João Santana, marqueteiro do PT, e Odebrecht são alvo da Lava Jato

joao -gleisi

O publicitário João Santana, que encabeçou campanhas presidenciais
petistas, e a empreiteira Odebrecht são alvo da 23ª fase da Operação Lava
Jato, iniciada na manhã desta segunda-feira (22), intitulada “Acarajé”. A
Lava Jato investiga o esquema de corrupção na Petrobras. As informações são
de Flávio Ferreira, Bela Megale e João Pedro Pitombo na Folha de S. Paulo.

Há uma equipe da PF fazendo busca e apreensão no apartamento de João
Santana, em um prédio no Corredor da Vitória, em bairro nobre em Salvador.
Há mandado de prisão contra o marqueteiro, que foi responsável pelas
campanhas presidenciais de Lula (2006) e Dilma Rousseff (2010 e 2014). Ele
está na República Dominicana, onde trabalha na reeleição do presidente
Danilo Medina.

Houve buscas também na residência de Santana no condomínio Praia de
Interlagos, em Camaçari, na região metropolitana de Salvador.

No último dia 12, a Folha revelou que a Lava Jato investiga indícios de
pagamentos da Odebrecht ao marqueteiro das campanhas presidenciais em
contas no exterior.

Na semana passada, o juiz Sergio Moro negou acesso aos advogados do
marqueteiro aos autos da investigação sobre remuneração recebida pela
Odebrecht.

A empreiteira confirmou que seus escritórios de São Paulo, Rio de Janeiro e
Bahia são alvo de busca e apreensão da Polícia Federal.

Os mandados são cumpridos nos Estados da Bahia (Salvador e Camaçari), Rio
de Janeiro (Rio de Janeiro, Angra dos Reis, Petrópolis e Mangaratiba) e São
Paulo (São Paulo, Campinas e Poá). Cerca de 300 policiais federais cumprem
51 mandados judiciais, sendo 38 de busca e apreensão, dois de prisão
preventiva, seis de prisão temporária e cinco de condução coercitiva.

Ele também afirmou que trouxeram computadores apreendidos em junho com
arquivos criptografados para que eles fossem desbloqueados por
profissionais da empresa.

Todos os funcionários da Odebrecht foram dispensados. A polícia federal
está no prédio desde as 6h da manhã. Comunicado da empresa informou que
está à disposição das autoridades para colaborar com a operação em
andamento.

A construtora Odebrecht é uma das investigadas na operação e seus
executivos foram acusados de pagar R$ 138 milhões em propina para ser
contratada em oito obras da Petrobras

Marcelo Odebrecht, herdeiro e ex-presidente da Odebrecht, foi preso em
junho do ano passado e é um dos poucos empresários denunciados permanece
atrás das grades.

A fase “Acarajé” é a etapa da Lava jato que pode ter maior repercussão para
mandato de Dilma Rousseff, já que são investigados repasses da empreiteira
Odebrecht para Santana no exterior. Há no TSE (Tribunal Superior
Eleitoral)processo a respeito de eventuais recebimentos de recursos
ilícitos pela campanha da petista provenientes de empresas investigadas na
Lava Jato.

A Operação Lava Jato é a maior investigação sobre corrupção conduzida até
hoje no Brasil. Ela começou investigando uma rede de doleiros que atuavam
em vários Estados e descobriu a existência de um vasto esquema de
corrupção, envolvendo políticos de vários partidos e as maiores
empreiteiras do país.

*PAGAMENTOS*

A investigação de Santana na Lava Jato tem um de seus focos em valores
recebidos por Santana em 2014, quando ele fez as campanhas de Dilma, no
Brasil, e de José Domingo Arias, derrotado no Panamá –país onde a Odebrecht
tem forte atuação.

Logo após a publicação da reportagem, advogados do marqueteiro pediram
acesso à investigação junto à 13ª Vara Federal de Curitiba.

O juiz Moro, porém, negou o acesso dos advogados aos autos da investigação
alegando que a abertura dos dados ao publicitário poderia pôr em risco o
rastreamento de recursos financeiros ou mesmo levar à destruição de provas.

“Foram instauradas investigações que ainda tramitam em sigilo. Medida como
rastreamento financeiro demanda para sua eficácia sigilo sob risco de
dissipação dos registros ou dos ativos. Como diz o ditado, dinheiro tem
coração de coelho e patas de lebre”, escreveu o juiz.

Na negativa, Moro escreveu que o fato de “jornais e revistas terem
especulado” sobre a investigação não altera a necessidade de sigilo.

O magistrado provoca Santana: “Evidente, querendo, poderá o investigado
antecipar-se à conclusão da investigação e esclarecer junto à autoridade
policial seu eventual relacionamento com o grupo Odebrecht”.

*À DISPOSIÇÃO*

Em reação ao despacho de Moro, a defesa de João Santana protocolou neste
sábado (20) petição na qual informa que prestará depoimento tão logo seja
convocado.

A manifestação assinada pelos criminalistas Fábio Tofic Simantob e Débora
Gonçalves Perez aponta que Santana e a mulher dele, estão à disposição de
Moro e de outras autoridades “para prestar todos os esclarecimentos
necessários à descoberta da verdade”.

Na petição, os criminalistas afirmam que depoimentos de Santana e sua
mulher em caráter preliminar poderão “evitar conclusões precipitadas e
prevenir danos irreparáveis que costumam se seguir a elas, mormente porque
neste caso os prejuízos extrapolariam o conturbado cenário político
brasileiro, pois os peticionários estão hoje incumbidos da campanha de
reeleição do Presidente Danilo Medina, da República Dominicana”.

A defesa aponta que nem o fato de Santana e Moura estarem trabalhando fora
do Brasil “seria motivo impeditivo para o comparecimento, já que tão logo
agendado o depoimento –e não havendo incompatibilidade de agenda– os
peticionários se comprometem a comparecer independente de intimação
pessoal, a qual poderá ser feita na pessoa do advogado subscritor”.

Na foto João Santana com Gleisi Hoffmann, ex marqueteiro de campanha de Gleisi no Paraná.
*link matéria*
http://www1.folha.uol.com.br/poder/2016/02/1741802-policia-federal-inicia-23-fase-da-operacao-lava-jato.shtml

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