Hoje só teve arroz e feijão no bandejão. Esta é situação que os estudantes
da UFPR encontraram os restaurantes universitários do centro politécnico e
Jardim Botânico. Amanhã pode faltar comida. O RU central já está fechado
por conta da greve dos servidores das universidade. A pró-reitoria alega
atraso na renovação de contratos com as empresas que fornecem os alimentos,
mas segundo os estudantes, os problemas vêm desde o início do ano letivo.
Geralmente falta carne e parte dos dias, apenas arroz e feijão eram
servidos como aconteceu hoje.
Segundo a Frente de Estudantil do Paraná, os atrasos nos repasses e falta
de alimentos são reflexos do corte de verbas do Ministério da Educação
para as universidades como parte das medidas de ajuste fiscal do governo
Dilma Rousseff (PT). Os restaurantes universitários servem café da manhã,
almoço e janta como parte da política de assistência estudantil da
universidade. Só em Curitiba, são servidos cerca de 6,5 mil refeições no
almoço e duas mil refeições na janta diariamente, inclusive aos finais de
semana.
Segundo informações do sindicato dos trabalhadores em educação, que comanda
a greve dos técnicos na UFPR, UTFPR, IFPR e Unila, esse não é o único
reflexo dos cortes do governo federal nas universidades que afetam os
estudantes. No início do mês, houve atraso de 10 dias no pagamento das
bolsas de assistência estudantil na UFPR e apenas após uma manifestação dos
estudantes e servidores, a universidade se pronunciou através da
Pró-Reitoria de Assistência Estudantil dizendo que houve atraso no repasse
de verbas do MEC para a UFPR que geralmente eram depositados antes do
quinto dia útil do mês, mas nesse mês de junho só foi depositado no dia 15.
*Corte de verbas -* Como parte das medidas de ajuste fiscal do governo
Dilma, promovidas pelo ministro da Fazenda Joaquim Levy, afetou o orçamento
de todos os ministérios, no MEC não seria diferente. A pasta passou pelo
maior corte, cerca de R$ 7 bilhões, mas como as universidades tem autonomia
universitária garantida pela constituição,a disputa em cada universidade
têm sido em onde esses cortes se refletirão.
Em algumas os cortes foram feitos prioritariamente na assistência
estudantil, em outras nas condições de trabalho dos servidores, interrupção
na ampliação de vagas nas universidades, não pagamentos para fornecedores
privados como alimentação, água, luz e serviços terceirizados.
Em reposta a isso, os professores universitários e os servidores técnicos,
através do Andes, sindicato dos professores, e da Fasubra (Federação de
Sindicatos de Trabalhadores Técnico-Administrativos) estão mobilizando
ambas as categorias para uma greve nacional em todas as Ifes. No caso dos
servidores a greve já afeta 58 universidades, no caso dos professores
afetam apenas 23 das 63 universidades, mas de acordo com o Andes, muitas
universidades optaram por não fazer greve nesse momento para não
interromper o fechamento do semestre para não prejudicar os estudantes e a
previsão é que após o fim do semestre mais universidades irão aderir a
greve.