Dinheiro de empresa da Lava Jato pagou até motorista de Gleisi, aponta Moro

gleisi-gonçalves

O juiz federal Sergio Moro encaminhou nesta terça-feira (25) ao Supremo
Tribunal Federal (STF) os indícios de envolvimento da senadora Gleisi
Hoffmann (PT) e do ex-ministro Paulo Bernardo (PT) na Operação Lava Jato.
Segundo o despacho, parte do dinheiro repassado da Consist ao escritório do
advogado Guilherme Gonçalves foi usado para pagar despesas da senadora. Um
dos exemplos citados no despacho de Moro é o pagamento do salário de um
motorista de Gleisi. As informações são da Gazeta do Povo.

Reportagem da Gazeta do Povo, trouxe que documentos e controles apreendidos
no escritório de Gonçalves, que foi alvo de mandados de busca e apreensão
na 18.ª fase da Operação, mostram repasses da empresa Consist que podem ter
ligação com o pagamento de honorários de campanhas da petista.

Segundo os investigadores, Gonçalves era responsável por administrar o
“Fundo Consist”. De acordo com o despacho de Moro, uma planilha de
fevereiro desse ano apreendida no escritório de Gonçalves revela que no
“Fundo Consist, com crédito de R$ 50.078,00, foram efetuados diversos
lançamentos de débitos em favor da senadora e de pessoas ligadas a ela”.

Na planilha apreendida estão listados débitos como o pagamento de uma multa
relacionada ao nome de Gleisi, no valor de R$ 1,3 mil, e débitos
relacionados a Zeno Minuzzo – secretário de finanças do diretório estadual
do PT – e Hernany Mascarenhas – motorista.

Segundo os documentos apreendidos, “constam indícios de que o referido
Hernany era remunerado pelo Fundo Cosnist administrado por Guilherme
Gonçalves desde pelo menos outubro de 2011”.

*Fundo Consist*
De acordo com os investigadores, a Consist teria iniciado pagamentos de
vantagens indevidas depois da celebração de um acordo de cooperação entre o
Ministério do Planejamento, a Associação Brasileira dos Bancos (ABBC) e o
Sindicato das Entidades Abertas de Previdência Privada (Sinapp). O objetivo
do acordo era a disponibilização, pela internet, de serviços e sistema
informatizado de gestão de margem consignável em folha de pagamento.

Segundo Moro, há provas que revelam que “parte expressiva da remuneração da
Consist, cerca de 9,6% do faturamento líquido, foi repassada, por
solicitação de Alexandre Romano [operador, preso na 18.ª fase da Lava
Jato], ao advogado Guilherme Gonçalves, em Curitiba, que, por sua vez,
utilizou esses mesmos recursos para pagamentos associados à senadora da
República Gleisi Hoffmann [PT]”.

*Paulo Bernardo*
O ex-ministro Paulo Bernardo, marido de Gleisi, também aparece nas
anotações apreendidas no escritório de Gonçalves. De acordo com o despacho
de Moro, em um dos documentos apreendidos consta uma anotação de que “do
pagamento de R$ 50 mil de honorários pela Consist a Guilherme em
29/09/2011, ele teria acertado com o ex-ministro Paulo Bernardo (…) que
ficaria, desta feita, com todo o montante”.

Para Moro, a anotação indica que os valores não se tratavam de honorários
por serviços prestados por Gonçalves à Consist, já que o advogado
“precisaria de concordância de terceiro para lidar com honorários pagos
pela Consist”.

*Outro lado*
Em nota, a senadora Gleisi Hoffman (PT) afirmou que conhece o advogado
Guilherme Gonçalves há muito tempo e que em 2008 e 2010 foi advogado das
campanhas da senadora. “Em 2014 atuou como advogado das candidaturas
proporcionais da coligação pela qual fui candidata. A minha campanha foi
atendida pelo Dr. Luiz Fernando Pereira. Todo o trabalho do Dr. Guilherme
Gonçalves consta nas minhas prestações de contas, aprovadas pela Justiça
Eleitoral”, diz um trecho da nota. A senadora afirmou, ainda, que em
relação a campanha de 2014 ainda existe débito com o escritório, o que está
a cargo do PT. “Desconheço as relações contratuais que o Dr. Guilherme
Gonçalves mantém com outros clientes, assim como desconheço qualquer doação
ou repasse de recursos da empresa Consist a minha campanha”, afirmou Gleisi.

O advogado Guilherme Gonçalves informou que liberou acesso a todos os
arquivos referentes à empresa Consist e aguarda a decisão do Supremo
Tribunal Federal a respeito do assunto. Em nota, o advogado reforçou que
prestou serviços jurídicos para a Senadora Gleisi Hoffmann e também para a
empresa Consist Software, “conforme firmado em contrato e de forma lícita”.

O ex-ministro Paulo Bernardo não foi localizado para comentar o caso.

*Nova nota*
Em nova nota encaminhada, a assessoria de Gleisi esclarece que “Zeno
Minuzzo é dirigente do Partido dos Trabalhadores. Já ocupou vários cargos
na direção partidária. A relação da senadora Gleisi com Zeno é de
militância partidária.”. E aponta ainda que “Hernany Bruno Mascarenhas é
filiado ao Partido dos Trabalhadores e motorista do Dr. Guilherme
Gonçalves. Como a senadora conhece Guilherme há muito tempo, ele cedia seu
motorista quando a senadora não possuía escritório em Curitiba”.

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