No fim, o presidente Bolsonaro encontrou uma maneira menos impactante de lidar com apenas um caso: resolveu mexer num punhado, por meio daquilo que seria uma “reforma administrativa ministerial”. Em outras palavras, ele aproveitou a situação e, depois de avaliar o desempenho dos ministros, faz ajustes para encarar os últimos meses de governo. O que ninguém entendeu, foi a troca do ministro na área militar, o da Defesa. No fim, dependendo os desdobramentos, o que seria uma “reforma” pode se transformar em “vespeiro”.
Indisposição
Alguns veículos falam abertamente em “atrito”, “dissonância”, “discórdia”, “rebeldia” entre militares e governo, mas até o fechamento desta coluna, o tema não havia saído do campo das especulações. O fato dos militares deixarem ministérios e autarquias governamentais poderia ser interpretado apenas como uma tomada de decisão, para o não envolvimento das armas (Exército, Marinha e Força Aérea) em questões políticas. Isso não era uma crise. O pedido de demissão dos chefes, em protesto, é.
Questões de troca
Bolsonaro, no caso, optou em atender o Centrão, trocando os militares pelos políticos e seus indicados. Embirrou porque nem todos concordam com suas posições, nos vastos meandros de uma administração em tempos conturbados. Em toscas palavras, atravessou no tom, sem segurar a harmonia. Foi o maestro que atravessou a ópera.
Golpismo
O que os generais fazem questão de frisar, é que não haverá golpe, ou outra ação que não seja democrática e constitucional. São obedientes à Carta Magna e exercerão seus papéis, independentemente de o chefe, ser de patente militar menor. Mas isso não importa, o homem é Presidente da República. Quem escolheu o caminho foi o Bolsonaro, se distanciando das propostas originais de governabilidade. Preferiu dar sustentação ao jogo do poder e, claro, pagará o preço. Não foi desta vez que conseguiu manter militares em postos do governo e empresas públicas. Uma pena.
Pressão
O Centrão, no fim das contas, é que pode colocar o governo de Bolsonaro no rumo e torná-lo mais difícil de ser derrotado no ano que vem. Ao que entendemos, a eleição será polarizada entre a direita que está no poder e, o centro-esquerda de Lula. Por que Lula se tornou um político de “centro esquerda”? Porque para disputar as eleições, com chances de vitória, necessitará de apoio dos partidos de esquerda, centro e também de alguns políticos de direita, descontentes com o Bolsonaro. Lula foi muito amigo do Centrão, quando exerceu o mandato de presidente.
Apoio
As pessoas que não são ligadas em política e que recebem alguns movimentos com surpresa, podem levar sustos do tipo, algum general apoiando o Lula na eleição do ano que vem, até porque o ex-presidente se dava muito bem com os chefes da Forças Armadas. O que teremos daqui em diante, é um governo mais ou menos igual ao de Michel Temer, com os presidentes da Câmara e Senado influindo diretamente. Para muita gente, isso será a despersonalização do governo de Bolsonaro, sem militares ao seu entorno o tempo todo.
Medo do Pujol
Qual será, na verdade, a encrenca com o chefe militar Edson Leal Pujol? O general, segundo este colunista apurou, é uma pessoa séria, de conduta irreparável, merecedor de alcançar o posto máximo do Exército, porque é assim que se chega lá, por “merecimento”. Aos, 66 anos, Pujol é cavalariano (Arma da Cavalaria), um militar muito competente e centrado nos deveres e responsabilidades. Ao que consta, não gostou da ideia de extrapolar as atribuições, ou desviá-las daquilo que reza a cartilha. E alguém assim, merece punição? Deveriam ter medo de bandido, ou de uma personalidade autocrata, não de uma pessoa decente e cumpridora do dever.
Luz no túnel
É triste olhar para o setor público e não conseguir encontrar uma liderança política sem a contaminação que permita disputar a presidência, com os valores que a população espera de um líder. O Brasil conseguiu essa façanha, a de exterminar a reserva moral e no fim, vai precisar escolher duvidosos ou alijados por escândalos. Que barbaridade.
Correção
Ontem o Corvo cometeu um erro, ao avaliar a vacinação nos Estados Unidos. Este colunista escreveu que lá, imunizam cerca de dois milhões de pessoas por dia. Está errado, é preciso acrescentar mais um milhão na conta. Sim, os E.U.A estão vacinando cerca de 3 milhões de habitantes a cada 24 horas. Num ritmo assim, é provável que 90% da população esteja imune até o final de abril.
