Eleito prefeito de Cascavel com uma forte união de lideranças políticas e empresariais, Renato Silva já enfrenta algumas dificuldades com parte desses apoiadores, que pretendem mandar no seu governo.
A dificuldade maior, descrita em detalhes pelo radialista Valdomiro Cantini, que conhece como nenhum outro as minúcias dos bastidores da política local, acontece entre o Renato e o ainda prefeito Paranhos, e tem como ponto de atrito – para surpresa de zero pessoas – a escolha do secretariado.
Renato tem duas opções: nomear pessoas de sua confiança ou nomear pessoas da confiança do Paranhos. As consequências são tão obvias que é perda de tempo comentá-las.
Além da disputa política, porque qualquer criança sabe que dentro de quatro anos o Renato vai tentar a reeleição, e o adversário maior será o próprio Paranhos, quero citar outro aspecto, que diz muito sobre o caráter das pessoas citadas.
Durante quatro anos, Renato teve uma conduta impecável como vice-prefeito. Discreto, educado, cumpriu sua função de auxiliar o prefeito em todas as ocasiões em que foi convocado. Jamais apareceu onde não foi convidado, não deu palpites sem ser perguntado, enalteceu o prefeito em todos os momentos, apoiou a administração com lealdade absoluta. Além disso, venceu a disputa pela candidatura do grupo porque mostrou condições políticas e financeiras para fazer uma boa campanha.
Já o Paranhos tinha a aprovação muito alta, e o comando absoluto dos partidos, do grupo todo, formado por vereadores obedientes, lideranças comunitárias, entidades classistas atraídas por favorecimentos, a mídia abastecida com mais de 60 milhões de reais nos últimos anos. Algumas vantagens mais, e não são poucas.
MARIONETE II
Ao mesmo tempo em que coletou índices recordes de aprovação, Paranhos acumulou denúncias de malfeitos, prontamente abafadas pela mídia que não admitia que falassem mal de quem tão gentilmente escancarou as portas do cofre público. Os tubos do Ecopark, a compra do terreno do Atacadão, a tentativa de venda de TODOS os imóveis públicos não construídos, o aumento escandaloso do perímetro e mais algumas dezenas de malfeitos. Para coroar tudo, aparece o Evandro Roman com 128 matrículas de imóveis em nome do prefeito (50%) e de uma pessoa da sua família.
Renato Silva tem um nome a zelar, família honrada, patrimônio sólido honestamente constituído, e pretende sair da prefeitura limpo como está entrando. Precisa de uma equipe confiável, que coloque o seu nome à frente de qualquer outro companheiro, mesmo que esse tenha ajudado a ganhar a eleição.
Para concluir: tivesse o Paranhos uma boa base cultural, tivesse aprendido com as dificuldades que a vida lhe apresentou, em suma tivesse um mínimo de educação, e trataria o Renato com a mesmíssima lhaneza e civilidade que recebeu dele. Lealdade, apoio, respeito.
Mas seria pedir demais. Está feito um maluco tentando enfiar goela abaixo do Renato um monte de nomes da sua confiança, quem sabe até alguns daqueles que apoiaram as irregularidades acima citadas. Não se flagra que já deu para ele, teve mais do que ousou imaginar há poucos anos. Vida ganha, futuro garantido, centenas de imóveis, agora é só esperar prescrever a condenação do IPEM no TRF, e torcer para o Judiciário ignorar as provas que o Evandro Roman mostrou.
Eu conheço o Renato há muitas décadas. Não é de pegar com a unha. Quem achou que ia mandar na sua administração já está caindo do cavalo. Todo o controle que teve quando o Paranhos mandou que ele sumisse dos debates, todo o menosprezo que tiveram querendo ensiná-lo no programa eleitoral, era só até ganhar a eleição. Agora vai administrar do seu jeito, com apoio de um grupo da sua confiança.
LÍSIAS TOMÉ
Caso o excelente Miroslau Bailak não continue à frente da Secretaria de Saúde do município, o nome obvio, a indicação natural, é do ex-prefeito e ex-secretário de saúde Lísias Tomé.
Depois de uma ótima gestão da Secretaria na administração Salazar Barreiros, aprovada de forma quase unânime, Lisias foi levado pela população à cadeira de prefeito, em uma campanha sem gastos, sem grupos e sem vícios do passado.
Na prefeitura, deixou um ótimo legado, trazendo benefícios à população que permanecem até hoje: Samu, Polícia Federal, praças, e muitos eteceteras. Cometeu pecados que lhe custaram a reeleição: ouviu e nomeou os poucos que o apoiaram na campanha, ao invés de agradecê-los, servir um cafezinho e dar um abraço. Demorava para demitir secretários que brigavam publicamente. E esses pecados fizeram sua aceitação despencar, naquele momento.
