Planalto conta votos no Senado e confia em Renan para barrar impeachment

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Diante do apoio recebido na Câmara dos Deputados pelo movimento em favor do
impeachment da presidente Dilma Rousseff, o Palácio do Planalto passou a
apostar no Senado como a última e mais segura barreira para evitar a
interrupção deste segundo mandato da petista. As informações são do Estadão.

O Senado é responsável por dar seguimento ao processo após a Câmara dos
Deputados autorizar sua abertura. Na quinta-­feira passada, o presidente da
Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-­RJ), recebeu o pedido de impeachment assinado
pelos juristas Hélio Bicudo e Miguel Reale Júnior.

O texto conta com o apoio de uma frente de oposição e foi considerado
reservadamente pelo Palácio do Planalto como sendo o mais bem fundamentado
e consistente entre os 13 que atualmente estão na Casa.

Por causa disso, na sexta­-feira, o ex­presidente Luiz Inácio Lula da Silva
se reuniu com Cunha para pedir a ele que não leve adiante o pedido, tamanha
a preocupação com essa possibilidade. No entanto, o diagnóstico do Planalto
é de que o presidente da Câmara, rompido com a presidente Dilma, não deverá
acatar o pedido de Lula.

Diante dessa adversidade, os governistas mapearam o apoio a Dilma no Senado
e já iniciaram o corpo a corpo com a base de apoio à presidente. Desde o
retorno do recesso parlamentar, no início de agosto, o governo melhorou
suas relações com o presidente da Casa, senador Renan Calheiros (PMDB-­AL),
o que favorece as articulações.

“Não podemos brincar. Está todo mundo atento ao andamento na Câmara”,
afirmou o líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT­-MS). Nas contas
realizadas por integrantes da articulação política, haveria 43 votos a
favor do impeachment no Senado. Esse número asseguraria a permanência de
Dilma na Presidência. Para que ela seja impedida de concluir o mandato são
necessários ao menos 54 senadores a favor.

O mapeamento dos votos do governo também foi feito no calor das discussões
da cúpula do Palácio do Planalto a respeito da próxima sessão do Congresso,
prevista para terça­feira. Na ordem do dia, estarão os vetos presidenciais
à chamada “pauta bomba”, integrada por propostas que podem elevar os gastos
do governo federal.

Termômetro. Entre as principais preocupações do Executivo está a derrubada
do veto ao projeto que estabelece o aumento do Judiciário, que pode causar
rombo de cerca de R$ 26 bilhões ao Orçamento da União para 2016. A
derrubada de algum veto será considerado um termômetro pelo governo para o
processo de impeachment.

A avaliação de integrantes da cúpula do Senado e até lideranças de oposição
da Casa é a de que, ao contrário da Câmara, o processo ainda não “está
maduro” para o impedimento da petista. Essa foi a constatação feita na
madrugada da quarta-­feira passada, quando líderes do PMDB se reuniram com
Renan.

O entendimento inicial é de que as reações contrárias dos parlamentares da
base e do próprio PT aos principais itens do novo pacote deixarão o
ambiente em Brasília sob uma nuvem de “total incerteza” quanto aos rumos do
atual governo.

No encontro, parte dos presentes considerou que não cabe à cúpula do
Senado, neste momento, incentivar um “rompimento democrático”. Parte do
grupo ligado a Renan tem o entendimento de que, em meio à falta de solução
para as crises política e econômica, assumir o comando do País com o vice
Michel Temer (PMDB) traria apenas desgaste à legenda, que trabalha para
lançar uma candidatura presidencial em 2018. Segundo esse grupo, é
impossível fazer um prognóstico do que pode acontecer no curto prazo e um
posicionamento contra ou a favor de um rompimento seria estrategicamente
errado.

Mesmo uma coalizão com partidos de oposição, caso Temer assuma o lugar de
Dilma, é vista como frágil, uma vez que legendas como o PSDB não detêm uma
militância forte que pudesse blindar reações de movimentos sociais ligados
ao PT.
Nas hostes da cúpula do PSDB do Senado, também há tucanos, ligados ao
presidente da legenda, senador Aécio Neves (MG), derrotado por Dilma na
eleição presidencial do ano passado, que consideram que assumir o País
agora é “entrar no salão, no fim da festa, e ter que arrumar toda a bagunça
deixada pelos adversários”.

*Na Câmara, base está fragilizada*A estratégia de focar no Senado parte da
avaliação de que a base aliada na Câmara está se desfazendo e hoje conta
com entre 150 e 200 deputados fiéis ao governo, margem muito arriscada em
se considerando que são necessários 342 dos 513 votos possíveis para o
processo ser instaurado. A oposição tem outros números: contabiliza o apoio
de 286 deputados. Oficialmente, oposicionistas dizem que o número aumentou,
mas não o divulgam.

*(foto Estadão)*

link matéria
http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,planalto-conta-votos-no-senado-e-confia-em-renan-para-barrar-impeachment,1765513

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