Você se lembra do caso do motorista que foi aclamado como herói ao salvar 28 pessoas quando um ônibus perdeu os freios na BR-376? As imagens rodaram o país e impressionaram pelo sangue frio do condutor, que chegou a se apoiar em um caminhão para evitar o tombamento antes de acessar a área de escape. No dia em que o vídeo viralizou, ele foi celebrado como um exemplo de habilidade ao volante. No entanto, pouco depois, a história tomou um rumo inesperado: o motorista foi demitido por justa causa, gerando revolta e questionamentos nas redes sociais. Como um profissional tão experiente poderia ser dispensado dessa maneira?
Agora, a resposta veio à tona.
O jornal IMPACTO PR teve acesso ao laudo pericial que embasou a decisão da Justiça do Trabalho, confirmando que o acidente foi provocado pela imprudência do próprio condutor. De acordo com a análise, ele dirigia em velocidade inadequada para o trecho de serra e sobrecarregou o sistema de freios até que eles falhassem por superaquecimento. Diferentemente do que se especulava, não houve falha mecânica ou falta de manutenção, mas sim uma condução totalmente inadequada do veículo.
O laudo, assinado por três peritos, revelou:
– Os freios apresentavam sinais de fadiga térmica, indicando uso excessivo e prolongado pelo motorista.
– O sistema de telemetria e o tacógrafo registraram sucessivas frenagens ao longo do trajeto, evidenciando que o freio estava operando normalmente antes do incidente.
– O superaquecimento do tambor de freio reduziu a eficiência do sistema, mas essa falha foi consequência direta da forma como o veículo era conduzido.
A empresa, que sofreu grande desgaste de imagem na época, conseguiu comprovar que seus veículos passavam por manutenção rigorosa e que seus motoristas recebiam treinamentos frequentes de direção defensiva. No entanto, ficou evidente que o condutor ignorou essas orientações e adotou uma condução irresponsável, colocando em risco a vida de 28 pessoas. Ele admitiu que reduzia pra velocidade admitida no trecho, somente quando avistava um radar.
O caso, que inicialmente gerou comoção e simpatia, agora traz uma reflexão importante sobre responsabilidade no trânsito. Embora a habilidade do motoriosta tenha evitado uma tragédia maior, sua imprudência ao longo do percurso foi a verdadeira causa do acidente. Além disso, ensina que nem sempre as primeiras impressões refletem a realidade: a empresa, tão criticada na época, agiu corretamente.
Justiça feita!

ESTEVÃO ALVES DE JESUS.

