Youssef aponta elo de José Dirceu com lobista

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O doleiro Alberto Youssef disse nesta sexta-feira, em depoimento ao juiz
Sergio Moro, que o ex-ministro José Dirceu era “sócio” do lobista Julio
Camargo no uso de uma aeronave – um jatinho Citation Excel – e afirmou ter
recebido por mais de uma vez orientação do ex-diretor de Abastecimento da
Petrobras Paulo Roberto Costa para repassar dinheiro a políticos. Segundo
ele, os repasses, mesmo que disfarçados de doações eleitorais de campanha,
na verdade eram propina do esquema de corrupção instalado na Petrobras. As
informações são de Veja.

Youssef detalhou, por exemplo, que durante as eleições recebeu de Costa a
indicação para que pagasse 1 milhão de reais para a campanha ao Senado da
petista Gleisi Hoffmann, no Paraná, que fizesse “alguns pagamentos” ao
então deputado e ex-líder do governo na Câmara Cândido Vaccarezza e também
depósitos ao senador peemedebista Valdir Raupp (PMDB-RO). Os três políticos
citados já são alvo de inquérito.

O doleiro foi ouvido na tarde desta sexta-feira em Curitiba no processo em
que o ex-ministro José Dirceu é réu pelos crimes de corrupção, lavagem de
dinheiro e organização criminosa. Embora tenha afirmado que não teve
contato nem repassou dinheiro ao petista, Youssef disse que o lobista Julio
Camargo pagava propina aos ex-dirigentes da Petrobras Pedro Barusco e
Renato Duque e que tinha um “bom relacionamento” com PT. “Sei que ele
[Camargo] se relacionava com o José Dirceu, com o partido. Ele tinha um bom
acesso no PT”, explicou. Segundo o delator, Dirceu voava no jatinho de
Julio Camargo e o próprio lobista teria “deixado escapar” que “Dirceu era
sócio na aeronave”.

Youssef relatou um episódio em que ele e um contador de Camargo acertavam o
pagamento de propinas e, na planilha, havia referência a “Bob” como valores
de dinheiro sujo a serem enviados a José Dirceu. “Uma vez, batendo conta
com um funcionário do Julio, o Franco, apareceu na minha conta corrente um
débito escrito Bob. Ele [Julio Camargo] disse ‘realmente não é seu. É do Zé
Dirceu’. Em vez de ele debitar a conta corrente Bob, ele debitou a minha
conta corrente”, explicou. Os investigadores acreditam que Bob é uma
referência ao faz-tudo de Dirceu, Roberto Marques, também réu no petrolão.

Em seu depoimento, o delator também implicou o ex-tesoureiro João Vaccari
Neto no esquema de pagamento de propinas, situação confirmada pelo
ex-diretor Paulo Roberto Costa. “Tinha participação do João Vaccari Neto
nesse processo [de propina]. Ele, dito por várias pessoas dentro da própria
Petrobras e por empresas, era a pessoa que tinha um percentual dentro da
área de Serviços de arrecadação de recursos ilícitos. Tenho certeza que
tinha direcionamento para o PT”, relatou Costa, que também prestou
depoimento nesta sexta.

De acordo com ele, executivos como Rogério Araújo e Márcio Faria, ligados à
Odebrecht, e Ricardo Pessoa, da UTC Engenharia, “disseram que tinham
dinheiro para Vaccari”. Para o ex-dirigente da Petrobras, o pagamento
corriqueiro de propinas por parte de empreiteiras interessadas em obras com
a petroleira reflete o aparelhamento político na estatal. “Não há ninguém
que assumisse qualquer diretoria da Petrobras ou Eletrobras ou o que quer
que seja, talvez nas últimas décadas, se não tivesse apoio político. Todos
os diretores da Petrobras e todos os presidentes da Petrobras assumiram com
apoio político”, afirmou.

(foto: Vagner Rosário/Veja)

*link matéria*
http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/youssef-aponta-elo-de-dirceu-com-lobista

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