Para Lula, ‘melhor perder ministérios do que a Presidência’

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Em reunião que durou cinco horas, o ex-presidente Lula aconselhou nesta
quarta-feira, 23, a presidente Dilma Rousseff a atender a todos os pedidos
do PMDB, mesmo que para isso tenha de desidratar o PT na reforma
ministerial. “É melhor perder ministérios do que a Presidência”, disse
Lula, segundo relato de ministros do PT que participaram da conversa no
Palácio da Alvorada. As informações são do Estadão.

A portas fechadas, o ex-presidente avaliou que a estratégia montada para
atrair os aliados rebeldes, entregando o Ministério da Saúde – hoje com o
PT – à bancada do PMDB na Câmara deu fôlego para Dilma barrar pedidos de
impeachment no Congresso. Além disso, para não contrariar nenhuma ala do
PMDB, Dilma cogita deixar de lado a fusão das Secretarias de Portos e
Aviação Civil. Com isso, o partido poderá ficar com seis ministérios, e não
mais cinco, como previsto inicialmente. O favorito para Saúde é o deputado
Manoel Júnior (PB), homem da confiança do presidente da Câmara, Eduardo
Cunha (PMDB-RJ). Nessa nova configuração, o ministro da Aviação Civil,
Eliseu Padilha, deve permanecer no cargo e Helder Barbalho, hoje na
Secretaria da Pesca, pode ser deslocado para Portos. A Pesca será abrigada
no Ministério da Agricultura.

Lula e o vice-presidente Michel Temer sugeriram a Dilma que não deixasse
“na chuva” o filho do deputado Jader Barbalho (PMDB-PA), para não criar
novo foco de rebelião. Os ministros Eduardo Braga (Minas e Energia) e Kátia
Abreu (Agricultura) continuam em seus postos. Henrique Eduardo Alves
(Turismo), também ligado a Cunha, deve seguir no posto.

À noite, Dilma convidou o PDT para assumir o Ministério das Comunicações. O
convite foi feito ao presidente do partido, Carlos Lupi. A bancada do PDT
na Câmara pretende indicar para o cargo o deputado André Figueiredo (CE).

O PDT controla hoje o Ministério do Trabalho, que será fundido com
Previdência. Insatisfeito com o governo, o partido vinha mantendo uma
posição de “independência” na Câmara. Embora o PT vá perder Comunicações –
cargo estratégico para a legenda, que defende a regulamentação da mídia -,
Ricardo Berzoini, titular da pasta, assumirá a Secretaria Geral da
Presidência, que cuidará da articulação política do governo com o Congresso.

Lula também propôs à sucessora que adiasse por alguns dias o anúncio da
reforma ministerial, previsto inicialmente para esta quarta-feira. Ele
argumentou que Dilma deveria “amarrar bem” os acordos, uma vez que a ideia
é por agora nos ministérios “quem tem voto” e pode ajudar o governo no
Congresso. “Você não pode errar”, insistiu ele. Depois que a presidente
concordou em transferir a Saúde para o PMDB na Câmara, o Palácio do
Planalto venceu uma batalha no Congresso e conseguiu manter importantes
vetos a projetos que aumentavam o rombo nas contas públicas.

Foi com esse diagnóstico que Lula pediu a ela que se aproximasse mais de
Temer, que comanda o PMDB; do presidente do Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL), e de Cunha, oficialmente rompido com o governo.

*Governabilidade. *Apesar de lamentar a substituição do ministro da Saúde,
Arthur Chioro (PT), Lula observou que o PMDB é crucial para garantir a
governabilidade. Além disso, na opinião do ex-presidente, Dilma precisa
conversar com todos os aliados e até com movimentos sociais, para não
deixar insatisfeitos pelo caminho, antes de acertar o primeiro escalão.

Dilma viajará nesta quinta-feira, 24, para Nova York, onde participa da
Assembleia Geral da ONU, e só retornará na terça-feira. Diante disso, o
anúncio da reforma, que vai cortar dez ministérios, pode ficar para a
semana que vem. Na tentativa de fechar as mudanças, a presidente passou o
dia e a noite de quarta-feira numa verdadeira maratona de negociações, no
Alvorada, e nem despachou no Planalto.

(foto: divulgação/Dilma/Facebook)

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