Gilbertinho some
Repreendido por Lula, que não gostou das suas entrevistas, Gilberto Carvalho (Secretaria Geral da Presidência) sumiu do mapa, não acompanha mais Dilma, nem veio ao lançamento de Gleisi Hoffmann (PT) em Curitiba. Felipe Patury, da Época, relata que Lula, além de repreendê-lo, insistiu que já chegou a hora de Gilbertinho deixar o governo. Na cúpula do PT, chegou-se a conclusão de que o prazo de validade de Carvalho no governo está vencido e voltou-se a se falar em transferi-lo para a campanha do candidato do partido a governador paulista, Alexandre Padilha. A dúvida recai sobre a repercussão de sua saída.
Gilbertinho me ameaçou, diz Arruda
O ex-governador José Roberto Arruda (PR), candidato ao governo do DF, diz que em 2010 ter sido vítima de um “golpe” engendrado pelo PT, cujo “artífice” foi o atual governador de Brasília, Agnelo Queiroz (PT). Em entrevista, inclui uma ameaça recebida de Gilberto Carvalho, com quem esteve em setembro de 2009, um pouco antes da eclosão do escândalo. Naquele período, Carvalho era chefe do Gabinete Pessoal do então presidente Lula. “Ele foi me pressionar: Ou você muda de partido ou você vai cair’. Foi um recado muito claro que recebi”, diz Arruda. “O que ele fez de maneira velada foi uma ameaça”. As informações são da Folha de S. Paulo.
Também nessa época, antes do escândalo, Arruda recebeu em almoço Dilma Rousseff e Erenice Guerra. Dilma era ministra da Casa Civil. Erenice, a secretária-executiva. Ambas também teriam sugerido a Arruda que abandonasse o DEM. O que disse Dilma nessa ocasião? “Olha, você não quer mudar de partido para me apoiar?”
Dias depois desses encontros, Arruda viu sua carreira desmoronar com o surgimento de gravações em vídeo mostrando políticos de Brasília, inclusive ele, recebendo dinheiro em espécie.
Sua explicação para o seu vídeo tem duas partes. Primeiro, responde que a gravação é de 2005, quando era deputado federal, e não governador. Segundo, afirma que pegou o dinheiro, mas que não ficou com os recursos. “Não há na gravação nenhuma cena que mostra eu levando o dinheiro. Eu devolvi”. Onde está essa cena da devolução? Segundo Arruda, foi cortada numa edição.
Quando esteve preso por dois meses, em 2010, diz ter sido procurado pelo então diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa. Qual conteúdo da conversa? “Ele me propõe: Fale o nome de políticos do DEM e do PSDB que você, por ventura, tenha ajudado e você sai daqui amanhã. Não precisa dizer muita gente, diz só o nome do Arthur Virgílio, do Marconi Perillo e do José Agripino’.”
OUTRO LADO
O ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência) classificou de “absoluta invenção” as declarações de Arruda. Por meio de sua assessoria, afirmou: “Jamais discuti questões partidárias com esse cidadão. Seu relato é uma absoluta invenção. É tão verdadeiro quanto a honestidade dele”.
O governador do DF, Agnelo Queiroz, declarou, via assessoria, que Arruda “tenta, num golpe teatral, manipular a informação e enganar a população mais uma vez”.
Procurada, a assessoria da presidente Dilma informou que ela não iria comentar. A Folha não conseguiu contato com o ex-diretor da PF Luiz Fernando Corrêa, nem com Erenice Guerra.