Promessa cumprida
Joe Biden parece ser bom de cumprir a falação de campanha. Simplesmente triplicou a meta. Disse que tentaria imunizar um milhão de americanos e, com isto, livrar o país da Covid-19 em 180 dias. Vai reduzir a meta em menos que a metade do tempo. Por tabela mostra a liderança frente a potência que conduz. Não é difícil imaginar como o país se fortalecerá, saindo da pandemia antes que o resto do mundo. Se já eram fortes, terão na mão toda a economia mundial.
Erros
O Brasil terá que “rebolar” para colocar em dia a conversa com os parceiros. Nos metemos em assuntos estridentes e estamos fechando as portas com os mercados que ajudavam a mover a nossa economia. Negociamos muito mal, como amadores. Uma nação como o Brasil, não merece sofrer. A política externa precisa retomar o curso, com o peso institucional de parceiro sério, fornecedor de qualidade, compromissado com a sua força de trabalho. Do contrário teremos que consumir toda a soja produzida, o frango, o aço, as matérias primas exportadas, fora da roda em que giram as potências. Aí sim a trama ficará densa. Tomara a reforma ministerial corrija o rumo, sem a mendicância.
Chapéu na mão
Um exemplo dessa “rebolada” é precisar implorar vacinas para os Estados Unidos, as mesmas que rejeitamos não faz muito tempo, por “erro de avaliação”, soberba, posicionamento indefinido, negacionismo, dentre outras.
Ninguém merece
Já é duro viver no meio de uma pandemia, com tudo acontecendo de forma limitada, desemprego, falta de dinheiro, preços altos, faltam medicamentos, leitos hospitalares, um caos inimaginável. No lugar das pessoas darem as mãos, deixarem as diferenças de lado, e, partirem para soluções, se pegam, esquecendo que à margem dessas encrencas, vivem 211 milhões de pessoas. Não seria possível dar um tempo?
Sonhos atormentadores
Prezado Corvo, isso acontece comigo e deve acontecer com uma porção de pessoas: passo o dia escondido da Covid-19. Optei por ficar em casa, e quando saio, é rapidão, com máscara, proteção no rosto, álcool gel no carro e uso até luvas se for o caso. Ao voltar, jogo tudo num balde com alvejante. Para ter ideia, minhas roupas estão todas manchadas de Quiboa. Daí o dia passa e antes de dormir, sempre acredito que peguei a “mardita” moléstia; meço a febre, tiro pressão, fico imaginando a dor de garganta, tosse e essas coisas. Durmo, sonho com a doença e gente morrendo. A alegria é acordar no dia seguinte sem sintomas. Dali uns minutos, começa tudo de novo! Até quando hein Corvo?
Maria J. R. Amparo
O Corvo responde: prezada, isso acontece igualzinho com este colunista. Não há o que nos faça descansar e sempre levando essa dúvida: “de quem será foi que eu peguei Covid-19?”. Pensamos assim, mesmo sem contrair o vírus. O importante é se cuidar, porque este colunista conhece pessoas super cuidadosas e que pegaram a doença. Umas inclusive já nem estão entre nós.
Pescaria
Então Corvo, tem um riacho que passa bem perto de casa e chegou a dar coceira nas mãos para pegar a vara de bambu e ir buscar uns lambaris e tilápias. Esta época do ano e jogar o anzol e esperar uns segundos. Ainda mais com a Semana Santa e o preço dos peixes. Pescar pode ser a saída para uma mesa de acordo com os preceitos católicos. Cheguei a preparar as tralhas e ir até o portão, mas quando eu ia colocar o pé na calçada, passou uma viatura da PM. Voltei. Não é dor de cotovelo, mas meus vizinhos estavam todos lá, no riacho, curtindo o domingão. Teve gente que fez até churrasco na beira da água.
José Luiz F. Dias
O Corvo responde: este colunista é fã de uma pescaria nos riachos que cercam a cidade, mas faz isso com critérios, devolvendo para os rios peixes pequenos. Mas as regras sanitárias devem ser obedecidas e a última vez que o Corvo foi arriscar pegar um lambari, havia mais gente na barranca do que peixinhos no rio. E todo mundo sem máscara, zombando da situação. Entre relaxar e pegar Covid-19, sem estrutura para ser atendido, é melhor ficar em casa.
Fonte: GDia