fonte:Aroldo Murá///Que o secretário Municipal de Governo de Curitiba, Ricardo MacDonald, é
péssimo de molejo, a cidade sabe há muitos anos. Como também sabe que ele
tem qualidades até positivas.
E tem outras ainda não bem, decodificadas, que devem agradar muito o
prefeito Gustavo Fruet, cada vez mais dependente das decisões de Ricardo e
seus planejamentos supostamente ‘estratégicos’. A tal ponto que todos os
secretários da Prefeitura de Curitiba lhe pedem benção e não dão um passo
mais seguro (ou autônomo) sem ter o seu “faça-se”. Ou “fiat”, como adoram
citar certos latinistas da Prefeitura, quando indagam, em tom de blague, a
algum colega:
“Você já pegou o ‘fiat’ do subprefeito” Ricardo?
Os despachos do secretariado são sempre, em primeiro lugar, com MacDonald.
“E que ninguém ouse sequer sonhar em fugir desse regulamento, indo ao
prefeito antes”, assegura-me uma fonte bem assentada em gabinetes da
Prefeitura, testemunha privilegiada.
*2 – PLENA OBEDIÊNCIA*
Quem ousou, excepcionalmente, fugir do modelito MacDonald, não foi poupado.
Tal como aconteceu com o ex-secretário de Comunicação Social, Gladimir
Nascimento, defenestrado do Palácio 29 de Março e “promovido” a assessor da
URBS, onde hoje trabalha com o “scholar” Roberto Gregório. Este, por sinal,
é dos mais dóceis aos comandos de Ricardo MacDonald. Matematicamente
obediente ao secretário de Governo.
“Gregório não perdeu o juízo”, observa à coluna um ex-presidente da Câmara
Municipal, com pedido de ficar no anonimato.
Pedido atendido.
*3 – “COMO TRATOR”*
Das qualidades evidentes de Ricardo MacDonald, o todo poderoso
“condottiere” da Prefeitura – e cujas decisões finais podem até anular às
do diplomático Gustavo Fruet, outrora um grande quadro do legislativo
brasileiro -, há as de até agora agir às claras.
Às vezes, pode até parecer um ‘trator”. É direto e não enxerga pela frente
obstáculos, sensibilidades e posições a serem resguardados ou considerados.
E, também, sobre ele não pesam suspeitas de atos de improbidade, apesar do
imenso poder, enorme, que tem. Ponto para ele, neste país de bandidos
escorados na administração pública.
Mas por que, então, alguém tão poderoso assim não consegue que apareçam as
ações da Prefeitura? Nem que se apontem onde estão, se eventualmente
escondidas?
Porque o ubíquo MacDonald não colhe resultados de tantas concentrações de
poderes? Porque a ação desse subprefeito de fato não gera, ao fim e ao
cabo, números positivos para uma administração rejeitada por 62% dos
curitibanos, segundo todas as avaliações de opinião pública recentes?
E por que o outrora “Darling” dos curitibanos, Gustavo Fruet, hoje é quase
sempre nomeado como uma das grandes frustrações do eleitor da Capital?
MacDonald estaria, então, embora o enorme poder que detém, sendo um mau
gestor?
*4 – ELEONORA, A CULPADA*
Nomes de respeitáveis curitibanos muito próximos de Ricardo MacDonald o
defendem acirradamente. Um deles, um comunicador social – dentre outros
tantos da cidade – me assegura que “tudo é culpa da Eleonora Fruet”, a
secretária de Fazenda.
Para esse analista, “nem cortar a grama das praças o Ricardo consegue que
se faça, assim como mandar tapar buracos, porque tromba com alguém mais
duro do que ele, a irmã de Gustavo”.
A versão do jornalista contradiz todas as informações que se tem sobre o
enorme poder de MacDonald. Mas a registramos. O contraditório é necessário,
sempre.
Ignorante sobre atribuições de secretários municipais, acabo entendendo
porque esse defensor de Ricardo MacDonald aponta-o como impedido “até de
mandar cortar grama das praças e parques”. Simplesmente porque, entre as
atribuições (no papel) da Secretaria do Governo de Curitiba, está a de seu
titular ordenar gasto com o dia a dia da cidade. “É o papel de mordomo da
cidade que o MacDonald não consegue determinar que se faça.
A Eleonora lhe fecha o cofre…”
Ah, isso quer dizer que existe uma guerra surda entre duas forças
antagônicas que, ao fim e ao cabo, deteriam, de fato, a última palavra na
Prefeitura de Curitiba?
Que existe uma guerra surda (silenciosa mesmo) entre MacDonald e a irmã do
prefeito, a poderosíssima Eleonora, não duvidam os que conhecem os
escaninhos da Prefeitura.
Então, Mcdonald e sua suposta sanha de poder teriam encontrado uma barreira
em Eleonora Fruet? A resposta pode estar nesta observação que colho em
fonte política:
*5 – MULHER PODEROSA*
“Eleonora é mais poderosa que MacDonald e tem mais cacife junto ao
prefeito. Uma questão genética e de acatamento à formação intelectual de
Eleonora”.
De minha parte não acredito que exista uma guerra MacDonald versus
Eleonora. Ela estaria simplesmente sendo coerente: se o prefeito
respalda-se nela para negar recursos públicos aos mais variados pedidos,
Eleonora não tem como senão manter política de austeridade. Cofres
fechados, pois.
E conjugando preferencialmente o verbo arrecadar; raramente o gastar.
Os dois são da mesma conjugação, mas diametralmente opostos.
O que há é que os dois secretários apenas começam a terçar armas.
As grandes batalhas poderão surgir quando a equipe identificada com
MacDonald terá de fazer o que – dentro da lei – sempre fez: arrecadar
recursos para campanha de Gustavo… a qualquer cargo a que ele se proponha a
concorrer.