A Curitiba lenta de Fruet

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artigo de Guilherme Barba:A Prefeitura de Curitiba continua com seu discurso de que vai baixar a
velocidade do centro para preservar vidas e não para faturar dinheiro com
multas. Soa muito estranho a afirmação da Prefeitura, já que antes de mais
nada, o cruzamento com maior número de acidentes de trânsito com morte de
Curitiba (24 de Maio com Doutor Pedrosa) não faz parte da “área calma” –
inclusive sequer tem radar. O segundo cruzamento com maior número de mortes
(Affonso Camargo com Mariano Torres) também não faz parte.

Mas vamos mais longe. De acordo com a Gazeta do Povo, de 2012 a 2014, 24
pessoas morreram em acidente de trânsito na tal “Área Calma” – nesse
período, 709 pessoas morreram em acidentes de trânsito em Curitiba (sendo
106 na região central). Ou seja, na região da Área Calma – que é bem grande
– aconteceram apenas 24% dos acidentes com morte da região central e
“orgulhosos” 3,3% dos acidentes com mortes em Curitiba nesse período. Não é
possível que não existam áreas mais relevantes para instalar radares ou
mexer na sinalização, velocidade e afins.

De toda forma, diminuíram a velocidade do centro (sem nenhuma consulta
pública, vale lembrar) e encheram de radar, mas ai conseguiram realizar
mais uma bobagem digna da atual gestão municipal. Para poder colocar esses
radares no centro, estão retirando de outras regiões, inclusive de áreas
com alta incidência de acidentes de trânsito, como o cruzamento da Avenida
João Gualberto com a Rua da Glória – extremamente próximo de estação-tubo
Maria Clara e do cruzamento com a Luiz Leão, que estão entre os 13 pontos
de maior incidência de acidente de trânsito com morte em Curitiba.

Poderíamos supor que a Área Calma não é só para diminuir as mortes, mas
também acidentes trânsito. Mas ai caímos em um outro cenário que também não
justifica essas mudanças e entupimento de radar, já que o Centro de
Curitiba é a região com maior número de mortes no trânsito, mas não é a
região com maior número de acidentes de trânsito (esse título fica com o
CIC – que curiosamente não recebe essa atenção da Prefeitura. Somado a
isso, o cruzamento com maior número de acidentes – não necessariamente
fatais – na cidade fica em outro extremo, na Victor Ferreira do Amaral com
a Linha Verde – desnecessário dizer que está completamente abandonada pela
atual gestão municipal).

A atual gestão da Prefeitura consegue a façanha de piorar cada vez mais o
trânsito da cidade. Pinta umas ciclofaixas em ruas estreitas (que inclusive
eu tenho certeza que não respeitam a distância de 1,5m entre ciclista e
carros), o que só facilita acidentes. O estado nas nossas vias é uma
vergonha, com buracos enormes em ruas de alta circulação (nos bairros a
situação consegue estar ainda pior). Aumentaram o preço da passagem de
ônibus o quanto puderam (inclusive com a façanha de aumentar 50% o preço do
domingueiro, um verdadeiro absurdo, bem como ignoraram determinação do
Tribunal de Contas que mandava baixar o preço da passagem). Estão
eliminando tudo quanto é vaga de estacionamento gratuita para colocar EstaR
(tenho a sensação de que se pudesse, colocariam EstaR até em estacionamento
privado) e agora inventam essa “área calma” que é só discurso de boas
intenções, mas que só tem o objetivo de arrecadar com multa. E, para
fechar, por duas vezes já houve greve geral que deixou a cidade
completamente sem ônibus por alguns dias. Honestamente, o único lado
positivo disso tudo é que 2016 está chegando!
*Guilherme Barba é jornalista e ex-servidor da prefeitura de Curitiba*
(foto: internet)

*link artigo*
http://edsonlaufilho.blogspot.com.br/2015/11/a-curitiba-lenta-de-fruet.html?m=1

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