A principal aliada dos projetos políticos da senadora Gleisi Hoffmann (PT),
a prefeita Regina Dubay (PR), foi avisada de que a prática do “Mensalinho”
na prefeitura de Campo Mourão era criminosa e poderia levá-la a prisão. A
informação é do vereador Olivino Custódio (PR), líder do Governo, em
pronunciamento na Câmara Municipal na última terça-feira (22).
Em entrevista à Tribuna do Interior, Custódio contou que foi expulso pela
prefeita do gabinete, quando tentou alertá-la da ilegalidade do esquema.
Segundo ele, a chefe do Executivo teve um colapso nervoso após ter sido
questionada sobre a arrecadação indevida. O vereador disse que a prefeita
mandou que “sumisse” de seu gabinete.
“Quando eu disse a ela que poderia dar cadeia ela criticou que não era
bandida e me mandou sair. Eu saí na hora e não voltei mais”, lembrou. O
esquema, que ficou conhecido em Campo Mourão como “Mensalinho”, foi
desbaratado pelo Grupo Especial de Atuação contra o Crime Organizado
(Gaeco) em fevereiro do ano passado.
Os réus e testemunhas do processo serão instruídos para o julgamento em
fevereiro de 2016. Ao todo, 12 servidores municipais envolvidos na denúncia
respondem por prática de associação criminosa e corrupção passiva.
Olivino falou que sua preocupação na época, além da ilegalidade das
doações, é que ainda presidia o partido PR, hoje sob o comando de Regina. O
vereador comentou que além de ter falado com a prefeita sobre o caso,
alertou também o próprio chefe de gabinete de Regina, Raimundo Machado, um
dos principais réus do caso “Mensalinho”, a consultar a secretaria estadual
do partido para a possibilidade de legalizar os repasses. Ele chegou a ir à
casa de Machado na tentativa de convencê-lo, mas diz que foi ignorado.
O vereador comentou que procurou também por duas vezes a Promotoria do
Patrimônio Público para delatar o caso, porém não conseguiu falar com o
promotor. “Fui em todo lugar porque eu não queria que envolvesse meu nome
já que tudo era em nome do partido, mas não estava legalizado”, argumentou.
“Eu era o presidente do partido e queria cuidar do meu nome”, emendou.
O vereador falou que após todas as tentativas frustradas de impedir o
prosseguimento do “Mensalinho” “lavou as mãos”. “Como já tinham tomado o
partido de mim fiquei esperando o caso estourar”, relatou Olivino, que
acusa Regina de ter “tomado” a presidência do partido dele após o início do
“Mensalinho”, motivo o qual teria culminado com a crise política entre os
dois.
Olivino disse ainda à TRIBUNA não ter dúvida de que Regina poderia e
deveria, na atribuição de seu cargo, ter impedido o “Mensalinho”. “Eu não
compartilho coisas erradas. Tenho vinte anos de política em Campo Mourão e
ninguém viu uma vírgula minha errada e não vai ver”, ressaltou.
As afirmações de Olivino comprometem ainda mais a situação de Regina
perante a Justiça, que já está sendo investigada pela Procuradoria Geral de
Justiça (PGJ) por suposta apropriação de bens e recursos públicos em
benefício próprio.
O vereador, que ocupou o mesmo palanque ao lado de Regina e foi seu braço
direito durante a campanha eleitoral, avisou que se for intimado a depor no
Gaeco após suas declarações “falará a verdade”. “Tenho que falar a verdade,
doa a quem doer.” Ele disse ainda que resolveu quebrar o silêncio sobre o
caso somente agora por toda perseguição sofrida pela administração com o
caso.
“Eu sempre sofri calado tentando arrumar as coisas”, disse, ao criticar que
em retaliação por ser contra o esquema, foi barrado pela prefeita de entrar
nas próprias secretarias municipais, espaços de acesso públicos.
“Disseram que eu não tinha direito de entrar na secretaria. Eu sou um
vereador e tenho a obrigação de fiscalizar. Eles tentaram me barrar em
todas as secretarias, mas não conseguiram”, argumentou, lembrando que
chegou a ser chamado de traidor por não concordar com o “Mensalinho”.
(foto Divulgação/CMCM)
*link da matéria*
http://www.itribuna.com.br/politica/2015/09/vereador-diz-que-prefeita-teve-acesso-de-raiva-e-que-reu-no-mensalinho-o-ignorou/1471028/