Temer monta seu governo: “Quero entrar para a história”

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Às vésperas da votação do impeachment, o vice arregaça as mangas e toma as primeiras
decisões: vai demitir todos os ministros de Dilma, caso não peçam demissão,
promete reduzir o número de ministérios, monta um pacote de privatizações e
escala Meirelles e Serra para atrair o capital externo- FONTE : Robson Bonin e Daniel
Pereira, Veja*//

Eram 13 horas da quinta-­feira passada quando o vice-presidente da
República, Michel Temer, cortou um pedaço do queijo branco sobre a mesa de
reuniões da antessala de seu gabinete no Anexo II do Palácio do Planalto.
Prestes a se tornar presidente da República, o peemedebista mal tem tempo
para se alimentar e já perdeu 2 quilos e meio. Enfrenta uma maratona diária
de reuniões com políticos, conselheiros, antigos aliados e candidatos a
novos amigos, todos dispostos a ocupar um lugar de destaque em seu governo.
A pauta dessa roda-viva é a montagem do ministério, uma equação complicada
diante da quantidade de partidos a atender e dos interesses em jogo. Temer
não externa angústia nem entusiasmo ao traçar cenários, ainda tem muitas
dúvidas e uma ambição certeira. Diz o vice: “Eu quero entrar para a
história”. Ele acha que conquistará um lugar no panteão da República se
encerrar o ciclo de recessão, viabilizar os investimentos privados e
estimular a geração de empregos. É a sua grande aposta. É a sua grande
largada.

Advogado constitucionalista que escreve poemas, Temer admite conhecer pouco
de economia. Por isso, a raposa política com décadas de experiência na vida
pública delegará o comando dessa área a um nome testado e aprovado pelos
meios políticos, financeiros e empresariais: Henrique Meirelles, presidente
do Banco Central no governo Lula. Esnobado por Dilma, que se recusou a
nomeá-lo para chefiar sua equipe econômica, Meirelles assumirá o Ministério
da Fazenda no eventual governo Temer com carta branca para escolher o
presidente do Banco Central e ressuscitar o PIB. Na semana passada, o vice
fez questão de deixar escapar a preferência por Meirelles para avaliar a
receptividade ao nome. Considerou positiva a reação do mercado e deu ao
futuro subordinado um dever de casa: analisar um documento entregue por
Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo,
a Fiesp. O documento propõe um monumental corte de despesas e a venda de
parte das estatais para reforçar o caixa. Temer e Skaf se reuniram no
Palácio do Jaburu, no domingo 24. O convidado soou como sinfonia de Bach
aos ouvidos do anfitrião.

Skaf disse a Temer que é possível reduzir “a zero” o déficit do governo em
2016, estimado em 96,6 bilhões de reais pelo governo Dilma Rousseff, sem
contar os gastos com o pagamento de juros da dívida. Skaf também garantiu a
Temer que é possível zerar o déficit mesmo sem ressuscitar a CPMF, o
imposto do cheque. O vice encarregou Meirelles de ver quanto pode
aproveitar das sugestões da Fiesp. Quer que o futuro ministro feche uma
proposta econômica que enterre de vez a CPMF e reduza drasticamente o
déficit projetado.

A ideia de Temer é levar a nova meta fiscal ao Congresso no seu primeiro
dia como presidente da República. Será seu ato inaugural. Um ato de
compromisso com o reequilíbrio das contas públicas e de afago aos
contribuintes. “Li o plano e gostei. Zerar o déficit sem recorrer a aumento
de impostos me agrada”, diz Temer. “Eu preciso mudar a meta fiscal de 2016
até para não começar meu mandato cometendo pedaladas fiscais”, acrescenta,
referindo-se à acusação que embasou o impeachment contra Dilma.

(foto: Dida Sampaio/Estadão)

*link de trecho da matéria*
http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/temer-monta-seu-governo-quero-entrar-para-a-historia

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