UM X9 RECRUTADO POR MORO?

TON E BETO

Ele ficou mais conhecido no sul do Brasil, depois que apareceu na imprensa entregando os diálogos que envolvia amigos, parentes e assessores do ex-governador Beto Richa. Antonio Celso Garcia, vulgo Tony Garcia, ex-deputado estadual que fracassou ao tentar por duas vezes o senado em 1990 e 2002, mais uma vez volta às manchetes com revelações no judiciário. Tony para muitos foi um verdadeiro traíra e também um homem bomba a derrubar o Palácio Iguaçu em 2018, pois circulava com extrema liberdade no governo usando até os elevadores exclusivos para autoridades.

Beto e Tony foram grandes amigos desde adolescentes em Londrina, pois sempre estavam no kartódromo disputando corridas de kart. A vida fez com que viessem a habitar na capital do estado e o tempo passou até que Tony se sentiu traído por Beto em função de negócios que até hoje ainda são nebulosos, mas que serviu para ferrar o ex-governador ao prestar depoimentos nos Ministérios Públicos Estadual e Federal. Tony foi colaborador na conhecida Operação Rádio Patrulha deflagrada pelo Gaeco, e que de lambuja levou à prisão também a esposa de Fernanda Richa, que até hoje não teve nenhuma condenação, causando uma exposição desnecessária a toda família.

A caguetada de Tony serviu como um verdadeiro tsunami no Centro Cívico, além de acabar com a campanha ao senado de Beto Richa, serviu para indiciar o irmão de Beto, o Pepe Richa (ex-secretário de Infra-Estrutura), Deonilson Roldo (chefe de Gabinete), Ezequias Moreira (secretário do Cerimonial), Luiz Abi Antoun (primo-distante), Jorge Atherino (amigo e sócio), além de outros, que tiveram de cumprir na época prisões temporárias ou preventivas coincidentemente decretadas pelo juiz federal Sergio Moro e pelo juiz estadual Fernando Fischer. As denúncias foram frutos das freqüentes visitas de Tony a Beto, para algumas tratativas, que fizeram com que o ligeiro Tony gravar diversas conversas entre eles.

 O diálogo mais famoso revelado por Tony foi dele com Beto dentro de um carro no Ecoville, quando trataram de pagamentos ilícitos de empresários do programa implantado no governo que ficou conhecido como Patrulhas do Campo, que falava sobre licitações fraudulentas para alugar máquinas e equipamentos. O problema revelado nas gravações é que os pagamentos não estavam sendo como o combinado e em uma das gravações Beto Richa fala do pagamento de um “tico-tico”, que era referente a valores pendentes e que não estavam sendo cumpridos regiamente.

O tempo passou mais uma vez, após cinco anos Beto se torna deputado federal pelo PSDB, alega a inocência nos processos por não ter nenhuma condenação até o momento e algumas das denúncias foram parar na justiça eleitoral. Quanto a Tony Garcia estava no ostracismo mas resolveu colocar o bico para fora ao conceder uma outra entrevista ao Portal 247.

DENÚNCIAS CONTRA MORO

FESTA DA CUECA, CHANTAGEM, TORTURA, COAÇÃO E MANIPULAÇÃO

Tony Garcia se ajusta perfeitamente a imagem de quem tenta transformar-se para a sociedade paranaense em verdadeiro herói, um Paladino da Justiça e não um co-participante dos crimes que denunciou e que por alguma razão teve seus interesses contrariados. Tão logo circulou a entrevista de Tony Garcia ao Portal 247, revelando detalhes dos serviços prestados à justiça, ele violou algumas das exigências do sigilo do acordo que ele deve ter recebido na época , mas isso será outra parte de um capítulo de agora em diante.Tony Garcia fica mais uma vez na mira por diversas ações praticada de forma negativa e que certamente vai pesar quando o mesmo buscar a cobrança desses  prêmios pela delação premiada e outros acordos.

TONY GARCIA TEM CREDIBILIDADE?