Quando veio a pandemia, que no seu início assustava até médicos experientes, que relutavam em frequentar os hospitais por medo do contágio, Lisias entrou nas UTIs. e enfrentou o vírus de peito aberto, tratando, curando e confortando quando a doença vencia. A imprensa mostrou isso à população, e a recuperação de sua imagem foi como um rastilho de pólvora.
Caso Lísias não seja convidado, ou que não aceite, outro nome ventilado é o do Dr. Ildemar Canto, que também brilhou no cargo em um dos mandatos do Edgar Bueno.
ANDRÉ BUENO
Depois de um período sabático, o ex-deputado estadual André Bueno tem manifestado a disposição de disputar a eleição para voltar à Assembleia Legislativa. André prestou ótimos serviços ao Oeste, em especial à sua cidade, Cascavel, quando o então governador Beto Richa atendia todos os pedidos feitos pelo André e pelo pai, prefeito Edgar Bueno. Sua volta seria um importante reforço à nossa equipe de deputados, especialmente ao Márcio Pacheco e ao Gugu, que trazem obras e verbas do estado para o Oeste. Professor Lemos cuida mais dos seus professores e o Batatinha ainda não se sabe bem o que faz por lá.
A CABEÇA DO PORCO
No mundo chato atual, no período mais hipócrita da evolução dos costumes, com a resistência do “politicamente correto” em sumir das nossas vidas, a atitude do corintiano que jogou a cabeça do porco no campo, no jogo em que demos uma sova no Palmeiras, merece todos os aplausos. Não matou o porco, comprou no açougue do Mercadão de SP. Não agrediu ninguém, exceto o bom gosto. Fez uma brincadeira, e bem engraçada. Ganhando do Palmeiras a gente ri à toa, tem corintiano gargalhando até hoje. Até porque precisamos de muitas outras transgressões para animar o ambiente.
Lembrei de contar para vocês a origem do apelido “porco” para a torcida do Palmeiras.
Em 1969, o Corinthians jogou em Sorocaba, e na volta para São Paulo dois jovens jogadores, Lidu e Eduardo, viajando com um veículo próprio, se acidentaram e foram para o céu no auge de sua juventude. A regra da federação previa que, para substituir jogadores inscritos, durante a competição, era necessária a aprovação unânime dos clubes que disputavam o Paulistão. Apenas o Palmeiras votou contra, e o presidente do Corinthians disse que a atitude do Palmeiras foi porca, indecente. E foi mesmo. A torcida do Corinthians passou a chamar a torcida do Palmeiras, que nada tinha a ver com a atitude do seu presidente, de porcos. Estranhamente, eles aceitaram a pejorativa alcunha, e passaram a gritar Vai Porco quando o time entrava em campo. Assumiram o papel do presidente da época Delfino Facchina, este sim o porco de verdade.
Nesta terça, o Brasil vibrou com o massacre do Botafogo nos porcos. Como diria minha avó Josefina, foi um vareio. Meu pai diria que foi um churrio. Meu querido tio Jango diria que apanharam de relho. Eu não falo nada, só dou risada e acho que a única falha do Botafogo foi não jogar outra cabeça de porco neles.
NOTAS CURTAS
MADRIL: O policial Madril é um dos nossos melhores vereadores. Está tentando segurar o projeto que a Câmara quer votar, concedendo aumento para o prefeito, o vice, para os secretários municipais e para eles próprios, vereadores.
Aumento para vereadores, prefeitos e vices é coisa absolutamente normal. A Eliane Mendonça, uma das mais competentes profissionais da nossa imprensa, sugeriu pela CaTv que os aumentos para essas pessoas sejam dados no exato índice dos reajustes dados aos funcionários municipais concursados.
MADRIL II: Já para os secretários, eu acredito que o certo seria congelar os salários por muitos anos. Não têm voto, não batem cartão, e a sociedade tem que gastar uma nota preta para fiscalizar suas ações. O salário não importa muito para esse povo. Dia desses ouvi, por acaso, um deles rezando na Matriz, antes do anúncio definitivo do secretariado do Renato Silva: “Deus, não precisa me dar nada. Só me põe onde tem…”. Segura a votação, Madril!!
BOM PARA VIAJAR: A atuação do Haddad, que segue as ordens inteligentes do chefe Lula, levaram o real a ser a moeda mais desvalorizada do planeta, em setembro. As mesmas empresas de avaliação mostraram que o peso argentino foi a moeda que mais se valorizou em todo o mundo, no mesmo mês.
LEITORA FIEL: Dia desses fui surpreendido na Churrascaria Gandin por uma senhora de Foz do Iguaçu, chamada MARIA KSENIA, que disse me honrar com sua leitura toda semana neste IMPACTO PR., pela Internet. Fiquei agradecido e sensibilizado pela gentileza da Sra. Maria. Pensei que só minha mãe lia essa coluna, para me prestigiar….