Com medo do panelaço, Dilma desiste de discursar na TV no Dia do Trabalho

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Temendo novo panelaço pelo país, a presidente Dilma Rousseff (PT) não vai fazer o tradicional pronunciamento do 1º de Maio em cadeia nacional de rádio e TV. É a primeira vez que isso ocorre em seus dois mandatos. A petista decidiu falar à população por meio da internet. As informações são da Folha de S. Paulo.

Auxiliares da presidente aconselharam a ela que não fosse à TV enquanto a crise política e econômica não arrefecesse –o que, para eles, não acontecerá no curto prazo. Entre os que aconselharam Dilma a não fazer o pronunciamento estão o ex-presidente Lula, o marqueteiro João Santana e o ministro Edinho Silva (Comunicação Social).

Edinho disse nesta segunda (27) que Dilma “vai dialogar com trabalhadores, trabalhadoras pelas redes sociais. Em cadeia nacional, não”.
Ele negou que a decisão tenha relação com o panelaço que ocorreu durante a fala de Dilma no Dia da Mulher, em março. “Primeiro, é uma forma de valorizarmos outros modais de comunicação. Segundo, a presidente não precisa se pronunciar em cadeia nacional”, disse.

Segundo ele, Dilma “não teme nenhum tipo de manifestação da democracia”. “Ela já valorizou a rádio, valoriza todos os dias a comunicação impressa, valoriza a televisão, e ela resolveu dessa vez valorizar as redes sociais.” Segundo Edinho, não há ainda um “modelo” do pronunciamento a ser feito.

De acordo com o ministro, a decisão foi “coletiva” e “unânime” da coordenação política, que se reuniu nesta segunda-feira (27). Em entrevista em abril, ele havia dito que a petista não se assustaria com protestos contra sua administração.

Além do panelaço, Dilma está preocupada com o impacto dos atritos entre os presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na votação de projetos do ajuste fiscal. A presidente orientou sua equipe a não tomar partido na disputa e a tentar acalmar os ânimos dentro do Congresso.

Nesse sentido, Dilma afirmou nesta segunda, durante visita à cidade de Xanxerê (SC), que há uma “mania no Brasil de procurar conflito extraordinário onde não tem conflito extraordinário”. Buscando minimizar a briga entre os dois peemedebistas, ela disse serem naturais “diferenças de posição” numa democracia e que, por isso, “ninguém aqui tem de pensar igualzinho aos outros”.

Afirmou ainda que o importante “é que o PMDB integra a base do meu governo, o vice-presidente [Michel Temer] é do PMDB e, nesse sentido, o governo tem uma unidade”. Na semana passada, o Planalto escalou emissários para conversas com os dois lados. O temor é que, com o governo fraco, a guerra interna entre as duas figuras mais influentes do PMDB imponha mais derrotas à presidente.

O conflito entre Renan e Cunha esquentou depois que o senador sinalizou ser contra o projeto da terceirização aprovado na Câmara, indicando que a proposta não terá tramitação açodada no Senado. Principal responsável pela aprovação do projeto na Câmara, Cunha ameaçou, em reação, engavetar propostas vindas do Senado.

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