ENTREVISTA COM DETALHES

Segundo a matéria com detalhes da entrevista ao Portal 247 e publicada no Jornal JB, Tony, antes de se tornar a figura central da “Operação Lava Jato”, o ex-magistrado da 13ª Vara de Curitiba exercia o comando de uma organização criminosa especializada em tortura psicológica, coação de réus, manipulação de provas e testemunhos, e chantagem a instâncias judiciais superiores. Garcia não é um informante qualquer.                                                                                                                               Oriundo de uma família rica do estado, ele frequentava círculos de poder desde os vinte anos de idade, como revela, referindo-se a sua convivência com políticos e empresários de alto escalão. O empresário declara que Moro o converteu, mediante ameaças de detenção e multas pesadas, num agente a serviço de seus intentos mais abjetos. Dez anos antes do início da Lava Jato, Moro já tinha descoberto a forma de controlar as instâncias judiciais superiores, encarregadas da revisão e eventual anulação de suas decisões.                                                                                                                                                                            A tática utilizada por Moro pode ser resumida em uma palavra: chantagem.                                                                                                                                  Com o auxílio de Tony Garcia, o juiz obteve informações comprometedoras sobre desembargadores do TRF4 e do STJ. Ao invés de denunciar tais indivíduos ao Conselho Nacional de Justiça, utilizou os dados coletados para pressioná-los a agir em conformidade com seus interesses.                                                                                                                                                                                      “Eu sou o criminoso aqui?”, indaga o empresário várias vezes durante a entrevista ao canal 247, respondendo a agressões recentes feitas por Moro, após entrevista de Garcia a um órgão de imprensa. Ele reitera que, embora ciente do universo sombrio das altas esferas da política, nada se compara às práticas repugnantes, violentas, imundas de Sergio Moro e procuradores de Curitiba.                                                                                                                                                                                         Garcia relata que a conivência entre Moro e os procuradores da Lava Jato iniciou-se nos anos de 2000, ou mesmo antes. Membros do Poder Judiciário e do Ministério Público se uniram em Curitiba para tornar suas chantagens mais eficazes.

RECRUTADO POR MORO

Segundo Garcia, em duas ocasiões ele foi “recrutado” por Sergio Moro. Nesse aspecto, sua história se assemelha um pouco à de Alberto Yousseff, que também se tornou, duas ou mais vezes, um “agente” do juiz da Lava Jato.

O relato de Garcia apresenta um lado humano profundamente angustiante, envolvendo tortura psicológica e uma perseguição covarde, que durou décadas. O empresário admite, com emoção, que durante mais de vinte anos foi um “prisioneiro” de Sergio Moro.

Garcia era submetido a detenções indeterminadas, por semanas ou meses, além de ser alvo de multas elevadas, que ameaçavam o patrimônio de sua família.

O empresário narra que, uma década antes da Lava Jato, seus testemunhos a Moro eram continuamente manipulados pelo próprio juiz. Moro só aceitava revelações que se ajustassem à versão dos fatos que interessava à acusação, um procedimento que foi replicado na operação iniciada em 2014.

“Quando eu dizia algo que não estava de acordo com o que ele queria ouvir, conta Garcia, ele desligava o gravador, apagava o trecho e sugería que eu conversasse um pouco com meus advogados para reformular a história.

Moro continuamente ameaçava Garcia com novos castigos, caso não o obedecesse, e o coagia a não revelar nada para seus próprios advogados. Garcia logo compreendeu o jogo e, sentindo-se extremamente vulnerável, decidiu se tornar parte da trama nefasta de Moro.

REVELAÇÃO A GRABRIELA HARDT

Ele decidiu agora trazer à tona todas essas revelações devido às reviravoltas recentes em Curitiba, com a remoção do juiz Eduardo Appio e o retorno de Gabriela Hardt, “pau mandado de Moro”, nas suas palavras, à 13ª Vara. O empresário explica que, em 2021, ele decidiu prestar um depoimento completo e honesto à Hardt, relatando tudo o que sabia sobre as irregularidades e abusos de Moro e seus comparsas no Ministério Público. Entretanto, a juíza não apenas arquivou suas denúncias, como também demonstrou ser aliada daqueles que Garcia tinha denunciado, decidindo romper o “acordo” feito, anos antes, entre Garcia e a justiça. Garcia percebeu que, mesmo após vinte anos de submissão aos abusos de Moro, continuaria sendo prisioneiro, e que sua única chance de se emancipar seria expor tudo à imprensa.                                                  “O Brasil precisa saber o que aconteceu”, Garcia reiterou durante a entrevista, acrescentando que esses fatos permitiriam revisar a história recente do Brasil.Garcia admite que os reveses da Lava Jato, iniciados pelas revelações de conversas no Telegram entre procuradores, seguido pela liberdade de Lula, e consumados pela vitória eleitoral de 2022, lhe deram coragem para se libertar do medo.

