Em junho foram doze meses sem ganho real algum para o trabalhador brasileiro. A inflação em alta e os preços dos alimentos dispararam sem qualquer chance de retroagir.
E o ministro da economia saindo com frases inoportunas, com que dizendo para o pobre comer restos de comida e a mais contundente: “Se não tem dinheiro nem pra comprar comida, por que reclama do preço da gasolina?”
Os principais aumentos dos últimos meses foram: óleo de soja (82,37%), arroz (56,66%), feijão fradinho (50,71%) e peito (46,17%). Outro destaque é a categoria de “combustíveis”, com etanol (37,16%), gasolina (35,59%) e óleo diesel (24,56%).
A situação é catastrófica para a dona de casa que vai ao mercado. “Paguei, no máximo, até R$ 4,50 no óleo. Agora, não, dobrou o preço. O mais barato, mais em conta, está R$ 9, foi o que paguei nele hoje”, é o relato que quem está no dia-a-dia das compras.
Nos últimos 12 meses, a alta sem trégua tem a ver com o que acontece fora do Brasil. Os alimentos básicos aqui – soja, trigo, milho – são básicos no mundo todo. Por isso, o preço que pagamos é regulado internacionalmente, em dólar, que está alto.
Se a agricultura do Brasil sai ganhando, porque é um grande produtora e exportadora de commodities, as matérias-primas, por outro, enquanto a demanda externa estiver aquecida, o preço dos alimentos não vai cair.
“Os 35 alimentos mais consumidos no mundo estão no patamar mais alto de preços desde 2014. Nós temos uma demanda bastante aquecida nesta retomada da atividade econômica em países desenvolvidos, como é o caso da China, como é o caso dos Estados Unidos, e países que normalmente são, em muitos casos, importadores de alimentos”, explica Carlos Cogo, consultor em agronegócios.
O custo dos alimentos subiu 12,14%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de janeiro a novembro. A dupla inseparável no prato dos brasileiros, o arroz e feijão encareceram de forma abrupta este ano, o arroz teve alta de 69,5%, enquanto o feijão carioca, o mais consumido, valorizou 12,9%, e o tipo preto, 40,7%. Ambos os dados fazem referência aos meses de janeiro a novembro, de acordo com o IBGE.
Houve também um aumento das exportações brasileiras, tendo em vista a desvalorização da moeda brasileira frente ao dólar, aumentando ainda mais a demanda, dessa vez externa.
Outro item essencial no prato dos brasileiros obteve aumento significativo, a carne subiu devido ao aumento das exportações e também dos custos de produção do gado, interligado ao encarecimento dos produtos provenientes da base das rações, como a soja e o milho.

Para se ter uma ideia, o Sul do país, uma das mais importantes produtoras da verdura, passou por uma seca no início do ano, e se encontra novamente em um novo período de estiagem, o que reduziu drasticamente a produtividade e comercialização do produto.