Recessão se espalha e já atinge 26 estados

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fonte: O GLOBO=O Paraná está no grupo pequeno de sete estados, entre as 27 unidades da
federação, em que a crise terá um impacto menor no seu PIB do que em
relação as estimativas nacionais para 2015. Segundo O Globo desta
quinta-feira, 15, projeções do bando Santander apontam para estagnação
econômica e um quadro de recessão nos estados. Na economia do Paraná, entre
a quinta e sexta do país, se projeta um PIB negativo de 1,7%. No estados
com economias similares, os PIBs serão ainda mais piores: SC (-2%), RJ
(-2,5%), RS (-2,6%), MG (-2,7%) e BA (-3,15). A frente do Paraná, somente
estados com economias menores: PA (0%), ES (-0,3%), MS (-1,1%) e MT
(-1,7%). No estudo, o banco projeta que o PIB do país encolherá 2,8% em
2015.

O jornal carioca atesta que a recessão próxima de 3% prevista para este ano
vai se espalhar pelas regiões do país. Com a disseminação da crise
econômica, nenhum estado brasileiro conseguirá crescer em 2015, segundo
projeções do Santander. Se a estimativa se confirmar, será a primeira vez
desde 1996 — início da série histórica do IBGE — que a economia de todos os
estados terá desempenho negativo ou nulo.

A previsão do banco é semelhante à dos economistas do mercado financeiro,
que esperam contração de 2,97%, de acordo com o mais recente boletim Focus,
pesquisa do Banco Central com mais de cem instituições financeiras. A
economia brasileira não enfrenta uma recessão desde 2009, quando, na
esteira da crise global, recuou 0,2%. Nem naquele ano o tombo foi tão
disseminado: em 2009, o PIB de 17 das 27 unidades da federação avançou.

*AJUSTE FISCAL MAIS DIFÍCIL*
Esse ano será diferente, dizem analistas. Parte disso é atribuído à
magnitude da crise. Os economistas responsáveis pelo estudo do Santander
alertam que o desempenho da atividade econômica entre 2014 e 2016 deve ser
o pior desde 1900, inclusive dos triênios da crise de 1929 e da dívida, nos
anos 1980, a chamada década perdida.

Para Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados, o ritmo lento da
economia faz a disseminação ser inevitável. Nem as regiões que se
beneficiaram da fase áurea de commodities na última década, como o
Centro-Oeste, devem escapar. De acordo com os dados mais recentes do IBGE,
a região registrou o segundo maior crescimento médio entre 1995 e 2010, de
4,3%, perdendo só para o Norte (4,7%). No mesmo período, o Brasil cresceu,
em média, 3,1%. O instituto excluiu do levantamento os números mais
recentes, pois prepara para o mês que vem a divulgação de dados
recalculados, considerando a nova metodologia do PIB, introduzida nos
números nacionais no início do ano.

— A ideia é de que praticamente todos os estados terão queda do PIB este
ano. Recessão de 3% acaba afetando toda a economia. Mesmo regiões antes
ganhadoras, como o Centro-Oeste, não conseguirão escapar — afirma Vale.

O analista lembra ainda que o pé no freio deve dificultar o reequilíbrio
das contas públicas estaduais, o que pode levar a mais aumento de imposto.

— O grande problema é que, com a queda de receita e as restrições da Lei de
Responsabilidade Fiscal, é provável que os estados tenham que continuar
subindo impostos como o ICMS. Mais ainda, 2016 será outro ano de recessão
nos estados — avalia o economista.

*PERNAMBUCO TERÁ CONTRAÇÃO DE 4%*
Além da recessão nacional, pesam sobre as projeções fatores regionais. É o
caso de Pernambuco, pior estado no ranking do Santander, com previsão de
contração de 4%. Na série histórica do IBGE, a região só registrou queda no
PIB em dois anos: 1998 (-0,4%) e 2003 (-0,6%). Parte do resultado esperado
para 2015 é influenciado pela paralisação de obras da refinaria Abreu e
Lima, da Petrobras, que deve levar a construção civil no estado a uma queda
de 14,1%.

Na avaliação de Tatiane Menezes, professora de economia da Universidade
Federal de Pernambuco (UFPE), o estado também sofre com a saída de empresas
que, no passado, receberam incentivos fiscais para se instalar na região e,
com a crise, começam a fechar filiais.

— Essa projeção (de queda de 4%) é bem realista. O tipo de política de
incentivo fiscal que foi feito em Pernambuco perde força. Quando você entra
numa situação de recessão forte, as filiais daqui são as primeiras a
fecharem as portas, porque os custos ficam muito altos. Pernambuco está
longe do principal centro consumidor do Brasil, que é São Paulo — analisa
Tatiane.

Os efeitos do ambiente de recessão são amenizados em estados sustentados
por dois setores que, na contramão do PIB, registram resultados positivos:
indústria extrativa e agropecuária. Segundo o IBGE, os segmentos cresceram
no primeiro semestre 10,4% e 3%, respectivamente.

Melhor para o Pará, onde a extração de minério responde por 30% da
economia. Em ano de crise, o crescimento zero previsto para o estado lidera
o ranking do Santander. Já no Mato Grosso, onde a agropecuária representa
29% do PIB, a previsão de alta de 4,1% do setor ajudará o estado a fechar o
ano com queda abaixo da média nacional: 1,4%.

*EXPORTAÇÃO AJUDA O PARÁ*
Segundo a Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas do Pará
(Fapespa), o setor de minérios responderá por 28,58% dos investimentos
previstos para o estado. A entidade, ligada ao governo estadual, prevê alta
de 2,48% do PIB em 2015.

— Mesmo com a queda do preço dos minérios no mercado internacional, e
apesar da diminuição da receita com vendas por tonelada exportada, o estado
do Pará vem apresentando contínuos superávits comerciais explicados em
grande parte pelo aumento do volume exportado — afirmou o presidente da
Fapespa, Eduardo Costa, por e-mail.

No Rio, o recuo previsto, de 2,5%, é influenciado pela queda projetada de
6,6% na construção civil e de 1,2% no setor de serviços, que tem peso de
58% sobre o PIB do estado. Embora negativos, os números indicam uma queda
menos intensa que a média nacional — a expectativa é que, em todo o país, a
construção civil registre queda de 8% e os serviços, de 1,4%. O economista
Mauro Osório, professor da UFRJ e especialista em economia fluminense,
destaca que a região é afetada pela crise política e do setor de óleo e gás.

— O Rio de Janeiro tem um desafio importante de adensar sua estrutura
produtiva. Acho positivo a Petrobras estar no Rio. Por mais que a empresa
desacelere, vai ter um investimento de mais de R$ 100 bilhões. Acho que
isso é uma janela de oportunidade para o Rio, desde que a gente consiga ter
uma estratégia de atrair atividade em torno do complexo de petróleo e gás.
Além disso, é importante investir em infraestrutura — afirma Osório.

(foto: reprodução capa O Globo)

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