Em bilhete, dono da Obebrechet ordena destruição de e-mail

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Investigadores apreenderam na carceragem da Polícia Federal, na manhã da
última segunda-feira, um bilhete que teria sido escrito pelo presidente da
empreiteira Odebrecht, Marcelo Odebrecht, preso na 14ª fase da Operação
Lava Jato. O papel que seria entregue a seus advogados foi encaminhado
pelos agentes aos delegados que coordenam as investigações. Nele, estava
escrito: “Destruir e-mails sondas”. As informações são da Folha de Londrina.

De acordo com a PF, uma das provas que pode comprovar o envolvimento de
Marcelo Odebrecht é uma troca de e-mails entre funcionários da empreiteira.
A mensagem em questão, datada de 2011, faz referência à colocação de
sobrepreço de US$ 25 mil por dia em contratos de afretamento e operação de
sondas usadas na exploração de petróleo no pré-sal. O e-mail foi escrito
por Roberto Prisco Ramos para Marcelo Odebrecth, e três outros executivos
da empresa: Fernando Barbosa, Márcio Faria e Rogério Araújo. Estes dois
últimos também estão presos na PF.

No ofício encaminhado a Moro o delegado Eduardo Mauat ainda afirma que os
advogados foram informados que, independentemente da posição deles, “havia
clara possibilidade” de ter havido orientação para a prática de conduta
estranha à relação advogado-cliente. Os advogados também teriam sido
avisados que deveriam entregar o bilhete original em 24 horas. Porém,
segundo Mauat, até a manhã de ontem eles não tinham atendido à solicitação.

Por meio de petição protocolada na Justiça Federal na terça-feira e tornada
pública somente ontem, os advogados argumentam que “as anotações não
continham o mais remoto comando para que provas fossem destruídas, e que a
palavra destruir foi empregada no sentido de desconstituir, rebater,
infirmar, a interpretação equivocada que foi feita sobre o conteúdo do
e-mail, as considerações do ilustre delegado que se seguiram fazem antever
a lastimável determinação de criar uma celeuma onde não existe”.

Augusto Botelho, um dos advogados de Marcelo Odebrecht, ressaltou que é
importante deixar claro que a defesa informou ainda na terça-feira o juiz
Sérgio Moro sobre os fatos que se passaram na carceragem. “Neste bilhete
havia uma série de pontos a serem esclarecidos na sua estratégia e tese
para impetração do habeas corpus. Dentre estes pontos a serem utilizados
havia menção a destruição de um e-mail que, nada mais é do que esclarecer o
conteúdo do e-mail, aniquilar a interpretação equivocada que a polícia deu.
Este e-mail serviu como base para pedido de prisão de Marcelo, então é
natural que este e-mail pudesse ser contestado através de recursos
judiciais”, disse.

Botelho ainda reforçou que “chega a ser infantil a alegação da PF de que
este bilhete constitui a prática de um crime”. “Muito pelo contrário, é uma
comunicação entre Marcelo e seus advogados elencando pontos a serem
utilizados em seu habeas corpus. Não faz sentido alguém mandar destruir um
e-mail que é público. Este e-mail faz parte do pedido de prisão e faz parte
da representação que a polícia fez para pedir a prisão de Marcelo”,
reforçou o advogado.

O juiz Sérgio Moro ainda não tinha se manifestado sobre o assunto até o
início da noite de ontem.

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