No Paraná não falta água para o abastecimento, diferentemente do que ocorre nos estados vizinhos, como São Paulo e São Catarina, onde é mais do que conhecida a crise hídrica e seus impactos.
As causas são várias. A principal é a não ocorrência regular de chuva, indispensável para encher rios e repor o volume de água armazenado em represas e aquíferos.
Gostaria de refletir com os leitores sobre dois aspectos da estiagem que dizem respeito diretamente aos gestores da Companhia de Saneamento do Paraná e aos nossos consumidores.
Os técnicos e executivos da Sanepar têm a responsabilidade de observar o sistema de abastecimento olhando o presente e o futuro. Desde 1940, a demanda de água de Curitiba e região metropolitana, é acompanhada pelo Plano Diretor estudo atualizado a cada dez anos que aponta onde devem ser feitas as obras para garantir que não falte água na casa das pessoas, até mesmo em situações adversas.
Implantar e manter em condição ideal um sistema público de abastecimento de água é atividade cara e complexa. Entre as principais estruturas é necessário construir a captação no manancial (rio, barragem ou poço), a estação de tratamento de água, reservatórios, laboratório, adutoras para transportar a água bruta e a água tratada e as redes de distribuição.
Nos 345 municípios atendidos pela Sanepar, estão em operação 168 estações de tratamento de água, 1.019 poços, 50 mil quilômetros de rede de água e cerca de 1.700 reservatórios de água tratada e de água bruta.
Construir essa malha de prédios, redes e reservatórios exigiu, ao longo dos anos, planejamento e recursos. Mas a Sanepar conta com técnicos altamente preparados e que conhecem as respostas para estes desafios. Nos últimos 4 anos, a empresa investiu mais de R$ 2 bilhões, o maior da história. Porque mantém em operação essa gigantesca infraestrutura é que agora não falta água no Paraná. Mesmo quando cai a vazão dos mananciais, produzimos e armazenamos a água durante a noite para distribuir em outros horários.
A falta de água ocorre por curtos períodos, quando a Sanepar precisa executar serviços de manutenção ou de implantação de obras. Por ano, executamos mais de 5 milhões de consertos, instalação de equipamentos, expansão de trechos de rede e outras ações para melhorar as condições de abastecimento.
Apesar de toda a logística, que funciona 24 horas sem interrupção, o cliente só percebe a falta de água quando a sua torneira está seca. No entanto, só fica sem água quem não possui caixa-dágua conforme orienta a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Instalar a caixa-dágua no imóvel é uma das responsabilidades dos consumidores, assim como usar a água de forma consciente e racional.
Todos devem colaborar frente à atual crise hídrica, com atitudes de preservação da água. Isso inclui envolver os filhos e os trabalhadores domésticos para que também ajudem a economizar. Os síndicos têm papel fundamental. Nos edifícios há muito desperdício.
Enfim, porque a Sanepar planejou com muita antecedência as suas intervenções e continua planejando é que, no Paraná, hoje, temos uma situação confortável. Isto não quer dizer que possuímos blindagem frente a eventual crise hídrica no futuro. O que temos é uma estrutura compatível com as demandas, mas que nos obriga a estarmos vigilantes companhia e clientes para perenizar o abastecimento público de água.
Mounir Chaowiche, presidende da Sanepar.