Oposição e até senadores da base e apoio criticam indicação de Paulo Bernardo para Itaipu

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Duas indicações de petistas para ocupar cargos na presidência da Itaipu e
no conselho da Anatel causaram críticas da oposição, e até mesmo de
senadores da base de apoio do governo. A análise deles é de que a
presidente Dilma Rousseff erra ao enviar nomes políticos num momento em que
ela é criticada por aparelhar a administração.

O ex-ministro Paulo Bernardo foi escolhido por Dilma para assumir a
presidência de Itaipu, como adiantou nesta segunda-feira a coluna Panorama
Político, de Ilimar Franco. Paulo Bernardo vai substituir Jorge Sameck, que
ocupa o cargo desde o primeiro mandato do presidente Lula. O nome dele já
está na Casa Civil e passou pelo Ministério de Minas e Energia. A nomeação
está na cota do PT. Paulo Bernardo foi ministro do Planejamento no governo
Lula e das Comunicações no primeiro mandato da presidente Dilma.

Já o ex-senador Aníbal Diniz (PT-AC), que ocupou o cargo por quatro anos na
vaga de Tião Viana, eleito governador do estado em 2010 e reeleito em 2014,
foi indicado para compor o conselho diretor da Agência Nacional de
Telecomunicações (Anatel) na vaga de Jarbas Valente, que deixou o cargo em
novembro do ano passado. Além dele, Dilma também sugeriu o advogado Otávio
Luiz Rodrigues Júnior, que trabalhou na consultoria jurídica do Ministério
das Comunicações quando o senador Eunício Oliveira (PMDB-CE) era o
ministro. Rodrigues Júnior entrará na vaga de Marcelo Bechara, que deixou a
função no último dia 13.

Paulo Bernardo foi deputado federal (PR), secretário da Fazenda do
ex-governador Zeca do PT (MS) e Secretário da Fazenda da prefeitura de
Londrina (PR). Ele é casado com a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR). Sua
estreia na vida política se deu pela diretoria do Sindicato dos Bancários
do Paraná. Bernardo foi eleito deputado federal pelo Paraná em três
legislaturas (1991–1995, 1995–1999 e 2003-2005).

Um senador da base aliada disse que a presidente erra ao encaminhar o nome
de Paulo Bernardo para a Itaipu no momento em que a Polícia Federal
investiga o pagamento de R$ 7,2 milhões para escritórios do advogado
Guilherme Gonçalves. O escritório coordenou juridicamente as campanhas da
senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), esposa de Bernardo, nos anos de 2008,
2010 e 2014.

O advogado é suspeito de receber pagamentos e propinas ligados à atuação da
empresa de tecnologia Consist no Ministério do Planejamento. Segundo a
Polícia Federal, os pagamentos ocorreram após a assinatura de um acordo de
cooperação entre o ministério, a Consist e a Associação Brasileira de
Bancos e Sindicatos de Entidades Abertas de Previdência Privada para gerir
o sistema de empréstimo consignado da pasta. Na época, Paulo Bernardo era o
ministro.

— Esse não é o melhor momento para enviar um nome como o do Paulo Bernardo,
uma vez que a PF levanta suspeitas sobre uma pessoa que é do relacionamento
dele — disse o senador governista.

Um outro senador, também da base governista, acredita que o nome do
ex-ministro não terá dificuldades. Mas ele criticou a indicação de Aníbal
Diniz, de quem nem lembrava — apesar de ser senador há dois mandatos.

— Nomes como esse não ajudam a construir uma unidade — criticou.

Já o líder do DEM, Ronaldo Caiado (GO), foi duro na análise:

— Neste momento, por conta do clima que o país vive, o nome do Paulo
Bernardo vai enfrentar dificuldades no Senado — avaliou. — A presidente
deveria indicar nomes técnicos, qualificados e não de um partido político.
Ele não tem conhecimentos técnicos para dirigir uma empresa tão importante,
para debater políticas energéticas para o país.

Ao ser perguntado sobre a indicação de Aníbal, Caiado foi sarcástico:

— Quem é Aníbal? Se ele é desconhecido como político, imagina como técnico!

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