Primo de Gleisi se cala* *na CPI da Petrobras

marlus arns-ricardo-hoffmann

O publicitário Ricardo Hoffmann, primo distante da senadora Gleisi Hoffmann
(PT), se calou hoje (quarta-feira, 2) durante depoimento na CPI da
Petrobras em Curitiba. Hoffmann é também ligado ao ex-deputado André Vargas
(ex-PT). O lobista Fernando Moura, ligado ao PT, também se recusou a
responder perguntas formuladas dos deputados integrantes da CPI. As
informações são de Veja. (foto de Vagner Rosário/Veja- ADVOGADO mARLUS E RICARDO HOFFMANN)

Hoffmann e Moura foram chamados à comissão para prestar esclarecimentos na
condição de acusados, mas permaneceram em silêncio diante de
questionamentos sobre relacionamento deles com o ex-ministro José Dirceu,
com o doleiro Alberto Youssef, com o ex-ministro das Comunicações Paulo
Bernardo (PT), com o ex-diretor da Petrobras Renato Duque ou com a senadora
petista Gleisi Hoffmann.

O publicitário, ex-dirigente da agência de publicidade Borghi/Lowe, é réu
na Lava Jato por ter oferecido propina ao ex-deputado André Vargas para que
o parlamentar interviesse para que a empresa fosse beneficiada em serviços
de publicidade para a Caixa Econômica e o Ministério da Saúde.

No esquema, a acusação diz que Hoffmann orientou as empresas subcontratadas
pela Borghi para depositar comissões típicas do mercado de publicidade,
conhecidas como bônus de volume, em duas empresas de fachada de André
Vargas, a LSI Solução em Serviços Empresariais e a Limiar Consultoria e
Assessoria. Na prática, em vez de pagar o bônus à agência principal,
prática comum no mercado da publicidade, as produtoras subcontratadas pela
Borghi/Lowe para gravar filmes publicitários e spots de rádio para órgãos
públicos – e que de fato prestavam serviços – pagaram para as duas empresas
de Vargas e seu irmão.

Ao todo, a propina recebida pelo ex-deputado André Vargas por meio de
Hoffmann chegou a 1,1 milhão de reais entre 2010 e 2014. Para o juiz Sergio
Moro, que recebeu a denúncia contra Vargas e Ricardo Hoffmann, “há
declarações das empresas depositantes de que a LSI e a Limiar não prestaram
qualquer serviço e que os depósitos foram feitos por solicitação da Borghi
Lowe”.

Em depoimentos prestados ao juiz, Mônica Cunha, funcionária da agência de
publicidade, afirmou que os depósitos na LSI e Limiar foram feitos a pedido
do chefe Ricardo Hoffman. Em sua defesa, o publicitário admitiu os
pagamentos, mas afirmou que seriam como contrapartida a Vargas pela
prospecção de clientes privados, embora ele nunca tivesse de fato
conseguido qualquer um.

Segundo depoente do dia, o lobista Fernando Moura também optou por ficar em
silêncio na CPI da Petrobras. Ele apenas negou ser filiado a partidos
políticos, embora já tenha integrado os quadros do MDB, ou ter feito
indicações políticas para órgãos da administração pública. Recusou, no
entanto, a responder sobre sua relação com o lobista Milton Pascowitch, com
o ex-diretor da Petrobras Renato Duque e com o ex-ministro José Dirceu ou
explicar qual percentual recebia de propina no petrolão.

Preso preventivamente na fase Pixuleco, da Operação Lava Jato, Moura é
apontado pelo Ministério Público como a pessoa que representava o
ex-ministro petista José Dirceu na Petrobras, operava propina na estatal e
que teria indicado Renato Duque para a diretoria de Serviços da estatal.

Em acordo de delação premiada, o lobista Milton Pascowitch, um dos
principais delatores contra José Dirceu, disse que Fernando Moura recebeu
R$ 5,3 milhões em propina distribuídos em contas em nomes dos filhos, do
irmão e de um sobrinho. Também segundo Pascowitch, parte dos R$ 500 mil
mensais da propina paga pela empresa Hope à JD Consultoria, de Dirceu,
acabava nas mãos de Moura.

A CPI da Petrobras, que viajou a Curitiba para colher depoimentos de réus
presos na Lava Jato, pretende fazer ainda nesta quarta-feira uma acareação
entre o delator Augusto Mendonça, o ex-diretor de Serviços da Petrobras
Renato Duque e o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto.

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