Semana após semana, o governador Ratinho Júnior reúne centenas de prefeitos no Palácio Iguaçu para anunciar repasses de recursos milionários para investimentos em saúde, infraestrutura, habitação, educação, entre outros.
A prática é idêntica à adotada pelos ex-governadores Beto Richa e Cida Borghetti por várias vezes nos últimos anos. Prefeitos e prefeitas viajam centenas de quilômetros todas as semanas para garantir um naco dos recursos estaduais. Tudo isso, óbvio, com direito a registro oficial com o governante.
No entanto, uma análise um pouco mais detalhada mostra que esses grandes números anunciados semanalmente pelo Governo são diluídos de forma considerável na divisão do bolo entre os municípios.
Explica-se, nesta segunda-feira (21) o governador Ratinho Jr anunciou, rodeado de prefeitos e deputados estaduais, em palanque decorado com um grande banner, o repasse de R$ 50 milhões para os 399 municípios.
À primeira vista parece um recurso vultuoso para reforçar os combalidos cofres municipais. Dinheiro que poderia ser utilizado para os prefeitos construir e reformar postos de saúde ou adquirir equipamentos e medicamentos; porém uma divisão simples aponta que os R$ 50 milhões representam apenas R$ 125 mil em média para cada município.
Na terça, um dia depois da folia com os recursos da Saúde, os prefeitos voltaram ao Palácio Iguaçu para ouvir que o Governo do Estado investirá R$ 36 milhões em 116 escolas. O evento, como de praxe, apinhado de deputados e com um grande banner exposto.
Considerando que, do valor total, cerca de R$ 16 milhões serão direcionados para apenas duas obras, uma escola em Diamante do Norte (R$ 13,6 milhões) e outra em Ponta Grossa (R$ 2,3milhões), restam R$ 20 milhões para serem repartidos entre 114 instituições de ensino, o que resulta, numa conta simples, em R$ 175 mil, em média, para cada obra de reconstrução, reforma ou melhoria.
No início do mês, o grande banner voltou a ser montado. Dessa vez para anunciar a aplicação de R$ 118 milhões na construção de 1.494 novas casas populares. Neste caso, os investimentos não contemplaram todas as cidades paranaenses, apenas 33 foram escolhidas para receber as quase 1.500 moradias. Além de o grande projeto habitacional deixar de lado 90 % das cidades paranaenses, a divisão direta comprova, que mesmo no cenário limitado, o baixo alcance das políticas públicas do Governo. Em média, cada uma das 33 cidades foi beneficiada com 45 casas.
