha ao Senado. Yousseff, em depoimento, disse que entregou o
dinheiro pessoalmente a um emissário da senadora em um shopping de
Curitiba. O marido de Gleisi, o ex-ministro Paulo Bernardo, também é
investigado pelo Ministério Público Federal. Ele foi ministro do
Planejamento no governo Lula (março de 2005 a janeiro de 2011) e ministro
das Comunicações de Dilma Rousseff (janeiro de 2011 a janeiro de 2015)

Ao ter seu nome incluído entre os investigados da Lava-Jato, a senadora
havia afirmado que nunca teve contato com o doleiro ou com Paulo Roberto
Costa, ex-diretor da Petrobras. De acordo com o MPF, se comprovada a
acusação do doleiro, Gleisi poderá responder por corrupção passiva
qualificada, cuja pena é de 2 a 12 anos de reclusão em multa.

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