Ministério Público investiga gastos de R$ 5 milhões com 88 cavalos do senador Requião
O Ministério Público do Paraná publicou na edição desta segunda-feira (21) do Diário Oficial do Estado o comunicado de abertura de inquérito para apurar o uso de dinheiro público no trato de 88 cavalos do senador Roberto Requião (PMDB) durante o período em que ele governou o Paraná, entre 2003 e 2010. O processo foi instaurado no dia 15 de julho, de acordo com a publicação. A responsável pela acusação é a promotora de Justiça Claudia Cristina Rodrigues Martins Madalozo.
Segundo a denúncia que veio a público em junho deste ano, a partir de um pedido de informação protocolado em abril pelo-ex-deputado José Domingos Scarpellini (PSB), de 88 cavalos do ex-governador teriam ficado alojados nas baias da Polícia Militar ao longo dos oito anos de governo. Na sua declaração de bens, entregue na Justiça Eleitoral, não consta qualquer animal na lista de bens do senador.
A Polícia Militar do Paraná também investiga a utilização de policiais militares, estrutura e recursos do regimento de polícia montada para tratar os cavalos de Requião. Os custos podem ultrapassar a R$ 5 milhões. Os cavalos viviam uma rotina semelhante à dos animais pertencentes à Polícia Militar. Os animais eram abrigados no regimento; no Parque da Ciência, em Pinhais (ao lado da Granja do Canguiri, imóvel do governo utilizado como residência oficial por Requião); no Haras Palmital, também em Pinhais; e no Haras Barigui, em Almirante Tamandaré.
Da manada de Requião, se destacam os potros Proletário, JG, 110, Sapateiro e as éguas Bolivariana e Benedita.
“Informo que nesta data o equino Kielse, pertencente ao governador e que estava em tratamento médico no centro veterinário teve alta, e foi transportado novamente ao Haras Barigui em Almirante Tamandaré”, informa uma circular da PM de 25 de janeiro de 2010.
Além do cavalo Kielse, Requião batizou Sapateiro e Benedita em homenagem a assessores próximos.“Informo que nesta data deu entrada do Canguiri nesta OPM dois pôneis prenhas do governador, que foram estabulados nas baias 311 alexander a baia da PUC ao lado da ferraria”, diz uma circular do regimento, do dia 30 de dezembro de 2008.
R$ 5 milhões – “Os preferidos, os que iam ser utilizados pelo governador na semana, ficavam nas baias improvisadas no Parque da Ciência. Os outros ficavam no regimento ou iam para os haras quando estavam doentes ou esgotados”, diz um oficial da polícia montada.
Os documentos do regimento comprovam a movimentação dos animais. Segundo outro oficial ouvido pelo jornal “Gazeta do Povo”, também lotado no regimento à época, a justificativa dada para o abrigamento dos cavalos era de que, ao final do mandato, eles seriam doados para a cavalaria da PM, o que não ocorreu. “No final do mandato dele, dos 88 animais, 29 foram doados para a corporação. Os outros 59 foram levados para um haras particular em Campo Largo. Todo o transporte foi feito por policias militares com equipamento da
O jornal teve acesso a arquivos do regimento de polícia montada.Segundo um dos policiais, ao longo de oito anos a PM cuidou de 88 cavalos de Requião ou de pessoas próximas a ele. “Os cavalos foram chegando e de repente eram dezenas. A determinação dos oficiais é de que fossem tratados e cuidados por nós porque eram do governador”, diz um oficial.
A PM estima que o gasto mensal para cuidar de cada animal gire em torno de R$ 1.000 a R$ 1.500 mensais. Cálculos não oficiais de policiais que trabalhavam no regimento indicam que até R$ 5 milhões podem ter sido gastos no trato com os animais da cota de Requião.
Olho
Segundo um dos policiais, ao longo de oito anos a Polícia Militar cuidou de 88 cavalos de Requião ou de pessoas próximas a ele