Saiba quem foi Poty Lazzarotto, o curitibano que deixou um legado nas artes visuais

De marca inconfundível e eterna, o artista visual Poty Lazzarotto completaria 100 anos no mesmo dia do aniversário de Curitiba, 29 de março. Ele faleceu em 8 de maio de 1998, deixando um legado inconfundível de inúmeras ilustrações, painéis e até vitrais que encantam olhares de quem circula pela cidade.

Em Curitiba e pelo mundo, Poty imprimiu sua genialidade em cada traço.

Conheça um pouco da trajetória do artista

Gravador, desenhista, ilustrador, muralista e professor, Napoleon Potyguara Lazzarotto viveu a infância e a adolescência no bairro Capanema. A casa da família ficava às margens da estrada de ferro e no mesmo terreno foi montado o restaurante conhecido como Vagão do Armistício, frequentado por políticos e intelectuais.

Poty começou a se interessar pelo desenho ainda criança. Suas criações ilustravam o teto do “vagão”.

Em 1942 ganhou bolsa de estudos e mudou-se para o Rio de Janeiro para estudar pintura na Escola Nacional de Belas Artes. Logo passou a frequentar o curso de gravura de Carlos Oswald no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro. No Rio, conheceu artistas e escritores como Pancetti e Carlos Drumond de Andrade.

Quando vinha a Curitiba passar as férias de fim de ano, reunia-se com amigos artistas no ateliê de Guido Viaro. Foi onde conheceu Dalton Trevisan, editor da Revista Joaquim, da qual foi um dos colaboradores. Apesar de sua curta existência (1946 a 1948), a revista foi muito prestigiada, por reunir textos e ilustrações de artistas e escritores consagrados.

Em 1946, Poty viaja para Paris, onde permanece por um ano. Estuda litografia na École Supérieure des Beaux-Arts, com bolsa do governo francês. Em Paris conheceu a mineira Célia Neves, com quem se casou em 1955. O casal colecionou grande número de obras de arte de importantes artistas. Com a morte de Célia, em 1986, a coleção foi doada ao município de Curitiba, dando origem ao Museu Municipal de Arte.

De volta ao Brasil, Poty organiza cursos de gravura em São Paulo, Curitiba, Salvador e Recife, e firma sua carreira como ilustrador. Atua em jornais do Rio de Janeiro e editoras como a José Olympio, tornando-se seu principal ilustrador. Ilustrou livros de grandes escritores, como Guimarães Rosa, Jorge Amado, Graciliano Ramos, Euclides da Cunha, Dalton Trevisan, entre outros.

Ao longo de sua carreira, participou de exposições dentro e fora do país e de inúmeras Bienais de São Paulo. Ao comentar sobre o seu desenvolvimento artístico, os críticos citam como determinante a viagem que fez ao Xingu, em 1967, quando passou um mês entre os indígenas, a convite do amigo indigenista Noel Nutels. A experiência teve grande influência no desenho de Poty.

A partir de 1955, o artista passa a se destacar também como muralista, com diversas obras em edifícios públicos e particulares no país e no exterior. Ele executou diversos murais, como o da Casa do Brasil, em Paris (1950), e o painel para o Memorial da América Latina, em São Paulo (1988), tornando-se um dos maiores nomes brasileiros nessa arte.

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