Em seu mais recente comentário na Rádio dos Direitos Humanos, o coordenador da Instituição, Hamilton Serighelli, fez uma denúncia muito grave contra a Itaipu Binacional, que teria abandonado à própria sorte duas grandes aldeias indígenas na região de Dourados (MS), que reúnem 18 mil indígenas.
Serighelli, um respeitado ativista dos direitos humanos, leu trechos de notícias da imprensa local. O Tribuna Popular procurou se informar e constatou que o buraco é mais embaixo, pois está em curso mais uma trapalhada do diretor-geral da poderosa, Ênio Verri (PT). Em mais um de seus projetos mirabolantes, Itaipu está destinando R$ 45 milhões para fornecer água aos indígenas daquele estado. O projeto inclui a perfuração de novos poços e a construção de uma nova reserva de água. Porém, deixaram de fora as aldeias Jaguapiru e Bororó. Daí os indígenas se armaram de arco, flecha, tacape e o bicho está pegando.
Lideranças das aldeias acionaram a deputada Gleice Jane, eleita pela região, que tomou as dores dos pobres indígenas e já conversou com a ministra dos Povos Originários, Sonia Guajajara e, se preciso, irá até o presidente Lula, que estaria de saco cheio com as trapalhadas do todo-poderoso diretor.
Os caciques das tribos mostraram que o projeto de Itaipu e do Governo do Estado não contemplou as aldeias de Dourados. Esta semana, Gleice mais o deputado Vander, mantiveram nova reunião com os indígenas.
Na reunião, Gleice mostrou a situação enfrentada pelas famílias e reforçou a importância de investimentos para garantir o acesso à água, um recurso essencial para a saúde e qualidade de vida da população indígena.
GADO MORRENDO
“Estamos sem água para beber, para cuidar dos nossos filhos e até para os animais. Isso é desumano com a nossa população”, diz um documento dos caciques indígenas enviado às autoridades. Segundo relato do Pastor Ramires, que leva a palavra de Deus aos indígenas, as crianças das aldeias estão deixando de frequentar a escola devido à falta de água, e até animais estão morrendo de sede.
Com o calor e a seca, a situação dos índios das aldeias Bororó e Jaguapiru, fica mais crítica. Os indígenas ficaram sem água por 5 dias. Crianças da aldeia fizeram um vídeo implorando pelo recurso hídrico e o registro repercutiu nas redes sociais. O Conselho Indigenista Missionário também fez um relato sobre essas comunidades que, além da falta de água, sofrem com a presença de jagunços.
EMPURRA-EMPURRA
O cacique da aldeia Bororó, Alex Rodrigues Cavalheiro, disse que a falta de água na comunidade é recorrente. A esperança era esse projeto, mas sua aldeia foi excluída. A professora e membro da Organização Terena da Grande Dourados (OTGD), Késia Valério, trabalha e mora na comunidade Bororó. Késia compartilha das mesmas dores que o cacique Alex. “A questão da água é crítica em toda a comunidade indígena. Essa situação é um empurra-empurra dos órgãos para poder sanar isso. A falta de água é recorrente”.
Enquanto os pobres indígenas sofrem com a falta de água em um calor de 37º, o poderoso “tzar da Itaipu, Ênio Verri” fica tranquilo em seu gabinete com ar refrigerado, recebendo a “bagatela” de R$ 150.000,00 por mês. Tudo em dólar.
REVOLTADOS, ÍNDIOS BLOQUEIAM ESTRADA
Dourados a Itaporã, em protesto contra a falta de água nas aldeias. A medida visa chamar a atenção para a crise de abastecimento de água que afeta a população indígena local e a falta de consideração das autoridades que esqueceram de incluir as aldeias no projeto.
Conforme as lideranças, a situação precária do fornecimento de água tem causado sérios impactos na vida cotidiana das famílias, afetando até mesmo escolas e unidades de saúde. Um bloqueio pelo mesmo motivo já havia ocorrido em janeiro deste ano, causando um longo congestionamento, com filas de veículos se estendendo por vários quilômetros. (Esta é uma reprodução da matéria jornalística publicada pelo Jornal Tribuna Popular de autoria do Jornalista Enrique Alliana )