A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) resolveu sair da toca ou do limbo político em que se encontra desde que seu nome foi listado por receber dinheiro suspeito de empreiteiras envolvidas no escândalo do Petrolão. A petista, em artigo distribuído à imprensa, pede que o governador Beto Richa (PSDB) troque o disco numa tentativa de faturar com a greve dos professores e com o resultado da invasão, patrocinada por aliados do petismo, na Assembleia Legislativa.
Trata-se um movimento comum de Gleisi e seu maior aliado, o senador Roberto Requião (PMDB), num momento em que o governo do Paraná procura ajustar a sua máquina para recuperar, de forma mais rápida, sua capacidade de investimento. Esquece Gleisi que o governo Requião, do qual o PT, seu partido, fez parte, deixou mais de R$ 4 bilhões em dívidas com a falta de professores – e com salários defasado – nas salas de aula e de policiais nas ruas. A educação e a segurança foram sucateados pelo governo que o PT fez parte, apoiou e defendeu no legislativo. Foram oito anos, de 2003 a 2010, de um PT mudo e pianinho, posando com uma “faixa no rabo” nas palavras do próprio Requião.
O que poderia fazer o governador Beto Richa, o fez. Recuperou o salários dos professores com aumento de 60% contra 24% da inflação, contratou mais 30 mil professores e 10 mil policiais. Eram medidas essenciais para prestar um bom atendimento à população em duas áreas vitais. A contratação de professores e policiais, mais o reajuste dos salários do servidores em todas as áreas do funcionalismo público explica um pouco da situação em que o Estado se encontra. O que fez Gleisi? Em entrevista à jornalista Joice Hasselmann, a petista chegou a criticar os reajustes concedidos ao funcionalismo.
Esse não foi o único movimento de Gleisi. Guindada a Casa Civil, a petista fez pior. Trabalhou intensamente para prejudicar o Paraná. fez o que pode e o que não pode para barrar os empréstimos pleiteados pelo Estado e que dependiam da chancela da Secretaria do Tesouro Nacional e do governo federal. Eram recursos para obras de infraestrutura, saúde, família e projetos chaves do governo do Estado que, em muitas vezes, adiantou sua parte e ficou esperando a liberação dos empréstimos para saldar a outra parte do custo das obras.
Gleisi sentou em cima dos empréstimos e de outros recursos federais porque tinha um só objetivo: disputar e vencer as eleições estaduais de 2014. A petista veio com tudo só não contava com escândalos do assessor pedófilo, Eduardo Gaievski, e do coordenador de campanha, o então deputado André Vargas, flagrado em jatinhos alugado por doleiro e envolvido em outro escândalo maior que o mensalão: R$ 10 bilhões desviados da Petrobras e que hoje, conforme notícias da própria estatal, podem chegar a R$ 88 bilhões.
O Paraná rejeitou Gleisi e seus comparsas. A petista não chegou a 15% dos votos. Seu aliado, Requião, instado a ser um candidato acessório, fez mais que ela: 27,5% dos votos. Os dois perderam as eleições no Estado. Sua candidata, Dilma Rousseff (PT), também perdeu feio no Estado nos dois turnos.
Está aí também, na eleição presidencial, parte dos problemas enfrentados atualmente no Paraná. O PT e o governo federal escondiam dos brasileiros a real situação econômica do país. E assim do resultado as eleições no segundo turno vieram o arrocho e a realidade: a luz aumentou, a gasolina subiu, a inflação voltou, a produção de bens, consumos e serviços caiu. Ou seja, estamos vivendo uma época de recessão econômica e o que Dilma fez: mandou duas medidas provisórias ao Congresso cortando R$ 18 bilhões dos direitos dos trabalhadores.
E Gleisi fez alguma coisa? Claro que fez. Defendeu de forma veemente o pacote de Dilma no Senado assim como fez em 2014 quando articulou o trancamento da pauta de votação do novo indexador das dívidas estaduais no qual o Paraná pode economizar R$ 14 bilhões se o projeto for aprovado no Congresso. Gleisi trabalhou duro contra o projeto que atende os estados e municípios.
São esses alguns dos motivos que levaram o Paraná e a totalidade dos estados a tomar medidas de ajustes no seu orçamento, cortando despesas e outros tipos de custeio. A recessão e a queda da arrecadação é de agora, é recente, dos últimos seis meses, o que também conflui na queda de repasses de verbas federais como o FPE (Fundo de Participação dos Estados) e do FPM (Fundo de Participação dos Municípios) às cidades. Se o Estado não ajustar suas contas e despesas vai entrar num espiral de uma crise aguda, a qual já passa o país, sobrando a conta, como sempre, aos estados e municípios.
E que faz Gleisi. A petista tenta desviar o foco da barafunda de corrupção em que estão envolvidos o PT, grande parte do governo federal e seus principais aliados. Aliás, Gleisi tem mesmo que explicar os R$ 4,7 milhões recebidos das empreiteiras denunciadas no Petrolão e outro R$ 1 milhão não declarado na justiça eleitoral, conforme delatado por Alberto Youssef e Paulo Roberto Costa. É por isso que ela e Lula, entre outras lideranças do petismo, incentivam tanto os ataques aos governos adversários do PT. Gleisi quer o terceiro turno, mas seu mandato corre sério risco de ser interrompido já em março com a revelação da lista dos políticos envolvidos no Petrolão. Como já noticiado pela imprensa, o nome de Gleisi figura na lista.