Os dois deputados federais que comandam a CPI dos Fundos de Pensão vão se
encontrar nesta segunda-feira (5) com o juiz federal Sergio Moro. O
presidente do grupo, Efraim Filho (DEM-PB), e o relator, Sérgio Souza
(PMDB-PR), viajam a Curitiba para trocar informações sobre investigados na
Operação Lava Jato que aparecem em investimentos suspeitos promovidos pelos
fundos. As informações são de André Gonçalves na Gazeta do Povo.
Há pelo menos quatro nomes que se cruzam nas duas apurações – o doleiro
Alberto Youssef; o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto; o vice-presidente
da empreiteira Engevix, Gerson de Mello Almada; e o lobista Milton
Pascowitch. Todos foram presos pela Polícia Federal (PF) por suposto
envolvimento com a corrupção na Petrobras.
Em 2010, a Engevix comprou em parceria com o Fundo de Previdência da Caixa
Econômica Federal (Funcef) o estaleiro Rio Grande, no Rio Grande do Sul, da
construtora WTorre. Almada informou em depoimento à PF que pagou US$ 120
milhões em propinas para Pascowitch em troca de contratos de US$ 3,4
bilhões do governo federal com o estaleiro.
Convocado pela CPI, Almada foi à Câmara Federal no último dia 22, mas usou
o direito de permanecer calado e não respondeu a perguntas dos deputados.
Confirmou, no entanto, que conhece Vaccari Neto e o presidente do Funcef,
Carlos Alberto Caser.
“O que nós estamos detectando é um mesmo processo de corrupção que se
espalhou por todas as áreas do governo”, diz Souza. “Onde tinha dinheiro,
havia indícios de corrupção e não foi diferente nos fundos de pensão.”
Vaccari, Youssef e Pascowitch também foram convocados para depor.
Instalada há dois meses, a CPI investiga movimentações dos quatro maiores
fundos de pensão de empresas estatais do Brasil, do período de 2003 a 2015.
Juntos, o Funcef, a Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do
Brasil (Previ), a Fundação Petrobras de Seguridade Social (Petros) e o
Instituto de Seguridade Social dos Correios e Telégrafos (Postalis) têm um
patrimônio estimado em R$ 400 bilhões.
Souza diz que a comissão está focada em cerca de 15 grandes investimentos
feitos pelos fundos. O paranaense cita, dentre eles, aportes bilionários
feitos na Sete Brasil, empresa criada na década passada para construir
sondas para exploração de petróleo. “Há coisas que não batem, como a Previ
ter aportado valores bem menores que os demais fundos. Trata-se de um
negócio bilionário que passou a ser uma atividade de risco”, descreve.
O peemedebista tem até 9 de dezembro para entregar o relatório final, mas
já antecipou que vai pedir mais 120 dias de prazo. Souza também informou
que vai propor alterações na legislação para evitar que gestores de fundos
condenados na esfera administrativa atuem no mercado. Sobre o desfecho das
investigações, disse que o principal objetivo é encerrar com o ambiente de
“caixa-preta” dos fundos. “Há muitos boatos e nossa missão é descobrir
quais deles são fatos.”