Protesto mostra que Lava Jato nocauteou Dilma, Lula e PT, avaliam ministros

Imagem 103

Ainda que o protesto contra o governo neste domingo não tenha sido o maior
do ano, as manifestações acenderam o sinal amarelo no Palácio do Planalto.
A avaliação foi a de que, desta vez, a imagem da presidente Dilma Rousseff
ficou colada ao desgaste enfrentado pelo PT no escândalo de corrupção da
Petrobras, segundo o jornal O Estado de S. Paulo. Políticos da oposição,
como os senadores Aécio Neves (PSDB-MG), José Serra (PSDB-SP), José
Agripino Maia (DEM-RN) e Ronaldo Caiado (DEM-GO), também saíram às ruas – o
que, na avaliação do governo, demonstrou uma “partidarização” dos
movimentos.

Nas manifestações, chamaram a atenção de ministros os bonecos de Dilma
vestida de “irmã metralha” e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com
roupa de presidiário e a inscrição 13-171. A percepção do núcleo político
do governo foi a de que Dilma não conseguiu, até agora, transmitir a ideia
de que a Operação Lava Jato vai limpar o país, uma vez que os protestos
mostraram que a ação da Polícia Federal, na verdade, nocauteou o governo,
Lula e o PT.

Na mesma noite, a presidente reuniu, no Palácio da Alvorada, ministros que
compõem a coordenação política do governo. Durante o evento, Dilma disse
considerar que a população, embora insatisfeita, não apoia iniciativas
“golpistas”. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que passou o dia
monitorando os atos em seu gabinete, informou que as manifestações foram
pacíficas, em todo o país.

Para evitar “panelaços” e esvaziar a repercussão dos protestos, ministros
foram orientados a não dar entrevistas após a reunião com Dilma, que durou
duas horas. Coube ao titular de Comunicação Social, Edinho Silva, emitir um
curto comentário: “O governo viu as manifestações dentro da normalidade
democrática (…) E manterá sua agenda de trabalho para que, em breve, o
País volte a crescer, a gerar emprego e a distribuir renda”, disse, em uma
postagem nas redes sociais.

A ordem do Planalto é destacar a legitimidade dos protestos e dizer que o
governo tem “humildade” para admitir os erros. No diagnóstico de alguns
ministros, a crise política arrefeceu, mas está longe de acabar, e o
governo precisa tomar cuidado para não demonstrar soberba neste momento em
que os problemas na política prejudicam ainda mais a economia.

Fôlego – Com a popularidade em queda livre, Dilma só ganhou fôlego nos
últimos dias após fazer acordo com o presidente do Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL), que divulgou a “Agenda Brasil” e desviou o foco da crise e do
ajuste fiscal – isolando o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Além disso, a presidente esteve no Maranhão e na Bahia, na última semana,
para inaugurar obras. Não foi só: tomou café da manhã com empresários,
jantou com senadores aliados e integrantes do Judiciário e se reuniu com
representantes de movimentos sociais dois dias seguidos.

A estratégia vai continuar, nos próximos dias. Em conversas reservadas,
ministros dizem que Dilma errou no passado ao não dialogar com os vários
segmentos da sociedade e também com aliados do PMDB. “Mas agora a ficha
caiu”, constatou um de seus auxiliares.

fotos de Guilherme Barba

Compartilhe