A força-tarefa da Operação Lava Jato considera ter elementos para levar o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao banco dos réus, acusado de
envolvimento com a organização criminosa que corrompeu e lavou dinheiro
desviado da Petrobras – independente de qual instância ele será processado.
O inquérito sobre a compra e reforma do Sítio Santa Bárbara, em Atibaia
(SP), será a primeira acusação formal entregue à Justiça. As informações
são de Veja/Estadão.
O Supremo Tribunal Federal (STF) decidirá ainda se Lula pode assumir o
cargo de ministro da Casa Civil e se ele será denunciado pela Procuradoria
Geral da República (PGR), considerando o direito ao foro especial por
prerrogativa de função, ou se as acusações poderão ser apresentadas pela
Procuradoria, em Curitiba, diretamente ao juiz federal Sérgio Moro – dos
processos em primeiro grau da Lava Jato.
Alvo em Curitiba de três frentes de apuração na Lava Jato – as outras duas
envolvem o tríplex 164 A, da OAS, no Guarujá, e os pagamentos e repasses
para o ex-presidente via sua empresa de palestras, a LILS, e para o
Instituto Lula -, a que envolve o sítio de Atibaia é a mais robusta, na
avaliação dos investigadores. Os inquéritos estão suspensos depois que ele
foi nomeado ministro da Casa Civil pela presidente Dilma Rousseff, no dia
17, e o tema foi levado ao Supremo.
A peça apontará a família do ex-prefeito de Campinas (SP) e amigo de Lula
Jacó Bittar (PT) como “laranjas” na ocultação da propriedade, adquirida em
2010 pelo valor declarado de 1,5 milhão de reais. Os registros de escritura
em nome dos donos oficiais, um “contrato de gaveta” em nome do
ex-presidente e da mulher, Marisa Letícia, encontrado nas buscas e
depoimentos dos investigados farão parte da acusação.
O compadre e defensor jurídico do ex-presidente Roberto Teixeira também
será citado como parte da operação de formalização do negócio. Oficialmente
a propriedade está registrada em nome de um dos filhos de Bittar, Fernando
Bittar, e do empresário Jonas Suassuna – ambos sócios do filho de Lula. O
registro de compra do imóvel foi realizado pelo escritório de Teixeira.
Com base nas notas fiscais localizadas nas buscas e apreensões, depoimentos
colhidos e movimentações bancárias analisadas, a Lava Jato também vinculará
os desvios de recursos na Petrobras à reforma executada no sítio e a
manutenção de bens referentes a Lula. OAS, Odebrecht e o pecuarista José
Carlos Bumlai serão vinculados aos serviços executados, como compensação
por obras loteadas pelo cartel.
Em documento enviado ao STF, a defesa de Lula sustenta que o sítio foi
comprado pelo amigo Jacó Bittar para convívio das duas famílias, após ele
deixar a presidência, em 2011.
O defensor de Lula Cristiano Zanin Martins informou que o “MPF tem
conhecimento, em virtude de provas documentais, de que (i) o sítio foi
comprado com recursos provenientes de Jacó Bittar e de seu sócio Jonas
Suassuna; (ii) que Fernando Bittar e Jonas Suassuna custearam, com seu
próprio patrimônio, reformas e melhorias no imóvel; (iii) que Fernando
Bittar e sua família frequentaram o sítio com a mesma intensidade dos
membros da família do ex-presidente Lula, estes últimos na condição de
convidados”.(foto: Veja)
*link matéria*
http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/sitio-de-atibaia-sera-1-acusacao-a-lula-na-lava-jato
Laudo da PF mostra repasses da Andrade a instituto de pesquisa*
Laudo da Polícia Federal sobre a contabilidade da Andrade Gutierrez mostra
pagamentos de R$ 18,4 milhões da construtora ao instituto de pesquisas Vox
Populi. Na semana passada, reportagem da Folha mostrou que a Andrade usou
um contrato com o instituto para pagar pesquisas utilizadas pela campanha
de reeleição de Dilma Rousseff em 2014, mas não declaradas. A prática
configura caixa dois. As informações são de Felipe Bächtold na Folha de S.
Paulo.
De acordo com o relatório da PF, 54 pagamentos ao Vox Populi e à Vox
Opinião Pesquisa foram lançados nas contas como “consultorias” e
“assessorias diversas”. O laudo aborda despesas da empresa de 2004 a 2014,
mas a data desses repasses não está especificada.
Em depoimentos de delação, ex-executivos da Andrade Gutierrez já haviam
relatado a existência de um esquema de pagamento de pesquisas na campanha
de Dilma à Presidência, em 2010.
O Vox Populi diz que a empreiteira é cliente do instituto há mais de 25
anos.
O documento da PF, concluído em fevereiro, foi anexado a um dos inquéritos
da Operação Lava Jato.
Na lista de doações, também aparecem o Instituto Lula e a Paróquia São
Pedro de Taguatinga, no Distrito Federal, que foi pivô da prisão do
ex-senador Gim Argello (PTB-DF) na 28ª fase da Lava Jato, na semana passada.
Os investigadores divulgaram na ocasião que a construtora OAS havia doado
R$ 350 mil em 2014 à paróquia por ordem de Argello, que ameaçava convocar o
empreiteiro Léo Pinheiro para depor na CPI da Petrobras.
A Andrade Gutierrez pagou à igreja R$ 700 mil de 2010 a 2014. O padre
Moacir Anastácio já havia afirmado ao Ministério Público Federal que a
construtora fez contribuição de R$ 300 mil intermediada pelo então
governador do DF, Agnelo Queiroz (PT), mas não “condicionada a qualquer
contraprestação”.
No laudo da Polícia Federal, também há um item específico de despesas como
prestação de serviços com “publicidade/marketing/gráfica”. Nesse setor,
estão listados pagamentos para 16 empresas que somam R$ 28 milhões, sem
data especificada.
Na análise das contas, os peritos da PF chamam a atenção para um repasse de
R$ 2 milhões da Andrade em 2014 para a empresa Ediminas Editora Gráfica,
que “difere” do padrão de doações da empreiteira, que costuma contribuir
com entidades empresariais. “Esta empresa consta, nos registros do TSE
[Tribunal Superior Eleitoral], como prestadora de serviço de diversas
campanhas em Minas”, diz o relatório. A Ediminas edita o jornal “Hoje em
Dia”, de Belo Horizonte.
OUTRO LADO
A Andrade Gutierrez disse que não iria se manifestar.
O Vox Populi afirmou, em nota, que fez para a Andrade Gutierrez diversos
tipos de pesquisas “mercadológica e de opinião pública”.
“Os resultados dessas pesquisas foram entregues ao contratante. Todos os
serviços foram regularmente contratados e contabilizados.”
O ex-dono do jornal “Hoje em Dia” Flávio Carneiro, que vendeu a publicação
neste ano, disse à reportagem que os pagamentos da Andrade Gutierrez se
referem a publicidade e patrocínio.
*link matéria*
http://www1.folha.uol.com.br/poder/2016/04/1763927-laudo-da-pf-mostra-repasses-da-andrade-a-instituto-de-pesquisa.shtml