Gleisi recebeu R$ 5 milhões das empreiteiras da Repar

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A cada detalhe revelado ou sentença judicial da Operação Lava Jato mais se
complica a situação da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) que já responde
inquérito por corrupção passiva qualificada no Supremo Tribunal Federal.
Desta vez é a condenação de ex-executivos da Camargo Correa – empreiteira
responsável pelas obras da Repar no Paraná. Em quatro campanhas (2206,
2008, 2010 e 2014), Gleisi recebeu R$ 5 milhões através de doações
suspeitas de sete empresas com serviços prestados na Refinaria Getúlio
Vargas em Araucária.

Nesta segunda-feira, 20, o juiz Sergio Moro condenou três ex-executivos da
Camargo Corrêa por crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e atuação em
organização criminosa referentes a superfaturamento e pagamento de propina
para obtenção de contratos de obras da refinaria no Paraná. Moro também
condenou dois delatores de Gleisi: o ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto
Costa e o doleiro Alberto Youssef. Eles terão devolver R$ 50 milhões aos
cofres públicos.

O grosso dos repasses das empreiteiras da Repar se concentrou nas campanhas
de 2008 (Gleisi disputou a prefeitura de Curitiba e perdeu) e de 2010 (ao
Senado). Em 2008, Gleisi recebeu R$ 1,1 milhão da Camargo Correa (R$ 500
mil), OAS (R$ 250 mil), UTC (R$ 250 mil) e Mendes Junior (R$100 mil). Em
2010, Gleisi recebeu mais 2,8 milhões da Camargo Correa (R$ 1 milhão), OAS
(R$ 780 mil), UTC (R$ 250 mil), Coesa (R$ 220 mil), Fujiwara (R$ 300 mil) e
IBQ Indústrias Químicas (R$ 250 mil).

Nota-se que 2008 e 2010 foram os anos de pico nas obras de ampliação da
Repar, suspeitas por superfaturamento e investigadas pelo TCU. As suspeitam
apontam desvios de R$ 85,9 milhões desviados das obras e metade desse
total, R$ 43 milhões, foram para engordar os cofres do PT. Na campanha de
2006 (a primeira tentativa ao Senado), Gleisi recebeu R$ 220 mil de duas
empreiteiras: OAS (R$ 100 mil) e UTC (R$ 100 mil). A UTC repassou mais R$
900 mil para a campanha de Gleisi em 2014 (derrotada ao governo do paraná).

*Dinheiro desviado da Repar*
*abasteceu PT e PP mostra*
*planilhas de Pedro Barusco*

Divulgadas em fevereiro deste ano, as planilhas do ex-gerente da Petrobras,
Pedro Barusco, revelam que pelo menos R$ 85,9 milhões foram desviados de
obras da refinaria Getúlio Vargas no Paraná para pagamento de propina.
Metade desse total, R$ 43 milhões, foi entregue ao PT. Os detalhes constam
da planilha com 87 contratos alvos de corrupção entregues à Justiça quando
Barusco fechou acordo de delação premiada.

Os três contratos da Repar que aparecem na planilha foram fechados entre
2009 e 2010, com os consórcios Skanska/Engevix, Conpar (Odebrecht, UTC e
OAS) e Interpar (Setal, Mendes Júnior e MPE). Eles somam, em valores
globais, R$ 5 bilhões. Organizado, o ex-gerente alimentava periodicamente a
tabela relacionando os contratos fechados com a estatal, o porcentual que
seria desviado, como o dinheiro seria dividido e o nome dos executivos
tratados como “contato” nas empresas.

No caso da Repar, os três contratos teriam tido o mesmo tipo de divisão. Do
total, 1% dos recursos iria para o ex-diretor Paulo Roberto Costa – que em
seguida dividia o dinheiro entre ele, o doleiro Alberto Youssef e políticos
do PP, segundo as investigações. O outro 1% seria dividido entre o PT.
Metade iria para João Vaccari Neto, tesoureiro do partido, e o restante
para a “Casa”, em uma referência à diretoria de Serviços da Petrobras,
comandada por Renato Duque, que foi indicado ao posto pelo PT, e pelo
braço-direito Barusco.

O documento de Barusco mostra contratos fechados entre 2003 e 2011,
compreendendo os dois governos do ex-presidente Lula e o primeiro ano de
mandato de Dilma Rousseff. Os acordos, no total, representam R$ 47,1
bilhões e US$ 12,9 bilhões.

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