Permaneço até segunda ordem’, diz Levy

levy

Mesmo com o fogo amigo cada vez mais intenso, o ministro da Fazenda,
Joaquim Levy, diz que não se sente ameaçado no cargo ou a ponto de ser
substituído. “Estamos navegando e permaneço até segunda ordem”, afirmou ao
lembrar que tem respaldo da presidente Dilma Rousseff e não viajou à
Turquia para a reunião do G­20 a passeio. Levy rechaçou a ideia de que a
oferta de crédito pode destravar a economia e ainda acusou pessoas de
“confundirem” o crescimento econômico gerado pelo boom das commodities com
“trabalho forte de botar a casa em ordem”. As informações são do Estadão.

A mais de 10 mil quilômetros de Brasília, no balneário turco de Antália,
Levy tentou mais uma vez afastar os rumores de que estaria sendo
pressionado a deixar o governo. “O folhetim não é muito importante”, disse.
“Estou aqui, tenho respaldo da presidente Dilma e não vim a passeio”,
completou em entrevista no primeiro dia da reunião das 20 maiores economias
do mundo, o G­20.

Com a acusação de que Levy usa um remédio muito amargo para a economia, o
ex­-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é quem estaria liderando a pressão
contra o ministro. Para Lula, a solução seria o substituir por Henrique
Meirelles, ex­-presidente do Banco Central. Levy já trabalhou com Lula e
foi secretário do Tesouro Nacional no governo passado. Na Turquia, o
ministro não falou mal do ex­-chefe. “Nunca tive grandes diferenças com o
presidente Lula. Uma das grandes sabedorias (de Lula) foi ter paciência ao
contrário de outras
pessoas que querem fazer tudo ao mesmo tempo.

A grande lição dele foi fazer as coisas no seu tempo”, disse. O aumento
gradual do salário mínimo foi citado como exemplo da “persistência e
paciência” do ex­-presidente.

*Receituário.* Apesar do elogio, o ministro da Fazenda rejeitou o
receituário que Lula estaria defendendo nos bastidores: voltar a incentivar
a economia com aumento gradual do crédito para empresas e, em seguida, para
famílias. Essa foi a fórmula bem sucedida usada na crise de 2008 pelo
governo Lula e que permitiu ao Brasil passar tranquilamente pelos primeiros
cinco anos da crise. “A situação de hoje é distinta de 2008”, resumiu Levy.
“Não há problema de oferta de crédito. O problema é a normalização da
economia. Hoje, é preciso estabelecer as condições de demanda”, explicou.
Levy lembrou que, entre outubro de 2008 e o início de 2009, o mercado de
crédito mundial permaneceu estagnado mesmo com o corte de juros em vários
países. Mesmo com os incentivos, o crédito só voltou a fluir quando as
incertezas diminuíram.

Para Levy, a atual situação do Brasil é parecida. “Não tem nada de errado
na economia brasileira. As famílias e as empresas brasileiras não têm
grande alavancagem. O governo tem um pouquinho, mas está se cuidando”
disse. “Então, quando você conserta, a resposta é rápida”, disse. O
ministro tem defendido o chamado “Plano 123” que consiste em 1) Orçamento
mais robusto; 2) Retomada da demanda e 3) Expansão da oferta. Nessa
caminhada, o ministro disse que o Brasil “está no 0,7”.

Por isso, Levy defende que “não há fórmula mágica”. “Tem trabalho difícil
para fazer e o segredo é ter paciência”, disse. Levy comentou que “algumas
pessoas confundem” as razões do sucesso da economia brasileira na última
década. O ministro lembrou que há dez anos o
País “ainda tinha a ajudinha das commodities” e que alguns “confundem com o
que foi resultado de trabalho forte, de botar a casa em ordem”. Ou seja, o
ministro sinalizou que parte do sucesso econômico na década passada veio
via commodities e não apenas porque a gestão econômica foi irretocável

(foto: Estadão)

*link matéria*
http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,permaneco-ate-segunda-ordem–diz-levy,10000002069

Compartilhe