O senador Roberto Requião, presidente do PMDB do Paraná, se recusou a
aceitar a ata com o resultado das eleições do diretório municipal de
Curitiba que elegeu Doático Santos na presidente e mais integrantes do
grupo do ex-governador Orlando Pessuti. Doático disse que vai recorrer
direto à direção nacional do partido em Brasília e ainda acusa Requião de
desrespeitar a determinação do PMDB de se afastar do governo Dilma Rousseff
(PT) e de atacar, sistematicamente, o presidente nacional da legenda,
Michel Temer. “Não vamos aceitar que por carguinhos de Dilma, Requião
continua atacando o presidente Michel Temer. A decisão do partido é clara:
entregar os cargos e votar pelo impeachment. Quem não fizer isso será
punido. No Paraná, defendemos a intervenção e dissolução da executiva”,
disse Doático.
No Paraná, o PMDB sou eu, diz Requião*
Na entrevista a BBC Brasil desta sexta-feira, 1º de abril, o senador
Roberto Requião (PMDB) disse que “o Paraná não compareceu à reunião” de
terça-feira, 29, em Brasília, na qual, por aclamação, o partido decidiu
desembarcar do governo Dilma Rousseff (PT). Requião se ‘esqueceu’ que
Rodrigo Rocha Loures e Osmar Serraglio, os dois do PMDB do Paraná, foram ao
encontro.
Já os deputados Nereu Moura e Requião Filho viajaram à capital, mas foram
proibidos de participar na reunião. O mesmo aconteceu com os deputados João
Arruda, sobrinho do senador, e Hermes Parcianello. Todos gravitam sobre a
órbita de Requião. Exceção aos deputados Sérgio Souza (não foi à reunião) e
Osmar Serraglio, presente e com discurso pelo impeachment de Dilma.
O senhor pensa em desfiliar-se?, perguntou a repórter da BBC, Ingrid
Fagundez, para Requião. “Eu não! Acho que a briga é dentro do partido. Sou
uma frente de resistência, desde que nasci. Não tenho outras opções
melhores. Você não propõe que eu vá para o PT, né?”.
Mas o senhor é a favor da saída do governo dadas as atuais
circunstâncias?, insistiu a repórter. “Não. Sou favorável à mudança da
política econômica do Brasil. Não posso falar em sair do governo porque
nunca entrei”. Requião escorrega novamente porque, na verdade, tem vários
cargos no governo federal, entre eles, o de conselheiro de Itaipu
Binacional onde seu irmão Maurício Requião se encontra alojado.
Em tempo: credita-se a Luiz XV, antes de ser decapitado pela revolução
francesa, a célebre frase “*L’État c’est moi*” (O estado sou eu).