O governador Beto Richa garantiu nesta quarta-feira (20), em reunião com
lideranças políticas e empresários de São Mateus do Sul, que o governo
estadual dará todo o apoio necessário para evitar o possível fechamento da
usina de xisto da Petrobras. “A manutenção dessa unidade terá o apoio
integral e irrestrito do nosso governo, que entende que o fechamento da
mineradora traria reflexos nocivos para economia e geração de empregos no
município”, disse.
Richa vai convocar a bancada federal e pedirá uma audiência com o ministro
de Minas e Energia, Eduardo Braga, para conversar sobre o tema. “Vamos nos
mobilizar para atender ao pedido da comunidade de São Mateus do Sul que
está preocupada com os impactos do fechamento da unidade, que é vital para
a economia da região”, destacou.
Desde 1972, a Petrobras extrai petróleo e gás do xisto betuminoso na
formação Irati, em São Mateus do Sul, pela subsidiária Petrosix. A produção
é de aproximadamente 7,8 mil barris de petróleo de xisto por dia. O xisto
betuminoso é uma rocha rica em material orgânico. Em suas camadas, é
possível encontrar óleo semelhante ao derivado do petróleo.
Com a atual situação financeira da Petrobrás, a companhia estaria estudando
o fechamento de algumas unidades no país. O prefeito interino de São Mateus
do Sul, Clóvis Distéfano, explica que não existe um posicionamento formal
da empresa confirmando a intenção de fechar a unidade de xisto do
município. “Mesmo sem o anuncio oficial, estamos nos mobilizando para
evitarmos o encerramento das atividades na unidade. É importante contar com
o apoio do governador”, afirmou.
Ele falou que nos últimos anos a produção e a geração dos empregos têm
caído. “Vemos uma tendência para o fechamento. Por isso, não podemos ficar
de braços cruzados”, disse.
A unidade de xisto da Petrobras possui mil empregos diretos e três mil
indiretos. “Considerando uma média de quatro pessoas por família, teremos
um total de 16 mil pessoas que serão impactadas com a medida. Os impactos
com o fechamento da unidade seriam trágicos. Nossa cidade inteira depende
dessa unidade. Temos várias empresas instaladas na cidade que foram
atraídas pela usina de xisto”, avalia o prefeito.
Outro impacto do fechamento seria na arrecadação municipal e estadual.
Atualmente, a unidade recolhe aproximadamente R$ 98 milhões em impostos e
royalties. Desse total, R$ 20 milhões ficam em São Mateus do Sul, e R$ 60
milhões são repassados ao Governo do Paraná. O prefeito explica que esse
valor representa 48% da renda do município, que atualmente, tem 45 mil
habitantes.
ECONOMIA- Com a saída da usina do município, a previsão é que 10 mil
pessoas saiam da cidade a procura de empregos em outras regiões. O impacto
atingiria diretamente o comércio da região, já que esses trabalhadores
representam a população com a maior renda de São Mateus. “Estamos
preocupados e buscamos uma saída para esse problema, se não vários
empreendimentos comerciais serão fechados gerando mais desemprego”, avalia
o presidente da Associação Comercial e Industrial de São Mateus do Sul,
Edson Dacorégio.
Além do desemprego e da queda de arrecadação, o município teria problemas
com a interrupção do fornecimento de calcário e com o lixo urbano que
atualmente é depositado nas cavas da usina.
Estavam presentes no Palácio Iguaçu o presidente da Fecomércio-PR, Darci
Piana, o presidente da Assembleia, Ademar Traiano, o líder do governo na
Assembleia, deputado Luiz Claudio Romanelli, e os deputados estaduais
Hussein Bakri e Alexandre Curi, além de lideranças municipais e
empresários.
(fotos: Ricardo Almeida)