Em duro discurso com críticas aos anos de governo do PT, o ministro Gilmar
Mendes, fez votos de sucesso ao presidente da República em exercício,
Michel Temer, que participou da cerimônia de sua posse como presidente do
Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Sem mencionar o nome de Dilma Rousseff e do antecessor Lula, o ministro
afirmou que a atual crise impõe ao País um clima de sobressalto, “como se,
a cada manhã, os brasileiros se pusessem a postos para esperar o escândalo
da hora”.
“Olhando-se o mal engendrado conjunto formado por esse impressionante ciclo
de descalabros, de afrontas à nossa ordem constitucional, tão duramente
conquistada, e de ofensas à honra pessoal de cada cidadão, tem-se a viva
impressão de que nossa combalida República parece ter sido tomada de
assalto por empedernida trupe de insensatos”, disse.
O afastamento da presidente Dilma Rousseff pelo processo do impeachment
interrompe a hegemonia de 14 anos e meio do PT a frente do poder Executivo
federal. O novo presidente do TSE fez referência ao processo.
– Soubemos resistir bravamente a esse imenso e revolto mar de desmandos,
valendo-nos apenas de ferramentas legais, de modo que continuamos
persistentemente a consolidar nossas vitórias civilizatórias neste que já é
o mais longo período de normalidade institucional da República.
Com elogios à Operação Lava Jato, o ministro mencionou o escândalo do
mensalão, de 2005, e afirmou que, agora, o País “passa ao largo da inércia”
e que “não remanesce qualquer dúvida de que o País se reorientou,
guiando-se agora pelos ventos incontroláveis da participação cidadã”, em
referência às manifestações populares contra o governo Dilma.
“Os protestos vocalizados nas maiores manifestações populares já havidas
nesta parte do hemisfério, a reunir milhões de inconformados, mostraram ao
mundo que o Brasil, além de haver despertado da perversa mítica que o
transmudou em eterno país do futuro, afirma, aos brados e de olhos bem
abertos, que quer mudanças substanciais, e não promessas deslavadamente
mentirosas a revelarem atroz cinismo”, criticou.
*Chapa Dilma/Temer*
O ministro assume a Corte no momento em que tramitam quatro ações que
apontam irregularidades na chapa presidencial eleita em 2014, em que o
presidente em exercício configura como vice. Gilmar será provavelmente
responsável por conduzir o julgamento das ações, que podem resultar na
cassação do mandato do peemedebista e também de Dilma, caso ela não perca o
mandato pelo processo do impeachment.
“Este Tribunal, tenho repetido, não compactuará com qualquer tipo de
astúcia que conduza à mínima assimetria capaz de deslegitimar o processo
eleitoral, a exemplo dos abusos econômicos e políticos que tanto macularam
as últimas disputas, agora objeto de detida e rigorosa análise judicial”,
disse o ministro.
*Eleições*
Gilmar Mendes, que assume o TSE em ano de eleição municipal, disse que
“longa será a caminhada e árdua será a peleja” este ano, principalmente
diante das mudanças na legislação eleitoral, que barraram as doações
empresariais.
Ele chamou a alteração do modelo de financiamento de campanha de “salto no
escuro”. “Em síntese, a Justiça Eleitoral terá de testar, neste, que será o
maior dos sufrágios, modelo que, assentado em bases frágeis e pouco
realistas, não parece fadado ao sucesso”, afirmou.
Ele também criticou o corte no orçamento do TSE, justamente no ano em que
será realizado o “evento de maior afirmação democrática pátria”.
(foto: Nelson Junior)*link matéria*
http://www.diariodopoder.com.br/noticia.php?i=55706140886