O lobista Fernando Soares, apontado como o operador do PMDB no esquema de
corrupção descoberto na Petrobras pela Operação Lava Jato, fechou acordo de
delação premiada para colaborar com as investigações em troca de redução de
pena. As informações são da Folha de S. Paulo.
O acordo foi assinado com a Procuradoria-Geral da República nesta
quarta-feira (9), quando ele foi transferido definitivamente do Complexo
Médico Penal, em Pinhais, para a Superintendência da Polícia Federal, em
Curitiba, onde o lobista começou há mais de um mês a negociar o acordo com
os procuradores. A conclusão das negociações foi noticiada primeiro pelo
jornal “Valor Econômico”.
Segundo a Folha apurou, houve dois grandes entraves na negociação: a defesa
de Baiano solicitou que o lobista fosse solto assim que assinasse o acordo,
e o réu queria negociar a possibilidade de morar nos Estados Unidos com a
família depois que saísse da cadeia. Em ambos os casos a PGR não cedeu.
Baiano não sairá da carceragem PF após fazer a delação. Pessoas ligadas à
defesa do lobista relataram à Folha que ele deve permanecer pelo menos mais
dois meses preso. A possibilidade do operador se mudar para o exterior
também foi vetada.
Em outras conversas com procuradores da PGR ao longo da negociação, Baiano
disse que pode entregar informações sobre a participação de políticos no
esquema de desvios da Petrobras.
Entre eles estão o presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL), do
ministro do Turismo Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), do presidente da
Câmara Eduardo Cunha (PMDBRJ) e do senador Delcídio do Amaral (PT-MS).
*NEGOCIAÇÃO*
Antes de assinar no acordo de delação premiada, Fernando Baiano e seu
advogado, o criminalista Sérgio Riera, reuniram-se pelo menos cinco vezes
com representantes da PRG.
Uma das reuniões mais longas, segundo pessoas que acompanharam a
movimentação dos advogados e procuradores, foi a da quarta (9), que durou
cerca de seis horas. Nela, o lobista já teria falado sobre três anexos.