Aproximadamente 170 diretores regionais e setoriais da Polícia Federal
entregaram seus respectivos cargos desde o início deste mês para pressionar
o governo federal por melhorias na estrutura da corporação. As maiores
baixas, conforme informações da Associação Nacional dos Delegados da
Polícia Federal ocorreram nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro. As
informações são do Congresso em Foco.
Somente em São Paulo, 18 delegados desistiram de suas respectivas funções
de chefia. No Rio, foram 17 entregas de cargo. Segundo a ADPF, 468
delegados foram convidados a assumir esses cargos, mas rejeitaram a
proposta também como forma de protesto contra o governo federal. “Esse é um
movimento que vem crescendo a cada dia”, afirmou Marcos Leôncio Ribeiro,
presidente da ADPF. Atualmente, os delegados da PF ganham uma comissão
mensal de aproximadamente R$ 170 por cargos de chefia.
Os delegados de Polícia Federal reclamam que o órgão não tem equipes
mínimas de investigação nas unidades, que há carência de servidores
administrativos – muitos deles substituídos por mão de obra terceirizada –
e que não houve regulamentação da chamada indenização por trabalho em
fronteira, dois anos depois de o governo federal ter assumido esse
compromisso com os policiais. Os delegados também estão insatisfeitos com a
proposta do Ministério do Planejamento de reajuste salarial para a
categoria da ordem de 21,3%, mas escalonado em quatro anos.
Neste primeiro momento, a entrega de cargos atingiu apenas os delegados das
regionais do interior e dos Estados. A intenção é que a mobilização
continue e no próximo dia 20 comece a ocorrer o desligamento voluntário de
funções comissionadas também na unidade central da PF, em Brasília. Com
isso, os delegados querem pressionar o diretor-geral da PF, Leandro
Daiello, a deixar a função caso o governo federal não melhore as condições
de trabalho no órgão. Apesar da entrega de cargos, os delegados dizem que,
até o momento, não houve paralisação de investigações ou demais serviços da
PF.
Os delegados estão inconformados com o que eles chamam de “desvalorização
da carreira”. Pelas informações da ADPF, um delegado federal de último
nível ganha menos que os delegados de polícia estadual em dez estados:
Amazonas, Amapá, Maranhão, Piauí, Tocantins, Goiás, Mato Grosso do Sul, Rio
de Janeiro, Paraná e Rio Grande do Sul.
Além disso, pelas informações da Associação, os delegados da PF tinham uma
remuneração equiparável ao juízes e procuradores nos anos de 1990.
Atualmente, conforme a entidade, o salário de um delegado federal é
semelhante ao das chamadas carreiras auxiliares da magistratura, como os
técnicos judiciários, por exemplo.