A Polícia Federal investiga se empresas de lobby contratadas pela
Mitsubishi e pela Caoa, representante da Hyunday, pagaram R$ 10 milhões ao
ex-ministro Gilberto Carvalho e a outros agentes públicos que teriam
ajudado na aprovação de três medidas provisórias favoráveis às duas
montadoras entre 2009 e 2013. No interrogatório de Eduardo Gonçalves
Valadão, um dos sócios da SGR presos na Operação Zelotes, a delegada Rúbia
Danyla Gama Pinheiro vinculou o ex-ministro à sigla GC e a um dos números
encontrados num manuscrito apreendido com um dos investigados. As
informações são d’O Globo
“O que significa GC 10, isso é uma alusão ao Gilberto Carvalho e o aumento
do valor dos colaboradores para R$ 10 milhões?”, quis saber a delegada.
Valadão recorreu ao direito de permanecer calado e não respondeu a
pergunta. No mesmo interrogatório, Rúbia Danyla perguntou: “conhece
Gilberto Carvalho? Alguma vez já o procurou para fazer valer interesse de
seus clientes. A exemplo do que fez em relação ao longo do depoimento,
Valadão deixou as perguntas sem resposta.
A partir da Operação Zelotes, a Polícia Federal, o Ministério Público
Federal e a Receita Federal investigam se dirigentes da Mitsubishi e da
Caoa subornaram agentes públicos por intermédio de lobistas para obter
vantagens na aprovação de medidas provisórias relativas a renúncia fiscal
para montadoras. A suspeita é que as duas montadoras repassaram
aproximadamente R$ 50 milhões para as empresas Marcondes & Moutini e para a
SGR para a compra a ampliação da renúncia fiscal prevista em medidas
provisórias do setor automotivo.
A referência a R$ 10 milhões seria, segundo investigadores, apenas uma
parcela dos valores pagos pela suposta compra das medidas provisórias.
Entre os documentos apreendidos pela polícia, constam um e-mail em que o
vice-presidente da Anfavea (Associação Nacional de Fabricantes de Veículos
Automotores) Mauro Marcondes pede “ao amigo” Gilberto Carvalho que
apresente ao então presidente Luiz Inácio Lula da Silva uma carta com um
pleito da categoria.
Marcondes é um dos donos da Marcondes & Mautoni. No relatório, a polícia
não informa se Carvalho atendeu ou não ao pedido do lobista. Também não diz
se o ex-ministro teve alguma atuação na aprovação das medidas provisórias,
conforme queriam as montadoras. Em depoimento à PF na segunda-feira,
Carvalho negou que tenha prestado qualquer favor ou recebido qualquer
vantagem do grupo dos lobistas investigados na Zelotes. O ex-ministro
prestou depoimento sem auxílio de advogado.
(foto: Givaldo Barbosa/arquivo O Globo)
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