Teori libera para julgamento denúncia de Meurer na Lava-Jato

deputado-nelson-meurer

O ministro Teori Zavascki, relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal
(STF), liberou, nesta sexta-feira, para a pauta de julgamentos, denúncia
contra o deputado Nelson Meurer (PP-PR) e seus dois filhos, Nelson Meurer
Junior e Cristiano Augusto Meurer. Ainda não há data marcada, mas a
previsão é de que o caso seja analisado pela Segunda Turma no tribunal no
próximo dia 21. Se a denúncia for aceita, os três se tornarão réus em uma
ação penal. As informações são de Carolina Brígido n’O Globo.

Investigações da Lava-Jato apontam que o ex-diretor de Abastecimento da
Petrobras Paulo Roberto Costa e a cúpula do PP receberam, entre 2006 e
2014, R$ 357,9 milhões de dinheiro desviado de contratos de empreiteiras
com a estatal. Desse total, R$ 62,1 milhões eram guardados em um “caixa de
propinas” administrado pelo doleiro Alberto Youssef. Um dos maiores
beneficiados com o esquema de desvios foi Meurer. No mesmo período, ele
recebeu R$ 29,7 milhões. A quantia foi dividida em 99 repasses de R$ 300
mil mensais.

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, acusou Meurer de ter
comedido corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Segundo a denúncia,
Meurer também obteve, em 2010, “repasses extraordinários” para financiar
sua campanha à reeleição na Câmara dos Deputados. Por meio de Youssef,
foram entregues R$ 4 milhões ao deputado. Além disso, construtora Queiroz
Galvão transferiu R$ 500 mil a Meurer em dois repasses. Para a
Procuradoria-Geral da República, era “propina disfarçada de doação
eleitoral oficial”.

Os dois filhos do deputado teriam contribuído para o recebimento do
dinheiro – e, por isso, também foram denunciados por corrupção passiva e
lavagem de dinheiro. Janot pede que os três devolvam aos cofres públicos R$
357,9 milhões. E que paguem danos morais à União no mesmo valor, no mínimo.
Tudo acrescido de juros e correção monetária.

Segundo a denúncia, em troca do dinheiro, Meurer e a cúpula do PP
trabalhavam politicamente para manter Paulo Roberto Costa no posto. As
empreiteiras, por sua vez, concordavam em pagar a propina para garantir a
continuidade do cartel de empresas interessadas em celebrar contratos
irregulares com a Petrobras.

Ainda de acordo com o procurador-geral, Meurer tinha várias estratégias
para ocultar o dinheiro. Uma delas era receber grandes quantias em espécie.
Ele também recebia dinheiro por meio do Posto da Torre, do doleiro Carlos
Habib Chater, primeiro alvo da Operação Lava-Jato. O deputado também
realizava depósitos em suas contas bancárias de valores menores, para se
esquivar do rastreamento do Conselho de Controle de Atividades Financeiras
(Coaf). Meurer ainda declarava no Imposto de Renda alta quantia em espécie,
para tentar conferir à propina o caráter de licitude.

Teori também liberou para julgamento pelo plenário da corte a denúncia de
Janot, no inquérito que investiga contas na Suíça mantidas pelo presidente
afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Ele é acusado pelos crimes de
corrupção ativa e lavagem de dinheiro. Ainda não há data para o julgamento.
Caso a denúncia seja aceita, ele passa à condição de réu.

(foto: Ailton de Freitas/O Globo)

*link matéria*
http://oglobo.globo.com/brasil/teori-libera-para-julgamento-denuncia-de-deputado-do-pp-na-lava-jato-19482433#ixzz4BGLDQDur

Compartilhe