FESTA DA CUECA

 Uma das histórias perturbadoras relatadas por Garcia diz respeito a uma “festa da cueca”, que contou com a participação de desembargadores e profissionais do sexo, em uma suíte presidencial de um renomado hotel em Curitiba. Um amigo advogado de Garcia teria gravado a presença das autoridades nessa festa. Moro soube dessa festa, através de um de seus “agentes”, e com a ajuda de Garcia, conseguiu localizar os vídeos no apartamento do advogado em São Paulo. Garcia relata que Moro confirmou ter encontrado o material. No entanto, os vídeos nunca foram anexados a qualquer processo, e Garcia suspeita que podem ter sido utilizados para chantagear desembargadores do TRF4.                                                                                   Outra revelação surpreendente de Garcia, em seu depoimento ao 247, trata de uma entrevista à Veja feita em 2006, cujo conteúdo foi combinado e forjado da maneira mais ignóbil. O repórter da Veja o abordou, lembra Garcia, com ameaças veladas e menções às autoridades de Curitiba. Garcia então liga para Sergio Moro, que o instrui a seguir as orientações do jornalista, respondendo o que ele precisava ouvir. Eram tempos de mensalão, e Garcia inventou um monte de histórias cabeludas contra José Dirceu, Lula e o Partido dos Trabalhadores. Essa entrevista até hoje consta no Wikipédia como “prova” do escândalo do mensalão. O testemunho surge em um momento oportuno, em virtude da recente instauração de um inquérito pelo Conselho Nacional de Justiça, que visa investigar os excessos e ilegalidades da Lava Jato de Curitiba.Garcia também trouxe detalhes obscenos de negociatas envolvendo a articulação do impeachment de Dilma Rousseff. O empresário pediu desculpas publicamente à ex-presidenta por ter participado dessas tramas.

DESCULPAS A DILMA ROUSSEFF

“ROSSONI PEDIU R$ 5 MILHÕES E ROEU A CORDA”!

Tony Garcia durante a entrevista pediu desculpas a Dilma por ter atuado no golpe de 2016 junto com Eduardo Cunha e caciques do PSDB. Segundo Garcia, em dezembro de 2015, ele atuou junto a seu amigo Eduardo Cunha, que presidiu a Câmara dos Deputados naquele período, para que fosse construído um acordo com lideranças do PSDB, incluindo nomes como Aécio Neves e Carlos Sampaio, para que o pedido de impeachment fosse aceito – o que ocorreu no dia 2 de dezembro de 2015. De acordo com Garcia, o acordo previa que, duas semanas depois, o PSDB blindaria Cunha na votação do conselho de ética da Câmara dos Deputados. Garcia revela, no entanto, que uma das peças-chave dessa trama, o então deputado paranaense Valdir Rossoni, roeu a corda porque não recebeu R$ 5 milhões para votar a favor de Cunha no Conselho de Ética – o que contribuiu para que o processo contra o ex-deputado fosse aberto. “Peço desculpas à ex-presidente Dilma Rousseff”, diz Tony Garcia, que diz que devia a verdade à sua família.

Tem certas coisas que realmente fica até difícil de acreditar e engolir que tanta sujeira rolou embaixo destas tramas em Brasília. O ex-deputado Valdir Rossoni, ex-presidente do PSDB/PR, aposentado politicamente em União da Vitória, volta à tona com mais uma mancha da imagem de político se realmente estas acusações tiverem comprovações, porque o denunciante é uma imagem de caráter duvidoso e perigoso. Para quem se prestou a diversos tipos de serviços em troca de benefícios de condenações a confiabilidade em um sujeito deste porte é totalmente nula.

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