O livro “Tudo por dinheiro: a ganância da ‘lava jato’ segundo Eduardo Appio”, escrito por Salvio Kotter, será lançado em outubro. A obra conta como a força-tarefa anticorrupção se transformou em um jogo de “poder e ganância”, pela perspectiva do juiz Eduardo Appio, que foi titular da 13ª Vara Federal de Curitiba por alguns meses no último ano.
O livro expõe as práticas ilegais e os interesses ocultos da força-tarefa, os beneficiados pela “lava jato”, os ganhos financeiros exorbitantes e casos emblemáticos — como os do advogado Rodrigo Tacla Duran e do empresário e ex-deputado estadual paranaense Tony Garcia.
Ao criticar a “lava jato”, Appio afirma que ela “promoveu a impunidade no Brasil”, pois a maioria dos grandes empresários envolvidos conseguiu evitar punições proporcionais aos seus crimes.
Segundo o juiz, aqueles com maior responsabilidade pelos crimes financeiros foram favorecidos por acordos judiciais, desde que contribuíssem para a “conta corrente consolidada” da 13ª Vara. Bilhões de reais posteriormente foram transferidos ao controle dos gestores da “lava jato” por meio de uma fundação privada, posteriormente cassada pelo Supremo Tribunal Federal.
A obra também mostra que prisões eram feitas nas primeiras horas das manhãs de quinta-feira para render manchetes durante todo o fim de semana. Os detidos eram colocados em celas sujas, com colchonetes encharcados de urina e infestados de pulgas. Eles eram isolados de qualquer contato por algum tempo e, na segunda-feira pela manhã, eram chamados para acordos de delação.
Appio relata em detalhes o caso de Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras e o primeiro preso da “lava jato”, cujo direito ao banho foi negado por vários dias. A força-tarefa também ameaçou processar sua filha. “Era uma espécie de Guantánamo”, diz o juiz. “Concedi um Habeas Corpus a Paulo Roberto Costa em abril de 2014 e, a partir daí, entrei para a lista negra dos inimigos da ‘lava jato’.”
FONTE CONJUR ;COM.BR