Reportagem do Valor Econômico revela verdadeira face de Arno Augustin

Data: 06/05/2011Editoria: FinancasReporter: Luciana Otoni e Ribamar OliveiraPauta: Ping com o secretario do Tesouro NacionalPersonagem: Arno Augustin, Secertario do Tesouro Nacional.Foto: Ruy Baron/Valor

O ex-secretário do Tesouro Nacional Arno Augustin é um velho conhecido dos
paranaenses. Foi ele o responsável por criar barreiras e impor dificuldades
para que o estado tivesse acesso a empréstimos internacionais e recursos da
União que eram de direito e foram liberados a todas as outras unidades da
federação.

Para justificar sua posição, Augustin evocava uma série de miudezas
burocráticas. Quando o estado conseguia uma determinada certidão, a
Secretaria do Tesouro pedia outra, em claro descompasso com o que ocorria
no resto do Brasil. Em sua cruzada, Augustin chegou a descumprir uma
decisão judicial e só liberou os recursos para o Paraná depois de ter sua
prisão decretada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Nesta sexta-feira (11) Augustin é o personagem principal de uma matéria
reveladora do jornal Valor Econômico. A reportagem mostra como o
ex-secretário ignorou dezenas de alertas do corpo técnico da Secretaria do
Tesouro que antecipavam o desastre fiscal que vinha sendo construído no
primeiro governo Dilma. Mais do que isso, o Valor Econômico revela que foi
Augustin um dos mentores da “contabilidade criativa” do governo federal,
contabilidade esta que resultou nas pedaladas fiscais, na reprovação das
contas de Dilma pelo Tribunal de Contas da União e no rebaixamento da nota
do Brasil pelas agências de risco.

Alertado da gravidade de suas ações em reuniões formais com sua equipe,
Augustin reagia de duas formas: com ataques coléricos em que tratava os
avisos dos subordinados como “motim de rebelados” ou simplesmente ignorando
qualquer alerta.

Diz a matéria: “A pauta do encontro tinha cinco itens. O primeiro ponto de
preocupação era o risco de ‘downgrade’ e seus impactos. Os seguintes, a
política fiscal e suas consequências; a imagem do Tesouro; e o
aperfeiçoamento de processos internos. Por último o ‘relacionamento
interpessoal’, uma forma de se referir às explosões pelas quais o
secretário Arno Augustin era evitado por sua equipe.”

Augustin também é descrito na reportagem como “um soldado”, um “cumpridor
de tarefas” do governo Dilma. “A presidente decidia e ele entregava”,
descreve uma autoridade entrevistada pelo Valor. O jornal também revela que
a grande parceira de atuação de Augustin no governo federal era a
ex-ministra Gleisi Hoffmann.

O dado que mais chama a atenção na reportagem é atuação de duas faces do
ex-secretário. Com o Paraná, Augustin se mostrava um administrador
exageradamente zeloso, um ferrenho guardião da chave do cofre, mas, no
geral, o quadro era bem outro. Diz o Valor: “A generosidade do Tesouro
nesse período foi marcante. Um ex-secretário de Fazenda relatou ao Valor
como levou uma bronca de seu governador por ser “conservador” nos pedidos
de empréstimo. A estratégia do governador, ao chegar ao Ministério da
Fazenda para reunião com Mantega, era pedir o dobro do necessário, prevendo
que o Tesouro iria regatear o valor. Terminado o encontro veio o puxão de
orelha ao secretário: “Você é um bobo! Eu pedi o dobro e eles liberaram
quase o triplo!”, diz a reportagem.

(fotos: ABr)

*link matéria*
http://www.valor.com.br/pedaladas

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